Em texto endereçado aos bancos, Comando Nacional exige respeito aos trabalhadores
Leia, a seguir, texto de autoria do presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, publicado originalmente no site da entidade em 28 de setembro de 2010, a respeito dos andamentos da Campanha Nacional Unificada deste ano:
Exigimos respeito
Diante da intransigência dos bancos, bancários vão deflagrar greve nacional
Carlos Cordeiro - Presidente da Contaf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários
Os bancários participam nesta terça-feira, dia 28, das assembleias convocadas pelos sindicatos de todo o país para rejeitar a proposta dos bancos e votar o início da greve nacional da categoria por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira, dia 29, conforme orientação do Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, que representa 146 entidades sindicais. A greve é a resposta dos bancários à postura intransigente dos bancos durante todas as rodadas de negociação.
Os trabalhadores encaminharam às empresas propostas que são fruto de um longo processo de discussões com a categoria em todo o país, aprovadas na 12ª Conferência Nacional dos Bancários. É uma pauta de reivindicações que prioriza reajuste de 11%, valorização dos pisos, PLR maior, combate ao assédio moral, fim das metas abusivas, garantia de emprego, mais contratações, igualdade de oportunidade, segurança contra assaltos e sequestros e fim da precarização via correspondentes bancários, entre outros pontos.
No entanto, a Fenaban optou por negar o atendimento das reivindicações dos bancários, tanto econômicas quanto sociais, no momento em que o crescimento do PIB pode ultrapassar 7% em 2010. A proposta de reajuste de 4,29%, apresentada pelos bancos na última negociação, que se limita a repor a inflação do período, é uma afronta aos bancários. É inaceitável que o setor da economia que mais lucra não garanta aumento real de salários.
Como se não bastasse, o negociador dos bancos declarou ao jornal O Globo que o reajuste de 11% é "inviável". Dias depois, ele ainda disse na mesa de negociação que esse índice é "exageradamente alto". É muito desrespeito da Fenaban, quando os cinco maiores bancos lucraram R$ 21,3 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano. Isso significa um crescimento de 32% na média em relação ao ano passado e uma rentabilidade sobre o patrimônio de 25%.
Esse crescimento das empresas se dá às custas do adoecimento dos bancários, submetidos a um modo de organização do trabalho baseado na imposição de metas abusivas e que favorece o surgimento de casos de assédio moral. Não é à toa que os problemas de saúde mental detêm, segundo dados do INSS, o mesmo nível de incidência na categoria bancária que os distúrbios osteomusculares (LER/DORT), grandes vilões da década de 90.
O Comando Nacional participou de cinco rodadas de negociação, debatendo todos os temas com disposição para construir uma nova convenção coletiva com contrapartidas aos trabalhadores. Enquanto isso, os bancos enrolaram e trouxeram argumentos inconsistentes, apostando no impasse e empurrando outra vez a categoria para a greve. Da mesma forma, os bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa, seguiram a mesma intransigência da Fenaban e não avançaram as negociações específicas.
Se os bancos não entendem outra linguagem para negociar com seriedade senão a força da mobilização, a categoria não irá decepcioná-los. Os trabalhadores estão organizados e prontos para mostrar às empresas todo o seu descontentamento, fazendo uma greve ainda mais forte do que as dos últimos anos.
Assim, os bancários vão novamente à luta para enfrentar a ganância do sistema financeiro, que trata com descaso seus funcionários e clientes, principais responsáveis por seus lucros astronômicos. Um outro banco é preciso, com as pessoas em primeiro lugar.
Fonte: Contraf-CUT
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