11/01/2011

Geraldo Alckmin planeja vender Cesp para governo Dilma

O novo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, autorizou que sua equipe negocie a venda da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), terceira maior geradora de eletricidade do país, para o governo federal.

 

Atrás de recursos para investimentos no Estado, Alckmin planeja vender a empresa. Mas, para evitar o rótulo de privatizante, manifesta simpatia pelo modelo adotado na venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil.

 

Em 2008, o governo Serra obteve R$ 5,386 bilhões com a venda da Nossa Caixa para o BB. Como o banco foi vendido para o governo petista, partido e sindicatos impuseram pouca resistência.

 

Hoje, o governo Alckmin idealiza repetir a operação. Pela fórmula em estudo, a Cesp seria vendida para Furnas, empresa do sistema Eletrobrás, a estatal federal do setor elétrico.

 

REESTATIZAÇÃO

 

Embora existam outras alternativas em estudo, essa modelagem seria praticamente a mesma da Nossa Caixa. E funcionaria como alternativa ao antigo projeto de privatização da estatal paulista, que fracassou nas últimas três tentativas -em 2000 (Mario Covas), 2001 (Geraldo Alckmin) e 2008 (José Serra).

 

A "reestatização" federal, como é chamada a proposta, traria outra vantagem: o fim do impasse sobre a renovação da concessão de duas usinas da Cesp.

 

O governo de São Paulo espera que o governo renove as concessões de duas das maiores usinas hidrelétricas da Cesp -Jupiá e Ilha Solteira-, que vencem em 2015.

 

Há dois anos, a privatização da Cesp empacou por conta de incertezas em relação à renovação das concessões. O governo esperava obter mais de R$ 6 bilhões com a privatização.

 

Na disputa pela Cesp estavam as maiores empresas do setor elétrico nacional. Mas, sem a garantia de que as hidrelétricas poderiam operar, não houve ofertas.

 

Titular da recém-criada Secretaria de Energia, o tucano José Anibal se reunirá ainda este mês com a equipe da presidente Dilma Rousseff para discutir a situação. Segundo ele, a venda para o governo federal "é uma das hipóteses". Mas qualquer decisão depende da renovação da concessão.

 

"Há um leque de possibilidades. O nosso interesse é, primeiro, ampliar o prazo de concessão", afirmou Anibal. Ainda segundo Anibal, uma alternativa seria aumentar a participação do governo federal na Cesp em troca da ampliação do prazo de concessão.

 

Procurada pela Folha, Furnas afirmou, por intermédio de sua assessoria, desconhecer qualquer negociação. Com a Cesp, Furnas se tornaria a maior geradora de eletricidade brasileira, passando a administrar o segundo maior parque hidrelétrico do país -atrás só de Itaipu.

 

A operação seria uma resposta ao avanço da Cemig. Detentora de 20% da distribuição de energia no país, a estatal mineira tem planos de adquirir ao menos outras quatro distribuidoras.

 

Para conduzir a negociação, Alckmin nomeou Mauro Arce presidente da Cesp. Arce comandou as privatizações no setor elétrico durante o governo Covas no Estado (1995 a 2001).

 

Fonte: Folha de S. Paulo


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