02/06/2021
Brasil precisa reduzir desigualdades para progredir e, para isso, deve taxar ricos

Um Brasil com mais igualdade social, serviços públicos de qualidade e para todos, com manutenção do auxílio emergencial para quem precisa, onde os ricos devem pagar mais impostos para financiar políticas sociais no combate à desigualdade. Essas palavras poderiam estar em algum dos milhares de cartazes empunhados nas ruas no sábado do #29MForaBolsonaro. Mas, resumem a terceira edição de Nós e as Desigualdades, pesquisa realizada em parceria entre a Oxfam Brasil e o Instituto Datafolha. O Brasil que emerge desse levantamento é plural, e entre outros, reconhece o machismo e o racismo como problemas a serem superados.
“A despeito do crescimento do discurso conservador que ganhou indubitável expressão política após as eleições de 2018… brasileiras e brasileiros expressam a compreensão de que mulheres ganham menos por serem mulheres, que sobre elas não devem recair a responsabilidade do trabalho doméstico e de cuidados”, informa a pesquisa. “Entendem também que a cor da pele influencia negativamente a renda, além de reduzir as chances de contratação por empresas, aumentar as chances de abordagem policial e impactar negativamente o comportamento do sistema de Justiça.”
Para oito em cada dez pessoas, reduzir as desigualdades sociais é condição primordial para o progresso da nação. “Aumentou o percentual de pessoas que aprovam o aumento da tributação no topo da pirâmide (84%) e, pela primeira vez desde que a pesquisa é realizada, a maioria da população (54%) é favorável ao aumento de impostos para todos como forma de financiar políticas sociais, como saúde, educação e moradia”, revela a diretora executiva da Oxfam, Katia Grager Maia, na apresentação dos resultados do estudo. Para 84%, deve haver aumento dos impostos de pessoas muito ricas para financiar políticas sociais. E 94% concordam que o imposto pago deve beneficiar os mais pobres.
Dezenas de entidades sindicais, entre elas o Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, apoiam a campanha nacional "Tributar os super ricos". A Campanha visa sensibilizar a sociedade sobre a necessidade da implementação de medidas tributárias emergenciais para enfrentar a grave crise aprofundada na pandemia e com potencial para solucionar problemas históricos de justiça fiscal no Brasil. O movimento busca esclarecer as medidas e a necessidade da implementação da campanha para fortalecer o Estado. São ações de curto e médio prazo que ajudam a enfrentar a pandemia, garantir renda para os mais pobres e a retomada da atividade econômica.
O Sindicato apoia estas medidas tendo em vista a grande desigualdade e a acumulação de riquezas que persistem no Brasil. "Os super-ricos brasileiros aumentaram sua riqueza durante a pandemia, enquanto cresceu o desemprego e pequenos negócios foram a falência. Para que tenhamos, de fato, justiça social no país, é preciso combater a desigualdade e as distorções tributárias. Não podemos mais permitir que alguns poucos sigam explorando trabalhadores e acumulando riquezas enquanto o Brasil volta ao mapa da fome e milhões vivem na miséria. Apoiamos esta campanha para que a crise não seja colocada, mais uma vez, nas costas do trabalhador", reforça Roberto Carlos Vicentim, presidente do Sindicato.
Importância do Estado
A representante da Oxfam avalia as necessidades para enfrentar essa desafiadora realidade. “Além das medidas emergenciais de resposta aos efeitos da pandemia de coronavírus no país e a implementação do Plano Nacional de Imunização (PNI) com celeridade e efetividade, é necessário pensar e implementar políticas sociais fortes e inclusivas, financiadas por um sistema tributário justo e solidário, que garanta ao Estado condições de efetivar os princípios de redução das desigualdades sociais e regionais previstos na Constituição Federal de 1988”, afirma.
“Esperamos que esta pesquisa contribua para o debate sobre a importância do Estado no enfrentamento das desigualdades, ainda mais em um contexto de desafios adicionais graças à pandemia, a partir da percepção da sociedade, fomentar o debate sobre a urgência da construção de um Brasil mais justo, solidário e humano”, reforça Katia Grager Maia.
“Há uma ampla percepção pública sobre a relevância da ação do Estado na redução de desigualdades regionais, um princípio previsto no artigo 3º, III, da Constituição Federal de 1988”, revela o levantamento. “Em 2020, 89% dos brasileiros concordavam total ou parcialmente que ‘o governo brasileiro deve ter como prioridade diminuir a desigualdade entre as regiões mais ricas e as regiões mais pobres do país’; em 2019, eram 88% e, em 2017, 81%.
A pesquisa
Essa terceira edição da pesquisa foi realizada 22 meses após a segunda edição, devido às restrições a levantamentos presenciais à luz da pandemia do novo coronavírus. Uma foto da opinião pública ao fim de um ano marcado pela crise sanitária provocada pela pandemia de covid-19, além do segundo ano do governo do presidente Jair Bolsonaro.
A abordagem pessoal dos 2.079 entrevistados foi feita em pontos de fluxo populacional relevante no país entre 7 e 15 de dezembro de 2020. Foram 130 municípios de pequeno, médio e grande portes, incluindo regiões metropolitanas e cidades do interior. A margem de erro para a amostragem geral é de 2% para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. “Por ser uma pesquisa amostral realizada em locais de grande circulação de pessoas, o Instituto Datafolha definiu uma amostra que busca refletir o próprio perfil da sociedade brasileira de acordo com o último Censo Demográfico, realizado em 2010. O questionário estruturado aplicado, com cerca de 20 minutos de duração, incluiu perguntas abertas, baterias de concordância e discordância, e perguntas fechadas (excluídas perguntas de identificação)”, explica a apresentação da pesquisa disponível no site da Oxfam Brasil, juntamente com a apresentação geral do Datafolha e os microdados.
Sem redução de desigualdades não há progresso
- 86% creem que o progresso do Brasil está condicionado à redução de desigualdade entre pobres e ricos
- 85% concordam que é obrigação dos governos diminuir a diferença entre muito ricos e muito pobres, ante 84% em 2019
Impostos contra a desigualdade
- 84% concordam com o aumento dos impostos de pessoas muito ricas para financiar políticas sociais, ante 77% em 2019
- 94% concordam que o imposto pago deve beneficiar os mais pobres
- 56% concordam com o aumento dos impostos em geral para financiar políticas sociais, ante 31% em 2019
As principais prioridades para a redução das desigualdades
- 9,6 foi a nota média para “combater corrupção”; “investimento em educação”; e “garantir direitos iguais entre homens e mulheres”
- 9,5 foi a nota média para “aumento da oferta de emprego”; “investimento público em saúde”; e “combater o racismo”
Transferência de renda e pós-pandemia
- 62% apoiam a manutenção, após a pandemia, do auxílio emergencial para as pessoas que têm direito hoje
A cor da pele define
- 76% acreditam que a cor da pele influencia a contratação por empresas; em 2019, eram 72%
- 84% acreditam que a cor da pele influencia a decisão de uma abordagem policial; em 2019, eram 81%
- 78% concordam que a Justiça é mais dura com negros, ante 71% em 2019
Gênero e raça impactam renda
- 67% concordam que o fato de ser mulher impacta a renda, ante 64% em 2019
- 58% concordam que negros ganham menos por serem negros, ante 52% em 2019
Mérito não resolve
- 60% duvidam que o trabalho sirva como equalizador das chances dos mais pobres, ante 58% em 2019
- 52% não creem que a educação das crianças pobres equaliza suas chances de uma vida bem-sucedida; em 2019, eram 51%
Saúde como prioridade
- 62% dos brasileiros acreditam que “ter acesso à saúde” é uma das três principais prioridades para uma vida melhor, ao lado de “estudar” e “fé religiosa”
- 73% defendem universalidade para atendimento em postos de saúde e hospitais, ante 72% em 2019
- 9,5 é a nota média para Investimento público em saúde entre as medidas prioritárias para a redução de desigualdade
Otimismo individual em queda, ceticismo social em ascensão
- 64% acreditam que estarão na “classe média” ou “classe média alta” em cinco anos; em 2019, eram 70%
- 64% não acreditam que as desigualdades diminuirão nos próximos anos; em 2019, eram 57%
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