02/06/2021

Especialistas falam em “tsunami” de Covid se não forem tomadas medidas drásticas



Sem lockdwon rígido em quase um ano e meio de pandemia de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, o Brasil mal saiu da segunda onda de infecções e número alto de mortes e especialistas já observam uma tendência de terceira onda da doença que pode ser considerado um “tsunami” se nenhuma medida drástica for tomada pelas autoridades.

O país acumula 462.966 perdas desde o início da pandemia e os dados da última segunda-feira (31) apontam que a curva de vítimas seguem com tendência de alta. No total, o Brasil acumula 16.547.674 de casos de Covid-19.

Epidemiologistas torcem para que não seja um tsunami entre junho ou julho no Brasil, com a chegada de nova variante indiana. Embora as situações variem muito entre as cidades, é possível observar uma tendência de alta de casos. Enquanto algumas cidades voltaram à normalidade, alguns estados, como São Paulo, já buscam ampliar leitos e soluções que afastem os hospitais do pesadelo da falta de oxigênio e de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Ainda com a vacinação lenta, no mês de abril foram em média 2.781 mortes diárias e 83.435 mortos. Cerca de 40% mais óbitos por Covid-19 em abril do que em março. É como se tivéssemos 7,4 aviões caindo todos os dias durante um mês inteiro, dizem os especialistas em artigo intitulado “Um tsunami se aproxima”, publicado na Folha de S.Paulo.

Eles dizem que uma terceira onda se aproxima porque a flexibilização precoce aumentou o número de pessoas nas ruas, em festas clandestinas e aglomerações, ampliando as chances do vírus ser disseminado.

Sul tem piora na pandemia

Essa onda parece que já chegou na região Sul. Curitiba registrou uma explosão de casos de coronavírus. Assim como ocorreu entre o fim de março e o início de abril, a prefeitura permitirá, até o dia 9 de junho, o funcionamento apenas de serviços essenciais.

Para enfrentar o tsunami de pacientes, a prefeitura de Curitiba fechou nesta segunda-feira (31) suas seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para o atendimento geral.

Nesta segunda-feira (31), de acordo com os dados da secretária de saúde, Curitiba já acumula 215 mil infecções e conta com uma taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 de 104%. É um retrato semelhante ao visto em todo o Paraná, onde esse índice, na semana passada, chegou a 95%.

No estado do Paraná, o número de óbitos dobrou em 79 dias, em Santa Catarina, em 85 dias e no Rio Grande do Sul, em 97 dias.

O sistema de saúde desses estados terá pouco tempo para se recuperar do colapso, já que, segundo especialistas, a chegada do inverno, daqui a três semanas, provocará um novo pico da pandemia.

Mato Grosso do Sul tem piora na pandemia

Em Mato Grosso do Sul, a secretaria estadual de Saúde afirmou que o estado enfrenta o pior momento da pandemia de Covid-19. A média móvel de casos dos últimos sete dias atingiu 1.810, a maior de toda a pandemia. Já a média móvel de mortes subiu para 46,1 óbitos por dia, nos últimos sete dias. A taxa de contágio continua a crescer e atingiu 1,09.

O estado bateu novo recorde histórico pela segunda vez de casos confirmados de Covid-19 a cada sete dias. Na última semana, 11.942 pessoas testaram positivo para a doença, segundo o boletim epidemiológico deste domingo. Na semana anterior, foram 11.270 casos confirmados, uma diferença de 672 casos.

Belo Horizonte tem piora na pandemia

Em Belo Horizonte, a taxa de transmissão do coronavírus está em torno de 1, o que é considerada alta, e a ocupação de leitos se estabilizou em torno de 75%. A margem de manobra, portanto, não é grande.

Morte de bancários cresce 176% no Brasil, e categoria fortalece mobilização por vacina

Sem a proteção da vacina, a categoria bancária viu o número de mortes no setor quase triplicar desde o início da pandemia no país. Mesmo com as importantes medidas conquistadas pelo movimento sindical junto aos trabalhadores, que visam à proteção da saúde e da vida da categoria como home office, testagem em massa, redução do atendimento nas agências, etc, os bancários, assim como trabalhadores de outras categorias, não tiveram suas atividades suspensas e também não foram incluídos na primeira fase do plano de vacinação.

“Neste momento, é importante reconhecer que a vacinação da categoria também é uma medida para proteger a população já que os serviços bancários estão entre os essências para população e não foram suspensos em nenhum momento da pandemia. Além disso, agências bancárias de todo país se encontram lotadas por conta do pagamento dos benefícios sociais e auxílio emergencial. Os números comprovam os altos índices de funcionários infectados e de óbitos, acima da média nacional. Mesmo com o medo, os bancários seguem trabalhando, ajudando a socorrer os brasileiros atingidos pela crise sanitária e mantendo a economia em pleno funcionamento. Nada mais justo que as autoridades as quais pedimos a inclusão da categoria nos sistemas de vacinação se sensibilizem e atendam nosso pedido. Nossa luta continua!", ressaltou o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.

Na contramão: Brasil sediará Copa América com 462 mil mortos e próximo de colapso

O Brasil, que está próximo de um novo colapso da pandemia de covid-19, será o país-sede da Copa América, que começará no próximo dia 13 de junho. A Conmebol, confederação continental, pediu ao governo Bolsonaro, nesta segunda-feira (31), para levar o torneio ao Brasil, que prontamente atendeu a solicitação. O torneio estava previsto para ser realizado, inicialmente, na Colômbia e na Argentina, mas a Conmebol foi obrigada a mudar de local. Os colombianos vivem uma onda de protestos contra o governo do presidente Iván Duque Márquez. Já a Argentina deixou de ser sede da Copa América devido à piora da pandemia no país.

Apesar dos mais de 16,5 milhões de infectados pela covid-19 e de 462 mil mortos, o governo Bolsonaro e a Conmebol não descartam a possibilidade de final com público, no Maracanã, marcada para 10 de julho. Ainda não há a confirmação de quais estados serão sede dos jogos, mas de acordo com o portal Globo Esporte, Manaus, Brasília, Pernambuco e outro estado do Nordeste estão nos planos.

Irresponsabilidade e desrespeito

A decisão do governo Bolsonaro e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para liberar a realização da Copa América no Brasil foi intensamente criticada. O jornalista do portal UOL Jamil Chade classificou como “escárnio” e disse que taça de campeão, que será entregue por Bolsonaro, “estará manchada de sangue”.

“A decisão de transferir a Copa América ao Brasil, um dos epicentros da pior pandemia em cem anos, é um escárnio e revela que autoridades – do futebol e da política – simplesmente não respeitam vidas, e nem mortes. Símbolo da destruição moral, o evento cai como uma luva para quem perdeu sua legitimidade de governar por ter fracassado em seu papel mais fundamental: garantir a vida de seus cidadãos”, escreveu Jamil, em sua coluna.

O jornalista da Rede Globo Paulo Vinicius Coelho, o PVC, afirma que a mudança é um desrespeito aos mortos do país e, em seu texto, pede um movimento de boicote ao torneio. “Muito mais do que a Copa do Mundo e a Copa das Confederações, disputada em meio às manifestações de junho de 2013, esta aberração merece lançar o movimento “Não vai ter Copa América”, defendeu.

Bolsonaro recusa vacina, mas aceita futebol

As redes sociais também foram palco de muitas manifestações contrárias à decisão e o maior alvo das críticas foi o presidente Jair Bolsonaro. Internautas e figuras públicas lembravam que Bolsonaro aceitou o pedido da Conmebol em poucas horas, diferente da oferta de vacina da Pfizer, que demorou quase três meses para ser respondida pelo governo federal.

O jornalista Caio Alves, da ESPN Brasil, disse em seu Twitter: “Entre agosto e setembro do último ano, o governo brasileiro ignorou 10 e-mails para a compra das vacinas. Em contrapartida, entre 22h44 e 11h05, fechou-se o acordo pela Copa América no país que negocia com a terceira onda pandêmica. Os objetivos são claros. Sobreviva quem puder”.

O deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) afirma que a decisão do Brasil de sediar o torneio é “uma irresponsabilidade criminosa”. E alerta ainda para a tentativa do governo federal em mudar o foco das atenções, durante a pandemia. “Copa América no Brasil mostra como regimes autoritários usam o futebol para tentar desviar a atenção sobre seu crimes”, tuitou.

Copa América no Brasil

Apesar da realização dos jogos das seleções, os campeonatos nacionais, incluindo Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, não irão parar. Ou seja, os estádios e centro de treinamentos serão divididos entre seleções nacionais e os clubes de todas as divisões.

O repórter do portal G1, Gabriel Barreira, lembra que o país vive um caos sanitário, social e político, e não tem condições de receber jogos. “Devem receber jogos: Arena da Amazônia, onde há uma nova cepa e faltou oxigênio; Mané Garrincha, na capital federal em meio à uma CPI da Pandemia; Arena Pernambuco, onde a Polícia Militar cegou dois em meio a protestos. A ideia parece ótima”, ironizou.

A vereadora Erika Hilton (Psol-SP) acrescenta ainda que o Brasil não tem protocolo em aeroportos para receber viajantes com quarentena, testagem e rastreio de contato. “Sediar a Copa América é promover a maior distribuição de cepas da Covid-19 em todo Brasil”, alertou ela.
Fonte: CUT e RBA, com edição de Seeb Catanduva

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