Debate promovido pelo Sindicato detalha livro sobre sistema financeiro
Luiz Cláudio Marcolino, um dos autores dos artigos que integram publicação apresentou visão sobre os bancos e como eles podem contribuir com desenvolvimento do país.
O livro Sistema Financeiro e Desenvolvimento no Brasil (do Plano Real à crise financeira) foi detalhado em debate promovido pelo Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região na noite de terça-feira, 18, no auditório do Sindicato.
Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (SEEB S Paulo) e um dos autores do livro – que é uma parceria entre SEEB S Paulo e Unicamp – apresentou sua visão sobre o sistema financeiro e como ele pode de fato contribuir com o desenvolvimento do país.
Uma reforma capaz de transformar o Sistema Financeiro Nacional (SFN) em instrumento eficaz que ajude a promover o desenvolvimento sustentável, por meio de políticas de investimento responsáveis com crédito acessível e juros menores. Essa é uma necessidade urgente e a maneira como deve ser colocada em prática foi o ponto central da exposição efetuada durante o evento.
Além da redução da taxa de juros, Luiz Cláudio Marcolino, economista e presidente do Sindicato, defendeu também a democratização do Conselho Monetário Nacional (CMN) do Banco Central, destacando que decisões que afetam toda a sociedade não podem ficar a cargo de um pequeno grupo de pessoas.
“A contribuição desse debate e de um livro como esse são fundamentais. Hoje temos centros de inteligência pensando o sistema financeiro”, comentou Paulo Eduardo B. Franco, presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região.
Democratização
O presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, defendeu a participação dos trabalhadores também nos conselhos administrativos das holdings dos bancos, para que possam atuar nas decisões em que há reflexos na vida do trabalhador. “A política do lucro pelo lucro precisa acabar”, disse Marcolino. Em sua exposição, o presidente do Sindicato criticou a concentração do Sistema Financeiro Nacional, lembrando que na década de 1990 os bancos estrangeiros entraram no Brasil com a justificativa de melhorar a concorrência refletindo em taxas de juros menores. “Mas a situação é bem diferente. As fusões reduziram o número de bancos no Brasil e atualmente seis grandes instituições financeiras detêm grande parte das operações e os juros praticados continuam elevados.”
Para Marcolino, o setor não cumpre seu papel e não ajuda na inclusão social. “Têm de deixar a zona de conforto onde tem atuado”, disse, ao lembrar que o Brasil tem uma das piores relações crédito/PIB do mundo. “Melhoramos desde a década de 1990, quando essa relação era de em torno de 20%. Chegamos à casa dos 40% mas ainda estamos defasados em relação ao resto do mundo.”
Crise – Marcolino destacou ainda que essas taxas só não são maiores porque, principalmente durante a crise econômica, “quem fez a verdadeira concorrência foram os bancos públicos que, seguindo na corrente contrária, emprestou a juros menores”.
O presidente do Sindicato de São Paulo lembrou que a crise econômica colocou em cheque a hegemonia capitalista e que a necessidade de reforma do sistema financeiro nacional ganhou ainda mais força tanto no Brasil, quanto em âmbito macroeconômico.
Luiz Cláudio Marcolino afirmou ainda que um dos problemas no Brasil é que o prazo na concessão de crédito pelos bancos privados é curto e que o spread ainda se mantém elevado. Para ele, os bancos públicos também têm desempenhado bem seu papel, mas não têm como crescer na mesma escala da necessidade de financiamento do país.
A economista do Dieese e assessora do SEEB S Paulo, Ana Carolina Tosetti Davanço, também presente no evento, falou sobre o capítulo que escreveu juntamente com a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ana Tércia Sanches. “Esse é um capítulo diferente, pois mostra a visão do trabalhador sobre o sistema financeiro”, explicou. Segundo ela, as práticas de gestão dos bancos têm penalizado os empregados, os terceirizados e clientes em detrimento dos ganhos econômicos dos acionistas e proprietários das instituições financeiras.
As sugestões discutidas durante o evento fazem parte dos capítulos do livro Sistema Financeiro e Desenvolvimento no Brasil (do Plano Real à crise financeira). “Vamos pensar na elaboração de um projeto de lei que leve em conta as propostas debatidas aqui, para um sistema financeiro que contribua para o crescimento nacional”, finalizou Marcolino.
Colaboração – SEEB S Paulo
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