18/05/2021
Desligamentos por morte de trabalhadores formais cresceram 71,6% no primeiro trimestre

Levantamento divulgado pelo Dieese revela que os desligamentos por morte de trabalhadores com carteira assinada cresceram 71,6% no Brasil, na comparação entre o primeiro trimestre de 2021 e igual período do ano anterior. Em números absolutos, os contratos rescindidos por óbito passaram de 13,2 mil nos três primeiros meses de 2020, quando a pandemia do novo coronavírus começava a atingir o país, para 22,6 mil neste ano. Os dados foram extraídos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.
Entre enfermeiros e médicos, a ampliação dos desligamentos por óbito chegou a 116,0% e 204,0%, respectivamente. No geral, as atividades de atenção à saúde humana registram aumento 75,9% na média de letalidade. As atividades econômicas que apresentaram maior crescimento no número de desligamentos por morte são: educação (106,7%), transporte, armazenagem e correio (95,2%), atividades administrativas e serviços complementares (78,7%) e saúde humana e serviços sociais (71,7%).
De acordo com o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, esses números mostram que a pandemia tem atingido diretamente a classe trabalhadora. Principalmente nos setores considerados essenciais. Ele destaca que esses números seriam ainda maiores, se considerassem também os óbitos dos trabalhadores informais. E também demonstram a total falência do falso dilema entre salvar vidas ou a economia, defendido pelo governo Bolsonaro.
“A maior quantidade de desligamentos por morte aconteceu em setores considerados como atividade essencial. Esse conjunto de atividades inclusive foi crescendo com os decretos do próprio governo. É um demonstrativo do quanto a pandemia se abateu sobre os trabalhadores”, disse Fausto, em entrevista aoJornal Brasil Atual, na segunda-feira (17).
Negligência
Além disso, Fausto atribui o aumento desse número de mortes à falta de políticas públicas no combate à pandemia. Em especial por parte do governo federal, tanto em relação a medidas sanitárias, como isolamento social coordenado e a busca por vacinas, como a medidas sociais, como, por exemplo, a suspensão do auxílio emergencial no início deste ano. A suspensão aumentou a circulação de trabalhadores informais, impactando também no aumento de óbitos dos trabalhadores celetistas.
Por outro lado, ele afirma que a alta nos desligamentos por morte demonstram negligência também no setor privado. Parte das empresas falhou em garantir equipamentos de proteção individual (EPIs). E também na implementação de medidas de distanciamento nos locais de trabalho. Além disso, a alta dos óbitos dos trabalhadores do setor de transportes indica que este também é outro foco de disseminação descontrolada da doença.
Bancários também são trabalhadores essenciais e estão na linha de frente do perigo
Preocupadas em resgardar a vida da categoria e diante da negligência do governo e banqueiros, as entidades sindicais vêm lutando pela garantia de medidas de proteção e protocolos de segurança nos bancos públicos e privados.
"Desde o início da pandemia, a organização sindical foi essencial para avançar e lutar pelos trabalhadores, a partir de reivindicações urgentes, conforme recomendações de organizações nacionais e internacionais, como a OMS, para promover a proteção da categoria. Conseguimos a implementação de comunicação preventiva em todos locais de trabalho, que tem um impacto na vida do trabalho e no dia a dia das pessoas. Avançamos e conquistamos também home office para grande parte da categoria, contingenciamento de acesso às agências, redução do horário de atendimento, entre muitas outras conquistas. Estamos aumentando o tom das cobranças para que sejam implantadas medidas como a suspensão de metas e demissões pelos bancos e a inclusão dos bancários em grupo prioritário no Plano Estadual de Imunização, uma medida que trará mais segurança tanto para os trabalhadores, como para toda a população", ressaltou o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
Durante a pandemia, muitos trabalhadores perceberam que os sindicatos têm um papel fundamental na organização da classe trabalhadora na luta por uma sociedade justa e democrática e pela ampliação dos direitos individuais e coletivos. Sem os sindicatos teríamos uma situação de poderes absolutos dos detentores do capital para ditar as regras do mundo do trabalho em suas diversas esferas como remuneração, jornada e condições de trabalho.
Assista à entrevista:
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