25/03/2019

Fracasso chileno inspira reforma da Previdência de Bolsonaro

 


Na última quinta-feira (21), ao chegar para sua visita ao Chile o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o modelo de capitalização individual da previdência chilena, implantado pela ditadura de Augusto Pinochet nos anos 1980, inspira sua proposta de reforma da Previdência. "Nós é que estamos com a bola na mão lá [no Brasil], nós é que temos que resolver nossa Previdência. Pelo que sei, aqui [no Chile] está totalmente controlada situação, nós é que temos problemas", declarou o presidente.

O presidente não mentiu ao citar o modelo chileno como inspiração da sua proposta de reforma da Previdência, porém omitiu as consequências desastrosas desse modelo para a população chilena, que hoje frequentemente realiza grandes manifestações (foto acima) contra o sistema previdenciário de capitalização individual.

O modelo de capitalização individual, que no Brasil é o grande presente do Paulo Guedes aos banqueiros, empobreceu a população idosa do Chile. Hoje, 80% dos aposentados chilenos ganham menos de um salário mínimo do país e 44% vivem abaixo da linha da pobreza. Além disso, a taxa de suicídio de idosos acima dos 80 anos no Chile é a maior da América Latina e uma das maiores do mundo.

O Brasil tem uma grande vantagem em relação ao Chile para não tomar o mesmo caminho que eles tomaram em relação ao sistema previdenciário. o país tem o exemplo do fracasso da capitalização chilena. Um triste espelho do futuro, da vida da população idosa, caso a reforma da Previdência for aprovada. Por isso, é fundamental uma mobilização permanente contra a reforma, que coloca toda a responsabilidade pela aposentadoria nos trabalhadores, isentando patrões e o Estado de qualquer contribuição.

De acordo com o economista chileno Andras Uthoff, a capitalização transformou os adultos chilenos de classe média em idosos pobres.

“Quando a reforma foi implantada, prometia-se uma aposentadoria de 70% da média do salários que a pessoa recebera durante a vida ativa. Hoje em dia, as taxas de reposição são em média de 35%. Quer dizer que a renda dessas pessoas diminuiu 65%, é uma mudança muito grande. Você vive a vida de trabalhador como classe média. Ao sair dela, se torna pobre”, declarou o economista em entrevista à Carta Capital.
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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