Jornal distorce informações para 'queimar' a greve dos bancários perante a opinião pública local
Nem O Regional lê aquilo que publica
Rezam as regras do bom jornalismo que os órgãos de imprensa devem ser fiéis à realidade, sempre que reportarem um fato. Essa máxima parece que não consta no manual de redação de O Regional.
Na capa de sua edição de quinta-feira (30 de setembro de 2010), o jornal catanduvense traz uma foto das mobilizações do primeiro dia da greve nacional dos bancários em Catanduva, movimento este que só teve início graças ao apoio unânime expresso pela categoria na Assembleia Geral Extraordinária, realizada na noite do dia 29 de setembro.
Diz a legenda da foto em questão (por sinal, tirada em frente à agência do Banco do Brasil da rua Pernambuco, no Centro de Catanduva, a algumas quadras da sede do Sindicato): “Catanduvense foi pego de surpresa pela greve dos bancários, decidida na calada da noite.”
Da forma como foi colocada, a informação chocou não só os diretores da entidade, mas as centenas de bancários que compareceram à Assembleia e ajudaram a referendar a greve. Como assim, “na calada da noite”? Até onde sabemos, as únicas coisas tramadas na calada da noite, nesta cidade, são certos textos mentirosos e manipuladores.
Ficamos chocados, pois não imaginávamos que em plena Era da Informação, um órgão de imprensa tivesse a capacidade de fazer uma manipulação tão grosseira da realidade, sabe-se lá a serviço de que interesses.
O dia 30 de setembro de 2010 entrará para a história como a data em que uma instituição com quase 40 anos de existência atirou no lixo o que restava de sua credibilidade. O mais revoltante é que a manipulação se deu de caso pensado.
Caso se tratasse de um equívoco corriqueiro (algo a que qualquer ser humano pode estar sujeito), nós, bancários, poderíamos até relevar o ocorrido. Isso não se aplica à situação em questão.
Com a legenda tendenciosa, O Regional tenta atirar a população de Catanduva contra o Sindicato dos Bancários, uma instituição séria e honrada, que conta com pleno reconhecimento dos trabalhadores que representa. Nossa lista de serviços prestados à cidade nas últimas décadas também é grande, mas não vem ao caso entrar nesse mérito.
O que nos interessa é esclarecer algumas coisas:
1. O Regional desinforma seus leitores, ao dizer que a greve foi decidida “na calada da noite”. Essa expressão sugere que o movimento foi tramado às escondidas, como uma espécie de complô ou motim. A informação divulgada pelo jornal é desmentida pela sua própria edição do dia 24 de setembro. No alto da página 4 do Caderno de Classificados, há um edital assinado pelo presidente do Sindicato, Paulo Bellucci Franco, convocando os bancários para a Assembleia do dia 29, que só ocorreu à noite (teve início às 20h) para permitir que todos os trabalhadores do sistema financeiro da região pudessem comparecer ao ato, haja vista que, na “calada do dia”, essas pessoas costumam estar trabalhando.
2. Logo abaixo, na mesma página, há outro anúncio, com o Aviso de Greve, destinado às instituições financeiras da região, bem como a população em geral.
Fica claro, portanto, que a Assembleia que deflagrou a greve não ocorreu “na calada da noite”, uma vez que a mesma foi amplamente divulgada em um jornal que afirma ser o de maior circulação da cidade e da microrregião. A não ser que o autor da legenda da capa de O Regional acredite que “na calada da noite” significa o mesmo que “à noite”. Seria um erro muito simplório para um profissional um jornal de tão requintada estirpe.
Se O Regional acredita de fato que a greve foi decidida “na calada da noite”, das duas uma: ou os responsáveis por seu conteúdo editorial não leem o jornal em que trabalham ou, mesmo lendo, não confiam naquilo que publicam.
Não podemos nos esquecer de que, nos dias anteriores à realização da Assembleia, os diretores do Sindicato percorreram com um carro de som as ruas de Catanduva (tanto do Centro quanto da periferia), alertando a população sobre a possibilidade de a greve ser deflagrada. Além disso, os sindicalistas fizeram visitas às agências, para dialogar com os bancários e as pessoas em geral sobre a paralisação que estava por vir.
O carro de som passou um sem-número de vezes em frente à sede de O Regional. Imaginando-se que os responsáveis por seu conteúdo editorial possuem boa audição, ficamos a nos questionar por que o jornal não reportou esse fato a seus leitores, alertando-os de que uma greve de bancários estava em vias de eclodir?
Ao invés disso, o jornal preferiu sonegar essa informação a seus leitores. Notem que nós, bancários, não estamos a exigir confetes da parte do jornal. Estamos abertos a todo tipo de crítica e acreditamos que a liberdade de expressão e de opinião é um dos principais pilares de uma sociedade realmente democrática. Estranhamos, todavia, que o veículo tenha ignorado o movimento durante todos esses dias e agora venha dizer que os “catanduvenses foram pegos de surpresa pela greve”.
Oras, se houve alguma surpresa nessa história, deve ter sido na redação de O Regional, o último a saber do pagode que rolava solto em seu quintal. Reiteramos nosso apreço à liberdade de expressão, à democracia e às liberdades individuais. Não somos donos da verdade. Mas também não toleraremos calados que manipulações e inverdades sejam ditas contra a nossa categoria.
Sindicato dos Trabalhadores em Empresas do Ramo Financeiro de Catanduva e Região
Catanduva, 30 de setembro de 2010.
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