09/03/2021
Pandemia reforçou abismo salarial entre homens e mulheres, mostra estudo do Dieese

Um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que a crise econômica e social agravada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) reforçou a desigualdade entre gêneros no mercado de trabalho. Além de serem mais afetadas com a perda de postos de trabalho, elas ganham em média 20% menos do que os homens. Em 2020, a remuneração média das mulheres foi de R$ 2.191,00. Para os homens foi de R$ 2.694,00.
O levantamento do Dieese foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O maior abismo salarial entre homens e mulheres foi encontrado no estado do Mato Grosso do Sul onde o salário delas representa 65,4% do deles. Em segundo está o Rio Grande do Sul (70,8%) e em terceiro Santa Catarina (75,3%).
Já as menores diferenças estão no Amapá, onde o salário da mulher corresponde a 99,6% do salário dos homens, Ceará (95,1%) e Piauí (93,4%).
A análise por raça mostra que a situação para as mulheres negras é pior. Com salários ainda menores, essas mulheres tiveram em 2020, rendimento médio de R$ 10.95 contra R$ 18,15 das não negras. Homens negros ganham R$ 11,55 por hora. Não negros ganham quase o dobro: R$ 20,79.
A taxa de desocupação feminina no 3° trimestre de 2020 ficou em 16,8%, percentual maior que no mesmo período de 2019 (13,9%), em que havia 41,2 milhões de mulheres ocupadas no país. Em 2020, o número caiu para 35,5 milhões, ou seja, 5,7 milhões de mulheres a menos no mercado de trabalho.
No recorte por raça, a taxa de desocupação para as mulheres negras ficou em 19,8%, contra 13,5% das não negras.
As regiões Norte e Nordeste têm as maiores taxas de desocupação. A Bahia lidera o ranking nacional com 24,9%. A menor taxa está em Santa Catarina (8,4%).
Entre as trabalhadoras informais, sem carteira assinada, ou seja, sem direitos como FGTS, seguro-desemprego, férias e 13° salário, o número caiu de 13,5 milhões para 10,5 milhões, o que significa que mais três milhões de mulheres ficaram sem trabalho informal e sem renda.
Neste contingente não estão incluídas as trabalhadoras domésticas. Somente em 2020, cerca de 1,6 milhão de mulheres da categoria perderam o emprego. Dessas, 400 mil trabalhadoras tinham carteira assinada e 1,1 milhão não tinham registro em carteira. Outras 100 mil eram autônomas.

Para a economista e pesquisadora do Dieese, Patrícia Pelatieri, responsável pelo levantamento, “os resultados refletem um agravamento da situação de pobreza e exclusão social”. Ela diz ainda que no cenário doméstico a situação não é diferente. “Em casa a desigualdade persiste. A responsabilidade pelas tarefas domésticas e os cuidados familiares ainda recaem muito mais sobre elas, mostrando que persiste o desafio de melhorar o compartilhamento das atividades”.
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista, aponta a característica machista e patriarcal da sociedade como principal fator para a desigualdade entre homens e mulheres.
“Historicamente, a sociedade delega à mulher a responsabilidade do cuidado com a família, os filhos, os idosos, com a casa. Ela assume um papel que deveria ser da sociedade e do Estado e ainda por cima, é punida por isso, tendo salários menores e maior vulnerabilidade no mercado de trabalho”, diz a dirigente.
Além do salário mais baixo, as mulheres ainda estão mais sujeitas a situações de assédio moral e sexual. “Começa já na entrevista de emprego, quando um empregador pergunta à mulher se ela pretende casar e ter filhos”, diz Juneia, para explicar que as relações de trabalho para a mulher são mais frágeis.
Ela diz ainda que na hora de contratar, demitir e definir o salário, o fato de ser mulher pesa muito. “O salário é menor porque o homem sempre será considerado mais disponível. Na hora de contratar, a mulher tem mais dificuldade de uma colocação por ter que dividir sua jornada com a responsabilidade familiar e na hora de demitir, o patrão junta todos esses fatores para eleger a mulher como dispensável”, afirma Juneia.
"Enquanto não houver políticas públicas que garantam liberdade, acesso e permanência no mundo do trabalho, não haverá igualdade e a sociedade continuará sendo excludente", acrescenta.
Qualificação e formação que não contam
Mesmo com escolaridade mais alta, as mulheres ainda têm menores salários e enfrentam mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Uma pesquisa do Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (Insper), realizada em 2020, aponta que o salário de um homem branco, formado em uma universidade pública pode ser até 159% maior do que o uma mulher negra também formada em instituições públicas.
"Romper com as desigualdades é tarefa urgente, pois estas se refletem no mundo do trabalho e se espalham na sociedade como um todo, exemplo disso é o assédio nos locais de trabalho e a violência doméstica", ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Carlos Vicentim.
Nesse sentido, acrescenta o dirigente, nosso grande desafio e umas das principais bandeiras de defesa tem sido incluir a busca por igualdade, principalmente no mercado de trabalho.
"A igualdade de oportunidades no âmbito profissional e na vida é uma das lutas do movimento sindical bancário, que acumulou conquistas ao longo dos últimos anos. Uma delas é a realização do Censo da Diversidade, levantamento que visa traçar o perfil da categoria segundo gênero, raça, orientação sexual e PCDs (pessoas com deficiência). Mesmo com avanços significativos, a mulher ainda sofre inúmeras discriminações apenas pelo fato de ser mulher. Infelizmente, o Brasil tem avançado, neste governo, muito devagar, e até mesmo retroagido, no que tange a políticas públicas de empoderamento feminino. Precisamos mudar esses números, a igualdade salarial entre homens e mulheres é algo essencial para desenvolver ainda mais a sociedade. Precisamos combater todas as desculpas e estereótipos que ‘justificam’ essa injustiça, defende Vicentim.
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista, aponta a característica machista e patriarcal da sociedade como principal fator para a desigualdade entre homens e mulheres.
“Historicamente, a sociedade delega à mulher a responsabilidade do cuidado com a família, os filhos, os idosos, com a casa. Ela assume um papel que deveria ser da sociedade e do Estado e ainda por cima, é punida por isso, tendo salários menores e maior vulnerabilidade no mercado de trabalho”, diz a dirigente.
Além do salário mais baixo, as mulheres ainda estão mais sujeitas a situações de assédio moral e sexual. “Começa já na entrevista de emprego, quando um empregador pergunta à mulher se ela pretende casar e ter filhos”, diz Juneia, para explicar que as relações de trabalho para a mulher são mais frágeis.
Ela diz ainda que na hora de contratar, demitir e definir o salário, o fato de ser mulher pesa muito. “O salário é menor porque o homem sempre será considerado mais disponível. Na hora de contratar, a mulher tem mais dificuldade de uma colocação por ter que dividir sua jornada com a responsabilidade familiar e na hora de demitir, o patrão junta todos esses fatores para eleger a mulher como dispensável”, afirma Juneia.
"Enquanto não houver políticas públicas que garantam liberdade, acesso e permanência no mundo do trabalho, não haverá igualdade e a sociedade continuará sendo excludente", acrescenta.
Qualificação e formação que não contam
Mesmo com escolaridade mais alta, as mulheres ainda têm menores salários e enfrentam mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Uma pesquisa do Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (Insper), realizada em 2020, aponta que o salário de um homem branco, formado em uma universidade pública pode ser até 159% maior do que o uma mulher negra também formada em instituições públicas.
"Romper com as desigualdades é tarefa urgente, pois estas se refletem no mundo do trabalho e se espalham na sociedade como um todo, exemplo disso é o assédio nos locais de trabalho e a violência doméstica", ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Carlos Vicentim.
Nesse sentido, acrescenta o dirigente, nosso grande desafio e umas das principais bandeiras de defesa tem sido incluir a busca por igualdade, principalmente no mercado de trabalho.
"A igualdade de oportunidades no âmbito profissional e na vida é uma das lutas do movimento sindical bancário, que acumulou conquistas ao longo dos últimos anos. Uma delas é a realização do Censo da Diversidade, levantamento que visa traçar o perfil da categoria segundo gênero, raça, orientação sexual e PCDs (pessoas com deficiência). Mesmo com avanços significativos, a mulher ainda sofre inúmeras discriminações apenas pelo fato de ser mulher. Infelizmente, o Brasil tem avançado, neste governo, muito devagar, e até mesmo retroagido, no que tange a políticas públicas de empoderamento feminino. Precisamos mudar esses números, a igualdade salarial entre homens e mulheres é algo essencial para desenvolver ainda mais a sociedade. Precisamos combater todas as desculpas e estereótipos que ‘justificam’ essa injustiça, defende Vicentim.
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