12/09/2025

Setembro Amarelo: Agora é lei!

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no dia 8 de setembro, a Lei 15.199/25, que torna oficial a campanha Setembro Amarelo e institui o dia 10 de setembro como Dia Nacional de Prevenção do Suicídio e o dia 17 de setembro como Dia Nacional de Prevenção da Automutilação.

Já em seu artigo 1º, a Lei determina que a campanha seja “realizada anualmente, no mês de setembro, em todo o território nacional, por meio de ações relacionadas à prevenção da automutilação e do suicídio” e, no artigo 2º, que durante a campanha Setembro Amarelo, sejam realizadas atividades destinadas à conscientização sobre a saúde mental.

Por que falar disso?

“É importante que se trate sobre este tema em toda a sociedade. E especialmente no setor financeiro, já que os dados apontam que a categoria bancária é a mais afetada entre todos os trabalhadores por problemas relacionais à saúde mental”, observou o secretário de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles.

Um levantamento do Dieese aponta que, nos anos de 2023 e 2024, 57,1% das licenças de trabalho concedidas a bancários foram consequências de transtornos mentais e comportamentais. Apenas a título de comparação, no restante da população, 5,99% das licenças para tratamento de saúde foram motivadas por questões de saúde mental.

“O índice de 5,99% registrado no total da classe trabalhadora já é muito alto. Mas, o registrado entre a categoria bancária é assustador. E, entre empregados da Caixa chega a alarmantes 74%”, disse ressaltou o secretário de Saúde da Contraf-CUT.

"É nesse momento que se faz importante a intervenção dos sindicatos como agentes informadores e formadores da política de proteção ao ambiente do trabalho saudável, oferecendo canais de denúncia anônima em caso de assédio, psicólogos, psiquiatras e advogados, todos capacitados a auxiliar, dentro de suas habilidades, o empregado vítima de práticas abusivas", ressalta o secretário de Saúde, Condições de Trabalho e Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Luiz Eduardo de M. Freire (Sadam).

Gestão adoecedora

O trabalho bancário mudou muito. Hoje, os trabalhadores da categoria são obrigados a conviver com metas abusivas, assédio moral, vigilância digital e pressão constante. “Esse modelo de gestão está adoecendo milhares de trabalhadores, levando a quadros de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e até suicídio. O Setembro Amarelo é o mês de conscientização e prevenção ao suicídio, mas o tema precisa ser tratado o ano todo. Se não na sociedade como um todo, pelo menos no setor bancário”, defende Mauro Salles, dirigente da Contraf-CUT.

“O suicídio não é fraqueza individual. É consequência de uma soma de fatores, muitas vezes agravados pela organização do trabalho. Proteger a vida dos bancários exige solidariedade, acolhimento e luta coletiva contra o modelo de gestão que adoece”, completou.

"Os bancos também precisam implementar uma política séria de saúde do trabalhador, em especial com relação à saúde mental. Essa foi uma das reivindicações da nossa Campanha Nacional 2024, que pela primeira vez teve os bancos concordando em incluir o termo assédio moral, manifestação de repúdio contra todo tipo de violência no trabalho, com canal de denúncia e apoio às vítimas. Permanecemos lutando por melhores condições de trabalho e consequentemente pela saúde física, psíquica e emocional da categoria. São milhares de pessoas que estão adoecendo e as instituições financeiras não podem mais negligenciar isso. A situação é real, comprovada pelas pesquisas", acrescenta Sadam, dirigente do Sindicato.

Principais causas do adoecimento psíquico entre bancários

- Metas abusivas e inalcançáveis;
- Assédio moral e sexual, inclusive organizacional;
- Controle algorítmico e vigilância excessiva (monitoramento digital, ranking de produtividade);
- Insegurança no emprego, reestruturações e demissões em massa;
- Sobrecarga de trabalho e jornadas prolongadas;
- Violência organizacional: culpabilização da vítima, isolamento, competitividade forçada.

Sinais de alerta

- Mudanças bruscas de humor e comportamento;
- Isolamento de colegas e familiares;
- Queda brusca de rendimento ou concentração;
- Queixas constantes de cansaço extremo, insônia, dores sem causa física aparente;
- Comentários sobre “não aguentar mais” ou ideias de morte.

O que fazer coletivamente

- Denunciar práticas de assédio moral e cobrança abusiva de metas;
- Procure pelo sindicato.

O que cada trabalhador pode fazer

- Não se isolar: converse com colegas de confiança, família ou sindicato;
- Procurar atendimento médico/psicológico o quanto antes;
- Acionar o sindicato em casos de assédio ou cobrança abusiva.

Apoio profissional gratuito

- CVV – 188 (Centro de Valorização da Vida) – atendimento 24h, sigiloso e gratuito;
- Serviços públicos de saúde mental (CAPS, UBS).

 
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

SINDICALIZE-SE

MAIS NOTÍCIAS