Em vez de salários, é preciso debater lucros, afirma Dieese
A reclamação feita no início da semana pelo presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Benjamin Steinbruch, que considerou "exagerado" reajuste salarial na casa dos 10%, foi contestado nesta quarta-feira (29) pelo economista Sérgio Mendonça, do Dieese. "A participação dos salários na renda nacional é baixa (em torno de 40%, ante até 70% em países desenvolvidos). Nesse debate, parece que há uma coisa imutável, que é o lucro. E não é imutável. Não precisa ser 20%. Pode ser 18%, 17%...", rebateu o técnico. "Se queremos ter um país desenvolvido, os salários precisam aumentar", acrescentou.
Ele destacou o efeito positivo do crescimento do poder aquisitivo para a economia. "O consumo induz ao investimento. Na nossa percepção, esse consumo está conduzindo a uma taxa de investimento mais alta, que vai aumentar a produção", afirmou Sérgio Mendonça.
Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), feita em conjunto pelo Dieese e pela Fundação Seade, divulgada nesta quarta, o rendimento médio dos ocupados nas sete áreas pesquisadas (estimado em R$ 1.289) cresceu 1,8% de junho para julho e 4,1% em 12 meses. Na região metropolitana de São Paulo, o rendimento subiu 2,3% no mês e 3,1% na comparação anual. Assim, a massa de rendimentos – um indicador econômico importante – aumentou 8,1% em 12 meses (6,4% em São Paulo).
O crescimento também é detectado nas negociações salariais. No primeiro semestre deste ano, 97% dos acordos pesquisados pelo Dieese ficaram acima ou iguais à inflação. Segundo Mendonça, fatores como crescimento econômico, desemprego em queda e inflação estável criam um ambiente favorável à negociação. Mas ele lembra que na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, o rendimento médio ainda é menor que o de 2000. "Ainda temos espaço para crescer."
Além de considerar exagerado um reajuste salarial de 10%, Steinbruch disse que um aumento desse porte poderia representar uma "bomba de efeito retardado na economia". Recentemente, os metalúrgicos fecharam acordo nesse patamar com as montadoras de veículos. Para o economista do Dieese, essa é uma reação habitual dos empresários. "Não vai ter mercado de 5 milhões de carros no Brasil se os salários não forem mais altos."
Fonte: Fetec/CUT-SP
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