Para psicólogo da PUC-MG, assédio nos bancos vai do moral ao psicossocial
Pesquisa levou a uma nova definição sobre o conceito de assédio moral.
Os conflitos e paradoxos vividos na rotina do trabalhador bancário e seus impactos na saúde mental foram colocados à prova pelo psicólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Carlos Eduardo Carrusca Vieira.
O assunto é tema de seu livro, Assédio: Do Moral ao Psicossocial - Desvendando os Enigmas da Organização do Trabalho.
O psicólogo estuda a organização do trabalho e seus efeitos com base na trajetória ocupacional do vigilante Ricardo, a fim de compreender os fatores que determinaram seu adoecimento.
Embora tenha sido afastado por transtorno de estresse pós-traumático depois de um assalto ao banco aonde trabalhou por mais de 10 anos, o vigilante atribuiu à deterioração do relacionamento com os funcionários do banco como o fator determinante de seu adoecimento.
Carlos Eduardo constata que a ausência de relações interpessoais diagnosticada por Ricardo na agência bancária funciona como gerador de sofrimento psíquico, afetando inclusive as relações no âmbito familiar.
Para o vigilante, o assalto foi a "gota d' água" para desencadear os problemas psíquicos. "O fator determinante para o desgaste mental foi mesmo a falta de relacionamento com os funcionários da empresa", afirmou Ricardo.
O autor também destaca que a terceirização, ao simplesmente "mudar de posto" um trabalhador, ignorando a apropriação que ele faz de seu trabalho, os saberes, apoios e relações construídos naquela "localidade", pode vir a ocasionar maiores dificuldades no desenvolvimento do trabalho, com riscos diversos à produção e à saúde.
A pesquisa levou a uma nova definição sobre o conceito de assédio moral. O autor usa o termo "assédio psicossocial", uma vez que, para além da análise das relações intersubjetivas, as observações se estendem também a uma análise ergonômica e psicossocial do trabalho.
"Entendemos por assédio moral (psicossocial) uma relação de autoridade e poder que produz, necessariamente, uma aresta aguda no relacionamento interpessoal, impossível de ser compactuada e/ou consentida por uma das partes, por implicar um prejuízo direto para a percepção que a pessoa tem de si mesma", diz Carlos Eduardo.
"Mais do que saber que o caso de Ricardo se situa nessa classe de agressões, entendemos ser relevante expor de que forma a persistência de situações de conflito induziu à 'dúvida sobre si mesmo e de sua competência', afetando sua identidade e saúde mental", analisou Carlos.
Fonte: Contraf- CUT
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