26/10/2023
UNI Américas debate sobre influências da tecnologia no sistema financeiro

Os assessores técnicos da Asociación de Bancarios del Uruguay (AEBU), Aníbal Peluff e Soledad Giudice, foram os responsáveis por contribuir com as reflexões sobre “A Tecnologia e o Trabalho no Sistema Financeiro”, tema da primeira mesa de debates do Fórum Internacional sobre a Digitalização Financeira, realizado pela UNI Américas Finanças, e que reúne trabalhadores do ramo financeiro de diversos países da América Latina no auditório da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em São Paulo.
Peluff explicou que a economia digital é composta pelas infraestruturas de telecomunicações, pelas indústrias TIC (abreviação para Tecnologia da Informação e Comunicação, que incluiu produção de software, hardware e serviços no setor)) e pela rede de atividades econômicas e sociais facilitadas pela Internet, pela computação em nuvem e pelas redes móveis, sociais e de deteção remota. E, para ele, apesar de existirem novas características, as relações de produção não foram alteradas. “Os objetivos continuam sendo a maximização dos lucros, com aumento da capacidade de produção e redução da mão de obra”, disse.
Soledad Giudice reforçou que os bancos não estão preocupados com os trabalhadores ou questões sociais e se preocupam apenas com a rentabilidade. “É importante ressaltar que não existe neutralidade das empresas. A decisão de como utilizar a tecnologia é tomada tendo como preocupação a lucratividade. E, neste ponto, as organizações sindicais têm mais relevância”, disse a técnica da AEBU se referindo à luta em defesa dos trabalhadores e da melhoria das condições de trabalho.
Digitalização
Dados do último informe da Global Findex, divulgado em 2021, revelam que, de 2011 a 2021, passou de 51% para 76% o percentual da população mundial que possui contas bancárias. O levantamento mostra ainda que os pagamentos digitais, se converteram em um importante facilitador para a inclusão financeira, tendência que foi impulsionada pela pandemia de covid-19.
“As ferramentas tecnológicas têm sido fundamentais para o processo de digitalização do sistema financeiro, principalmente a inteligência artificial, que aliada à exploração dos chamados ‘big data’, permite a utilização de bases de dados de grande dimensão na estratégia comercial, que antes eram realizados, principalmente pelo atendimento nas agências”, disse Aníbal Peluff.
Falta de regulamentação
O processo acelerado da digitalização do sistema financeiro traz benefícios, mas também problemas para os trabalhadores e para a sociedade como um todo. Na abertura do fórum, a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, destacou a tempestividade do debate, justamente no momento que as tecnologias impactam a sociedade e as relações de trabalho. “Não podemos negar os benefícios que a tecnologia traz para as pessoas. Aqui no Brasil, por exemplo, o PIX (sistema eletrônico utilizado para pagamentos e transferência de recursos) já é uma realidade na sociedade. Todo mundo o utiliza. O sistema é aceito até por vendedores ambulantes”, disse. “Mas houve uma transferência de risco e de responsabilidades para as pessoas que ‘carregam o banco no celular’”, completou Juvandia ao ressaltar que os números mostram que houve uma redução do número de assaltos a bancos, mas um grande aumento dos sequestros relâmpagos e fraudes/golpes digitais. “E, para a categoria bancária, o maior problema é a redução dos postos de trabalho”, observou.
Para Juvandia, a falta de regulamentação dos bancos digitais também pode causar um grande problema para a sociedade como um todo. “Eles têm nome de banco, atuam como banco, mas não são regulamentados como banco. Isso nos traz um grande desafio, não apenas no que se refere à questão trabalhista, mas também pela possibilidade desta falta de regulamentação gerar uma grande crise financeira devido à falta de controle da operação destes bancos digitais, que em alguns casos já são maiores do que alguns dos grandes bancos tradicionais”, reforçou ao lembrar que, em 2008, a falta de regulamentação do sistema financeiro nos Estados Unidos gerou uma crise de proporção mundial.
Impactos ao meio ambiente
Peluff observou também que a economia digital causa sérios impactos ao meio ambiente. “Embora não seja tão óbvio, há um grande desperdício de recursos naturais, como a água e minerais como o lítio. E, como este consumo fica meio que invisível e intangível, é um grande problema pouco discutido”, disse.
Papel dos sindicatos
Os técnicos da AEBU propõem que sindicatos aprofundem o debate sobre os impactos da introdução acelerada da tecnologia na sociedade, introduzindo conceitos de justiça e ética na incorporação tecnológica.
Para eles, a negociação coletiva é fundamental para moldar a incorporação tecnológica, o uso de algoritmos, a definição de sistemas e metas de avaliação de desempenho, assim como a abordagem dos impactos diretos nas condições de trabalho e programas de saúde.
Por fim, recomendam que as formas de organização sindical sejam repensadas, com uso das novas tecnologias para o fortalecimento da comunicação com os trabalhadores, mas também em termos de estrutura, ampliando a pluralidade e adaptando o movimento às transformações do mercado de trabalho no setor.
> Veja os slides da apresentação dos técnicos da AEBU.
Peluff explicou que a economia digital é composta pelas infraestruturas de telecomunicações, pelas indústrias TIC (abreviação para Tecnologia da Informação e Comunicação, que incluiu produção de software, hardware e serviços no setor)) e pela rede de atividades econômicas e sociais facilitadas pela Internet, pela computação em nuvem e pelas redes móveis, sociais e de deteção remota. E, para ele, apesar de existirem novas características, as relações de produção não foram alteradas. “Os objetivos continuam sendo a maximização dos lucros, com aumento da capacidade de produção e redução da mão de obra”, disse.
Soledad Giudice reforçou que os bancos não estão preocupados com os trabalhadores ou questões sociais e se preocupam apenas com a rentabilidade. “É importante ressaltar que não existe neutralidade das empresas. A decisão de como utilizar a tecnologia é tomada tendo como preocupação a lucratividade. E, neste ponto, as organizações sindicais têm mais relevância”, disse a técnica da AEBU se referindo à luta em defesa dos trabalhadores e da melhoria das condições de trabalho.
Digitalização
Dados do último informe da Global Findex, divulgado em 2021, revelam que, de 2011 a 2021, passou de 51% para 76% o percentual da população mundial que possui contas bancárias. O levantamento mostra ainda que os pagamentos digitais, se converteram em um importante facilitador para a inclusão financeira, tendência que foi impulsionada pela pandemia de covid-19.
“As ferramentas tecnológicas têm sido fundamentais para o processo de digitalização do sistema financeiro, principalmente a inteligência artificial, que aliada à exploração dos chamados ‘big data’, permite a utilização de bases de dados de grande dimensão na estratégia comercial, que antes eram realizados, principalmente pelo atendimento nas agências”, disse Aníbal Peluff.
Falta de regulamentação
O processo acelerado da digitalização do sistema financeiro traz benefícios, mas também problemas para os trabalhadores e para a sociedade como um todo. Na abertura do fórum, a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, destacou a tempestividade do debate, justamente no momento que as tecnologias impactam a sociedade e as relações de trabalho. “Não podemos negar os benefícios que a tecnologia traz para as pessoas. Aqui no Brasil, por exemplo, o PIX (sistema eletrônico utilizado para pagamentos e transferência de recursos) já é uma realidade na sociedade. Todo mundo o utiliza. O sistema é aceito até por vendedores ambulantes”, disse. “Mas houve uma transferência de risco e de responsabilidades para as pessoas que ‘carregam o banco no celular’”, completou Juvandia ao ressaltar que os números mostram que houve uma redução do número de assaltos a bancos, mas um grande aumento dos sequestros relâmpagos e fraudes/golpes digitais. “E, para a categoria bancária, o maior problema é a redução dos postos de trabalho”, observou.
Para Juvandia, a falta de regulamentação dos bancos digitais também pode causar um grande problema para a sociedade como um todo. “Eles têm nome de banco, atuam como banco, mas não são regulamentados como banco. Isso nos traz um grande desafio, não apenas no que se refere à questão trabalhista, mas também pela possibilidade desta falta de regulamentação gerar uma grande crise financeira devido à falta de controle da operação destes bancos digitais, que em alguns casos já são maiores do que alguns dos grandes bancos tradicionais”, reforçou ao lembrar que, em 2008, a falta de regulamentação do sistema financeiro nos Estados Unidos gerou uma crise de proporção mundial.
Impactos ao meio ambiente
Peluff observou também que a economia digital causa sérios impactos ao meio ambiente. “Embora não seja tão óbvio, há um grande desperdício de recursos naturais, como a água e minerais como o lítio. E, como este consumo fica meio que invisível e intangível, é um grande problema pouco discutido”, disse.
Papel dos sindicatos
Os técnicos da AEBU propõem que sindicatos aprofundem o debate sobre os impactos da introdução acelerada da tecnologia na sociedade, introduzindo conceitos de justiça e ética na incorporação tecnológica.
Para eles, a negociação coletiva é fundamental para moldar a incorporação tecnológica, o uso de algoritmos, a definição de sistemas e metas de avaliação de desempenho, assim como a abordagem dos impactos diretos nas condições de trabalho e programas de saúde.
Por fim, recomendam que as formas de organização sindical sejam repensadas, com uso das novas tecnologias para o fortalecimento da comunicação com os trabalhadores, mas também em termos de estrutura, ampliando a pluralidade e adaptando o movimento às transformações do mercado de trabalho no setor.
> Veja os slides da apresentação dos técnicos da AEBU.
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