BB lucra R$ 8 bi, mas encolhe de tamanho; banco fechou 559 agências só em 2017

O Banco do Brasil obteve um Lucro Líquido ajustado de R$ 7,9 bilhões nos nove primeiros meses de 2017, um crescimento de 45,1% em doze meses e 15,9% no trimestre, comparados aos nove meses do ano anterior. A análise foi feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a partir do balanço do terceiro trimestre de 2017, apresentado pelo banco na quarta-feira (8).
De acordo com o relatório do banco, o resultado foi impactado principalmente pelo aumento das rendas de tarifas e redução da despesa de provisão. O retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROE) ficou em 10,4%, com alta de 2,8 pontos percentuais, no período.
“No final de 2012, o BB tinha 114.182 funcionários. Chegou a 5.524 agências em dezembro de 2014. Em setembro, eram 99.305 funcionários e 4.956 agências. Uma redução de 15 mil postos de trabalho e 653 agências. O Banco do Brasil é um banco público, que precisa contribuir com o crescimento da economia do país. Quando analisamos seu balanço precisamos ir além do lucro apresentado pelo banco. Este está crescendo, mas, em contrapartida, o banco está se apequenando na capacidade de atendimento da população”, disse Carlos de Souza, secretário Geral da Confederação dos Trabalhadores Do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Uma análise feita pelo Dieese aponta que o BB quase dobrou de tamanho entre 2008 e 2014 (crescimento dos ativos de 97%). Contudo, a partir de então apresentou queda de 16% até junho de 2017. Quanto as operações de crédito, a carteira do BB triplicou de tamanho entre 2008 e 2014, passando de R$ 319 bilhões para R$ 963 bilhões (alta de 202%). Porém, a partir de então, só se reduziu, chegando a R$ 677 bilhões em setembro de 2017 (queda de 29,7%).
As operações com pessoas físicas mantiveram-se estáveis em doze meses, com ligeiro crescimento no trimestre (0,9%), chegando a R$ 187,2 bilhões. Mas, as operações com pessoas jurídicas tiveram uma queda de 13,5% em doze meses e de 2,6% no trimestre, tendo alcançado R$ 228 bilhões. As operações com o agronegócio também se mantiveram estáveis em doze meses (crescimento de 0,8%), mas, no trimestre houve queda de 3,9%, somando R$ 180,3 bilhões. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias apresentou alta de 0,44 pontos percentuais no período, ficando em 3,94%. As despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) caíram 5%, totalizando R$ 19,7 bilhões.
“Estes resultados são positivos do ponto de vista de uma empresa privada. Mas, não podemos nos esquecer que o Banco do Brasil é uma empresa pública, que deve cumprir um papel estratégico no desenvolvimento econômico e social do país”, observou Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT.
Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região Antônio Carlos Nunes de Oliveira, o resultado do BB traduz a política neoliberal do governo Temer, que se empenha em reduzir o tamanho de uma instituição fundamental para o desenvolvimento do país e da população, visando privatizá-la. “Tenta-se, com o encolhimento do banco, aproximá-lo cada vez mais da atuação dos bancos privados, extinguindo aos poucos seu caráter de fomentador de políticas públicas indutoras do desenvolvimento e crescimento do Brasil. Com certeza, tais medidas não serão para beneficiar a população, que sofrerá ainda mais com um atendimento precarizado e tarifas exorbitantes.”
Demissões
A receita com prestação de serviços e a renda das tarifas bancárias cresceram 9,9% no período, totalizando R$ 19,2 bilhões. As despesas de pessoal, considerando a PLR, caíram 3,1%, atingindo R$ 16,5 bilhões. Portanto, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 116,7%.
A holding encerrou setembro de 2017 com 99.305 empregados, com fechamento de 9.854 postos de trabalho em relação a 30 de setembro de 2016. O expressivo fechamento de postos de trabalho se deve à adesão de mais de 9,4 mil trabalhadores ao Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI), anunciado em novembro de 2016. De lá pra cá, o número de agências se reduziu em 559 unidades, em virtude do plano de reorganização institucional, que previa, no decorrer de 2017, o fechamento de 402 agências, com outras 379 tornando-se postos de atendimento. Não há no relatório, porém, menção ao número de Postos de Atendimento Bancário (PABs), mas, verifica-se que a rede própria do banco foi reduzida em 2.007 pontos de atendimento, número que inclui toda a rede de atendimento (agências, PABs, postos de atendimento eletrônico – PAEs e demais formas de atendimento).
Para Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, um lucro expressivo como este é fruto do enorme esforço dos funcionários que devem ser cada vez mais valorizados. "Os números também mostram que o banco pode investir mais no atendimento e reabrir boa parte das agências que fechou, quando deixou muitos locais sem nenhum atendimento bancário. Defendemos um Banco do Brasil forte e presente em todas as regiões, principalmente as mais necessitadas", disse.
Veja a análise completa do balanço feita pelo Dieese.
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