Bancários do mundo defendem vendas responsáveis de produtos financeiros
Carta da UNI Finanças, aprovada em reunião em Copenhague, visa construir relações de confiança com clientes. Contraf-CUT participou da elaboração.
Visando possibilitar a construção de relações de confiança com os clientes, os trabalhadores do sistema bancário internacional aprovaram uma carta global com princípios de responsabilidade na venda de produtos financeiros. O documento foi definido em reunião da UNI Finanças, realizada na quarta e quinta-feira, dias 9 e 10 de junho, em Copenhague, capital da Dinamarca.
Representando 3 milhões de trabalhadores de bancos e empresas de seguros em todo o mundo, a UNI Finanças é o braço para o sistema financeiro da UNI Sindicato Global. Os bancários brasileiros foram representados no evento por Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e da UNI Américas Finanças, Marcel Barros, secretário-geral da Confederação, e Rita Berlofa, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Os trabalhadores irão agora pressionar para que os bancos assinem o documento e se comprometam com os princípios contidos na carta. Entre os pontos centrais, estão o estabelecimento de estruturas de incentivo mais transparentes, esclarecimento de conflitos de interesses e a criação de uma ouvidoria independente, para que os bancários possam denunciar práticas de vendas inapropriadas.
"A pressão exagerada por vendas de produtos foi um dos estopins da crise econômica global, que começou exatamente por conta da busca irresponsável dos bancos por lucros", afirma Carlos Cordeiro. "Essa luta não diz respeito apenas aos trabalhadores do sistema financeiro, mas também aos clientes, que têm direito a receber a melhor orientação possível quanto a seus investimentos", salienta.
O documento incluiu duas propostas apresentadas pela Contraf-CUT durante a reunião. A primeira prevê que o cumprimento das metas não seja motivo de demissão de trabalhadores. A outra cobra a desvinculação dos salários dos trabalhadores do cumprimento de metas, sendo que a remuneração considere o tempo de trabalho.
"Os princípios estabelecidos na carta visam estabelecer uma cultura e procedimentos operacionais que garantam a venda responsável, com treinamento e ambiente de trabalho saudável para os funcionários e garantindo o direito dos clientes a uma orientação adequada e produtos financeiros de qualidade e adequados às suas necessidades", diz Marcel Barros.
O presidente da UNI Finanças, Edgardo Iozia, destaca que a carta é fruto de um longo processo de discussões entre sindicatos ao redor do mundo. "As entidades estão comprometidas em aumentar a confiabilidade do setor financeiro, que sofreu grandes danos com a crise financeira", afirma.
"Acreditamos que a carta representa uma pedra fundamental e um forte ponto de partida para que o setor financeiro possa reconstruir sua imagem como orientador ao consumidor, sério e responsável em benefício da sociedade", completa o dirigente mundial.
Os elementos centrais da carta são:
- sistemas de incentivo para os funcionários devem ser realistas, justos, transparentes e baseados em metas de longo prazo e sustentáveis de negócios.
- bom atendimento e orientação qualificada aos clientes devem ser recompensados e incorporados nas estruturas de incentivo;
- conflitos de interesses, papéis e responsabilidades dos empregados devem sempre ser esclarecidos em situações de venda;
- estabelecimento de estruturas internas permitindo aos empregados relatarem práticas inapropriadas para uma ouvidoria independente;
- instalação de estruturas para o estabelecimento de um diálogo contínuo sobre venda responsável de produtos envolvendo empresa, funcionários e sindicatos.
Fonte: Contraf-CUT com UNI Finanças
MAIS NOTÍCIAS
- Com início do recesso no Congresso, movimento sindical bancário projeta para 2026 atuação nas pautas de interesse dos trabalhadores
- Super Caixa: Ainda dá tempo de assinar o abaixo-assinado da campanha Vendeu/Recebeu
- Justiça indefere pedido do Santander contra decisão da Previc sobre retirada de patrocínio
- Sindicato realiza entrega de doações arrecadadas para a Campanha Natal Solidário, em parceria com o projeto Semear
- CEE cobra mudanças no Super Caixa
- Saiba como será o expediente dos bancos no Natal e no Ano Novo
- O caminho do dinheiro: entenda quem se beneficia com o não pagamento das comissões pela venda de produtos na Caixa
- Aposentados bancários e de diversas categorias da CUT participaram da 6ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, em Brasília
- Saiba o que é preciso para a redução de jornada sem redução salarial passar a valer
- COE Santander cobra transparência sobre a reorganização do varejo e respeito à representação sindical
- Salário mínimo terá quarto aumento real seguido após superar fase 'menor abandonado'
- Caixa: Empregados apresentam reivindicações para Fabi Uehara
- Coletivo Nacional de Formação faz balanço do ano e propõe agenda para 2026
- Sindicato apoia a Chapa 2 – Movimento pela Saúde na eleição do Conselho de Usuários do Saúde Caixa
- Tentativa de silenciamento ao padre Júlio Lancelotti gera indignação e solidariedade