15/03/2021

A vida piora: pesquisa mostra "lacuna de crédito" para o pequeno empresário no Brasil



As dificuldades econômicas enfrentadas durante a pandemia atingiram em cheio os micros e pequenos empreendedores brasileiros. Ao mesmo tempo em que a desaceleração do consumo trouxe a necessidade de crédito para se manterem durante a crise, o cenário de incerteza levou os bancos a serem mais cautelosos ao oferecerem empréstimos. Um estudo realizado pelo professor Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicado pelo jornal Valor Econômico, mostrou que há uma "lacuna de crédito" para o pequeno empresário no Brasil. 

Segundo o levantamento, feito em parceria com os pesquisadores Bruno Barreira e Arthur Ridolfo, há 9,8 milhões de microempreendedores individuais (MEIs), 6,6 milhões de microempresas (MEs) e 900 mil empresas de pequeno porte no Brasil (EPPs). A pesquisa, que constatou que a maioria dessas companhias depende de suas próprias vendas para ter um capital de giro, estimou uma perda de 49% a 65% no faturamento das empresas, em média, o que mostraria uma necessidade de uma demanda de R$ 472 bilhões de crédito. 

O Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, assim como demais entidades sindicais, já havia feito o alerta sobre a falta de medidas anticíclicas do governo. Até o momento, ainda pouco se fez para indicar como a população irá sair da crise. O Brasil não tem um plano efetivo para restabelecer a economia, criar emprego e renda ou mesmo de vacinação para toda a população para superar a crise sanitária da Covid-19.

“Desde o início da crise alertamos para a necessidade do governo apresentar um plano econômico, com medidas que combatam a desigualdade, criem empregos e mantenham direitos. A economia brasileira vem rastejando frente a ausência de uma estratégia de crescimento. Os sindicatos atuaram de maneira vigorosa, e dentro dos protocolos sanitários, para realizar as campanhas salariais, renovar os acordos e convenções coletivas, proteger os empregos, os salários e as conquistas dos trabalhadores. Tudo o que o governo Bolsonaro ainda não fez!  Ao contrário, permanece agindo contra o Brasil e a população ao atacar instituições fundamentais para o desenvolvimento do país, como os bancos públicos. Em meio à pandemia, Caixa e BB, por exemplo, são pilares para a economia, podem e devem ser usados para a execução de políticas anticíclicas, como ocorreu em 2008", ressalta o presidente do Sindicato, Roberto Carlos Vicentim.

Considerando os dados de concessão de crédito divulgados pelo Banco Central em 2019, eles estimaram uma lacuna entre a demanda potencial de MPEs (Micro e Pequenas Empresas) e a oferta anual de crédito pelas instituições financeiras da ordem de R$ 202 bilhões. 

Segundo Gonzalez, esse seria um bom momento para o governo intervir e incentivar o microcrédito por meio de parcerias de bancos estatais com instituições privadas. "Acho que nesse momento o governo precisa ter um papel ativo no crédito para os pequenos. Porque o setor privado e o setor financeiro tradicional não atende a esse setor", afirma. Para ele, uma saída poderia ser a criação de parcerias entre os bancos estatais, como a Caixa Econômica, Banco do Nordeste e até mesmo o BNDES com empresas de microcrédito e até mesmo fintechs, a fim de atender a demanda reprimida. 
Fonte: Fenae, com edição de Seeb Catanduva

SINDICALIZE-SE

MAIS NOTÍCIAS