14/07/2025

Movimento sindical dá boas-vindas a formandas de curso ligado ao projeto "Mais mulheres na TI"

Aconteceu, na última quinta-feira (10), a formatura de 475 mulheres do curso "Eu ProgrAmo", turma Análise de Dados, oferecido pela PrograMaria. A iniciativa é uma conquista do movimento sindical bancário, da última Campanha Nacional Unificada, na qual a categoria conquistou na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) o compromisso dos bancos de oferecer bolsas de estudos para que mulheres possam se profissionalizar nas áreas da Tecnologia da Informação (TI).

"Esses programas são mais do que ações de capacitação. São instrumentos de justiça social, criados para enfrentar as desigualdades estruturais que afastam as mulheres — especialmente as mulheres negras, trans, PCDs e periféricas — do setor tecnológico", declarou Fernanda Lopes, secretária da Mulher da Contraf-CUT, representando o Comando Nacional dos Bancários, durante seu discurso na cerimônia de formatura do curso, que ocorreu de forma online.

"Hoje é um dia de celebração. Estamos aqui para compartilhar com orgulho o resultado de uma luta sindical concreta, construída com persistência, diálogo e compromisso com a transformação social. Após muita insistência na mesa de negociação com os bancos, conquistamos um avanço histórico: garantir maior oportunidade para mulheres na área de Tecnologia da Informação", disse ainda a dirigente.
 

Mais mulheres na TI

Em 2024, durante a Campanha Nacional Unificada para a renovação da CCT, o Comando Nacional dos Bancários conquistou, dos bancos, o compromisso de investirem em bolsas de estudos voltadas para mulheres na TI.

Com isso, foram criadas as cláusulas 100 e 101, na CCT, para a concessão de 3.000 bolsas de estudos de formação de mulheres em programação, na escola PrograMaria, e outras 100 bolsas de formação avançada para mulheres em tecnologia, na escola Laboratória.

Ainda durante a cerimônia da recente formatura, Fernanda Lopes ressaltou dados que mostram a diversidade atingida na turma de 475 mulheres que receberam o diploma na PrograMaria:
 
  • 67% das alunas formadas são mulheres pretas e pardas;
  • 33% fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+;
  • 9,4% são pessoas trans;
  • 29% são mães ou responsáveis;
  • 40% vivem em zonas periféricas; e
  • 14,5% são pessoas com deficiência.

Em termos geográficos:
 
  • 25% das alunas vieram dos Estados do Nordeste;
  • 5% da região Norte;
  • 5% do Centro-Oeste;
  • 7,5% do Sul; e
  • 57,5% do Sudeste.

Por que mais mulheres na TI: cenário do setor

Ao longo da Campanha Nacional dos Bancários e Bancárias de 2024, o movimento sindical identificou a queda na contratação de mulheres no setor, enquanto há um fenômeno de aumento de contratação nos bancos nas áreas de TI.

“Estamos num período marcado por transformações profundas, em que a digitalização vem modificando tanto a indústria quanto o setor de serviços, e o ramo financeiro não está fora desse cenário. Contudo, é preciso ressaltar que as profissionais seguem sendo minoria nas carreiras ligadas à tecnologia, resultado de desigualdades históricas e de uma cultura que privilegiou os homens nesse segmento. Por isso, nossa luta é para que as instituições financeiras direcionem recursos e programas que assegurem a qualificação e a inserção das mulheres nesse universo, abrindo espaço para que elas tenham presença e voz nesse campo estratégico”, explicou o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.

A dirigente da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, completa que a ampla concorrência pelos cursos, assim que foram anunciadas as bolsas de estudos, revelou que existe uma demanda clara de mulheres que se interessam pela área, mas que não tiveram, antes, oportunidade ou espaço acolhedor para seguirem seus sonhos.

Uma pesquisa divulgada pela Brasscom, com dados de 2023, apontou que as mulheres ocupam 39% dos empregos no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Já o levantamento, realizado pelo Serasa Experian, de março de 2024, e que fez um recorte apenas para a área de Tecnologia da Informação (TI), revelou que a representação feminina neste setor é de apenas 0,07% - correspondendo a 69,8 mil profissionais do país.

No setor bancário, um estudo do Dieese aponta que, em 2012, a proporção de profissionais de TI nos bancos privados era de 5,1% do total de trabalhadores bancários. Em 2023, essa participação saltou para 12,0%. No entanto, a proporção de mulheres nas ocupações de TI apresentou queda no mesmo período, passando de 31,9% em 2012 para 25,2% em 2023, o que significa que para cada quatro trabalhadores de TI, apenas um é mulher.

 
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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