06/01/2011

Desmoronamento de avenida tem DNA do prefeito

A falta de memória da população é grande aliada dos políticos. É a garantia de que eles não serão cobrados por suas promessas não cumpridas, por suas decisões descabidas ou por seus atos imorais.

 

Em um sistema político tão cheio de falhas como o nosso, cultivar a memória é mais do que simplesmente recordar os fatos do passado - é antes de tudo um exercício de cidadania, ainda mais numa época como esta, em que muitos catanduvenses ainda estão perplexos por conta do desmoronamento de um trecho de uma de suas principais avenidas, a Engenheiro José Nelson Machado, ocorrido no último dia 4 (terça-feira).

 

Muitos cidadãos de bem desta cidade talvez culpem a Mãe Natureza pelo incidente, sem se darem conta de que, na verdade, o desmoronamento carrega a marca do prefeito de Catanduva, o engenheiro Afonso Macchione Neto (PSDB), em seu DNA.

 

Lá pelos idos dos anos 90, na gestão do prefeito Carlos Eduardo de Oliveira dos Santos, foi Macchione o responsável pela primeira instalação de tubos metálicos no leito do córrego Minguta (na condição de dono da empreiteira responsável pela obra).

 

Talvez muitos não se lembrem, mas essa primeira intervenção arquitetônica acabou ruindo durante um temporal ocorrido anos atrás. Recentemente, já com Macchione encastelado no Paço Municipal, o poder público voltou a realizar obras ao longo do córrego.

 

O fato de a obra ter sido realizada pelo Governo do Estado não impediu que Macchione se apropriasse da paternidade da “criança”. O ar triunfante do “Engenheiro”, ao anunciar que os problemas no córrego da Minguta estavam resolvidos para sempre, lembrava bastante aquela coruja da Fábula de Esopo, que tinha o costume de se gabar das “qualidades infindáveis” de seus filhotes.

 

Portanto, soa um tanto estranha a postura vacilante assumida pelo prefeito e engenheiro Macchione, ao comentar sobre o desmoronamento da avenida a uma rádio da cidade.

 

Primeiro, devido à atitude (no mínimo) cínica do alcaide de atribuir ao Governo do Estado a culpa pelo incidente, como se a prefeitura não fosse responsável por fiscalizar o andamento das obras de canalização do córrego.  

 

O “Engenheiro” poderia ter optado por uma saída mais simpática, tentando, quem sabe, jogar a batata quente no colo da Mãe Natureza, a exemplo do que fez seu correligionário José Serra (então governador) durante as enchentes do ano passado, que quase varreram do mapa a zona leste da Capital.

 

Dessa forma, não entraria para história como um homem de duas palavras - em época de eleição, canta elogios aos tucanos que comandam o Estado há quase duas décadas; mas quando vê a própria reputação ameaçada, deita a falar mal daqueles que antes defendia.

 

Não bastasse tentar fugir da responsabilidade pelo caso, o prefeito ainda teve o desplante de fazer a seguinte afirmação, durante a entrevista à rádio: “Documentamos essa situação (as falhas na obra) há algum tempo e infelizmente tivemos o que já era premeditado (o desmoronamento)”. Fica então a pergunta: por que raios a prefeitura demorou tanto a agir, se tinha ciência de que a tragédia já estava anunciada?

 

Outra dúvida que não quer calar: após Macchione admitir publicamente que foi omisso em relação a uma falha que poderia ter custado vidas de cidadãos catanduvenses, quais vereadores terão peito para chamar o prefeito às falas e cobrar explicações?

 

Os vereadores terão coragem para enfrentar Macchione em nome dos interesses da população ou permanecerão de braços cruzados até que um incidente ainda mais grave (com carros, motos e pessoas sendo tragados pelo córrego) venha a ocorrer?

 

Com a palavra os vereadores...

 

Fonte: Sindicato dos Bancários de Catanduva


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