25/07/2024
Julho das Pretas: Mulheres negras unidas pela força e pelo sofrimento

Um dia para destacar as desigualdades, o sofrimento, a dor. Mas, principalmente, um dia para gritar ao mundo a força das mulheres negras, das indígenas, das oriundas de comunidades tradicionais.
O 25 de julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha. E, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando uma das principais mulheres, símbolo de resistência e importantíssima liderança na luta contra a escravidão. A data, reconhecida em 2014 por meio da lei 12.987, celebra essas mulheres e busca dar visibilidade às suas lutas.
Relatório elaborado pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR), divulgado em setembro passado, mostra um Brasil de maioria negra: 119,75 milhões de brasileiros e brasileiras ou 56% da população total. As mulheres negras são 60,6 milhões, 28% da população total.
De acordo com a Associação de Mulheres Afro, na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes. A parcela da população mundial que mais sofre com a pobreza, a desigualdade e a violência. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), dos 25 países com os maiores índices de feminicídio do mundo, 14 ficam na América Latina e no Caribe.
“Daí a importância dessa data”, ressalta o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar. “Em 1992, um grupo decidiu que era preciso se organizar para denunciar a exclusão que atinge essa gigantesca parcela da população em todo o mundo. Assim foi realizado o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. De lá para cá, no dia 25 de julho, eventos em diversos países discutem os problemas que atingem essas mulheres e formas de atacar essa desigualdade e injustiça social. Uma ação fundamental da qual o movimento sindical bancário se orgulha em fazer parte.”
“A iniciativa traz temas importantes e necessários relacionados à superação das desigualdades de gênero e raça, colocando a pauta e agenda política das mulheres negras em evidência. E tem promovido crescentes impactos em distintas esferas sociais. Essa data marca a resistência das mulheres negras contra o colonialismo, a escravidão e o racismo. Uma luta que é diária e deve envolver toda a sociedade, independente de gênero e etnia", acrescenta o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
Desigualdade racial e de gênero nos bancos
A data ganha ainda mais relevância diante da desigualdade racial e de gênero que ainda afeta o mercado de trabalho brasileiro de um modo geral, incluindo os bancos.
A remuneração média das bancárias negras (pretas e pardas) é 36% inferior (R$ 8.265) à dos bancários brancos do sexo masculino (R$ 12.884). Os dados do Ministério do Trabalho (Rais) e são relativos a 2022 e foram compilados pelo Dieese.
Para que as mulheres negras bancárias recebam a mesma remuneração que os homens brancos bancários, elas teriam que trabalhar mais 18 dias durante o mês, ou 48 dias.
O ano da bancária negra precisaria de mais sete meses para que a igualdade salarial fosse estabelecida.
Tal situação é também reflexo da menor participação das mulheres negras em cargos de liderança. Enquanto os homens brancos respondem por 39% dos cargos de liderança, as mulheres negras respondem por apenas 9,5%.
Vicentim lembra que a categoria bancária está em plena Campanha Nacional Unificada para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho e para a ampliação de direitos dos bancários e das bancárias. Trabalhadores reivindicam dos bancos a contratação de 30% de pessoas pretas, bem como políticas que visem a igualdade de oportunidades e de prevenção e combate à todas as formas de discriminação, incluindo racial e de gênero.
Mercado de trabalho no Brasil ainda mais desigual
Os números sobre remuneração no setor bancário refletem a desigualdade social e de gênero que ainda perduram no mercado de trabalho brasileiro. No primeiro trimestre de 2023, o rendimento médio de todos os trabalhos das mulheres negras foi estimado em R$ 1.948, o que representa uma alta de 2,6% em relação aos três meses imediatamente anteriores.
A quantia, contudo, é a menor entre os quatro grupos analisados pelo levantamento. As mulheres negras recebiam apenas 48% (menos da metade) do que os homens brancos e amarelos ganhavam em média com o trabalho no primeiro trimestre deste ano (R$ 4.078).
É o que indica um estudo da economista Janaína Feijó, pesquisadora do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). O estudo foi construído a partir de microdados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esta discrepância salarial entre homens e mulheres é resultado de uma sociedade que ainda sofre com o machismo estrutural e que viveu durante mais de 300 anos sob regime de escravidão, o qual foi abolido há apenas 136 anos. Esta é apenas uma realidade que reforça a importância das políticas afirmativas, como a ampliação das cotas nas universidades e no serviço público a fim de combater a desigualdade racial e de gênero, e o respeito à lei que assegura igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens.
"É preciso trazer para a discussão o reconhecimento da cultura e da luta da população negra, sobretudo das mulheres negras, da sua importância para construção do nosso país, possibilitando que outras pessoas possam hoje lutar para ocupar outros espaços e para que não sofram pela falta de acesso a políticas públicas que tragam dignidade, trabalho, saúde, mobilidade urbana, etc. Estamos em pleno século XXI e não podemos mais permitir que as mulheres negras ainda sejam inferiorizadas pelo seu gênero e cor. Não podemos permitir que ainda tenhamos que conviver com o preconceito racial", acrescenta o presidente do Sindicato, Roberto Vicentim.
O 25 de julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha. E, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando uma das principais mulheres, símbolo de resistência e importantíssima liderança na luta contra a escravidão. A data, reconhecida em 2014 por meio da lei 12.987, celebra essas mulheres e busca dar visibilidade às suas lutas.
Relatório elaborado pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR), divulgado em setembro passado, mostra um Brasil de maioria negra: 119,75 milhões de brasileiros e brasileiras ou 56% da população total. As mulheres negras são 60,6 milhões, 28% da população total.
De acordo com a Associação de Mulheres Afro, na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes. A parcela da população mundial que mais sofre com a pobreza, a desigualdade e a violência. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), dos 25 países com os maiores índices de feminicídio do mundo, 14 ficam na América Latina e no Caribe.
“Daí a importância dessa data”, ressalta o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar. “Em 1992, um grupo decidiu que era preciso se organizar para denunciar a exclusão que atinge essa gigantesca parcela da população em todo o mundo. Assim foi realizado o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. De lá para cá, no dia 25 de julho, eventos em diversos países discutem os problemas que atingem essas mulheres e formas de atacar essa desigualdade e injustiça social. Uma ação fundamental da qual o movimento sindical bancário se orgulha em fazer parte.”
“A iniciativa traz temas importantes e necessários relacionados à superação das desigualdades de gênero e raça, colocando a pauta e agenda política das mulheres negras em evidência. E tem promovido crescentes impactos em distintas esferas sociais. Essa data marca a resistência das mulheres negras contra o colonialismo, a escravidão e o racismo. Uma luta que é diária e deve envolver toda a sociedade, independente de gênero e etnia", acrescenta o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
Desigualdade racial e de gênero nos bancos
A data ganha ainda mais relevância diante da desigualdade racial e de gênero que ainda afeta o mercado de trabalho brasileiro de um modo geral, incluindo os bancos.
A remuneração média das bancárias negras (pretas e pardas) é 36% inferior (R$ 8.265) à dos bancários brancos do sexo masculino (R$ 12.884). Os dados do Ministério do Trabalho (Rais) e são relativos a 2022 e foram compilados pelo Dieese.
Para que as mulheres negras bancárias recebam a mesma remuneração que os homens brancos bancários, elas teriam que trabalhar mais 18 dias durante o mês, ou 48 dias.
O ano da bancária negra precisaria de mais sete meses para que a igualdade salarial fosse estabelecida.
Tal situação é também reflexo da menor participação das mulheres negras em cargos de liderança. Enquanto os homens brancos respondem por 39% dos cargos de liderança, as mulheres negras respondem por apenas 9,5%.
Vicentim lembra que a categoria bancária está em plena Campanha Nacional Unificada para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho e para a ampliação de direitos dos bancários e das bancárias. Trabalhadores reivindicam dos bancos a contratação de 30% de pessoas pretas, bem como políticas que visem a igualdade de oportunidades e de prevenção e combate à todas as formas de discriminação, incluindo racial e de gênero.
Mercado de trabalho no Brasil ainda mais desigual
Os números sobre remuneração no setor bancário refletem a desigualdade social e de gênero que ainda perduram no mercado de trabalho brasileiro. No primeiro trimestre de 2023, o rendimento médio de todos os trabalhos das mulheres negras foi estimado em R$ 1.948, o que representa uma alta de 2,6% em relação aos três meses imediatamente anteriores.
A quantia, contudo, é a menor entre os quatro grupos analisados pelo levantamento. As mulheres negras recebiam apenas 48% (menos da metade) do que os homens brancos e amarelos ganhavam em média com o trabalho no primeiro trimestre deste ano (R$ 4.078).
É o que indica um estudo da economista Janaína Feijó, pesquisadora do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). O estudo foi construído a partir de microdados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esta discrepância salarial entre homens e mulheres é resultado de uma sociedade que ainda sofre com o machismo estrutural e que viveu durante mais de 300 anos sob regime de escravidão, o qual foi abolido há apenas 136 anos. Esta é apenas uma realidade que reforça a importância das políticas afirmativas, como a ampliação das cotas nas universidades e no serviço público a fim de combater a desigualdade racial e de gênero, e o respeito à lei que assegura igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens.
"É preciso trazer para a discussão o reconhecimento da cultura e da luta da população negra, sobretudo das mulheres negras, da sua importância para construção do nosso país, possibilitando que outras pessoas possam hoje lutar para ocupar outros espaços e para que não sofram pela falta de acesso a políticas públicas que tragam dignidade, trabalho, saúde, mobilidade urbana, etc. Estamos em pleno século XXI e não podemos mais permitir que as mulheres negras ainda sejam inferiorizadas pelo seu gênero e cor. Não podemos permitir que ainda tenhamos que conviver com o preconceito racial", acrescenta o presidente do Sindicato, Roberto Vicentim.
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