24/06/2020
Presidente da Caixa confirma privatização de áreas estratégicas do banco

O presidente do Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, voltou a reforçar os planos de privatização da Caixa. Em entrevista ao jornal Estadão, na tarde de terça-feira (23), Guimarães, confirmou a venda de setores estratégicos do banco público. “Nós podemos e iremos abrir o capital. Temos ainda algumas decisões internas para serem tomadas, mas o caminho está muito claro: abertura de capital das operações de seguros, de cartões, de asset e uma discussão de loterias que passa por uma outra discussão legal”, disse.
Para Sérgio Takemoto, secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), a declaração de Guimarães não é uma surpresa e reacende a intenção de privatizar o banco público, fundamental para auxiliar a população durante a pandemia e para reerguer a economia no período pós-crise.
Na opinião de Takemoto, com a crise econômica causada pela Covid-19, a Caixa mostrou, mais uma vez, seu papel imprescindível para os brasileiros e para a economia do País. Diante da omissão do governo e dos bancos privados, a Caixa assumiu, sozinha, a sua função social e realizou o pagamento do auxílio emergencial para mais de 64 milhões de brasileiros. E manteve, de pé, os outros programas que ajudam a população a enfrentar a crise”, ressaltou.
Além do pagamento do auxílio emergencial, agora a Caixa vai focar na oferta de crédito para as micro e pequenas empresas. “É mais uma prova da fundamental contribuição da Caixa para fazer a economia do País voltar a girar. A Caixa é um banco público e não pode deixar de cumprir seu papel e sua responsabilidade social, “afirmou Fabiana Uehara Proscholdt, secretária da Cultura e representante
Durante a entrevista, Guimarães ressaltou que a Caixa vai manter seu papel social, mas a venda dos quatro setores (seguros, de cartões, asset management e loteria) são importantes para a Caixa e “não são o coração do banco”. Fabiana discorda. “Se segundo o presidente não são o coração, digamos que são os pulmões, o fígado, ou outro órgão essencial, não tem como viver sem. Privatizar essas partes compromete sim a parte social do banco, não só estruturalmente, mas também os programas sociais em si”, disse.
PL 2715/2020
Projeto de Lei prevê paralisação das privatizações até 2022 – Para tentar segurar “o ímpeto do Governo de entregar o País” com as privatizações, tramita na Câmara dos Deputados o PL 2715/2020, que propõe a suspensão das privatizações até 1 ano após o fim do estado de calamidade pública. Na prática, os processos de desestatização e desinvestimentos só poderão ser retomados em 2022.
Para o deputado Enio Verri (PT/PR), um dos autores do projeto, além de vender barato por conta da desvalorização das empresas diante da pandemia, a privatização dos setores anunciados por Guimarães também vai prejudicar a população. “Privatizar setores essenciais como o de cartões, loterias e o de seguros é um equívoco, dentro do princípio de reduzir a desigualdade regional e social no país. Se a Caixa fica menor ou mais frágil, sua capacidade de negociação ficará reduzida. Isso fará com que o banco passe a intervir menos na economia e na vida das pessoas mais pobres”, alerta.
"Estamos assistindo ao início de um processo de sucateamento de empresas, bens e serviços públicos. É um retrocesso que poderá preceder muitos outros. Quando se fala em privatizar, é preciso saber claramente o prejuízo que isso pode causar a todos os brasileiros, por isso, essa é uma luta que deve ser assumida por todos os trabalhadores e a sociedade", reforça o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
As deputadas Fernanda Melchionna (Psol/RS), Joênia Wapichana (Rede/RR) e Perpétua Almeida (PCdoB/AC) também são autoras do PL, que recebeu 93% de apoio popular. Neste link é possível dar sua opinião e votar na enquete da Câmara: https://forms.camara.leg.br/ex/enquetes/2252846
SINDICALIZE-SE
MAIS NOTÍCIAS
- Itaú antecipará pagamento da PLR e da PCR para o dia 25
- Bancários aprovam proposta do Bradesco para novo PPR Supera
- Sindicato celebra o Dia do Bancário com show de prêmios e reconhecimento à categoria
- Receita enquadra fintechs nas mesmas exigências de transparência dos bancos
- 1º semestre da Funcef registra rentabilidade acima da meta atuarial
- Bancários do Bradesco votam proposta do Programa Supera em assembleias nesta sexta-feira (29)
- Representantes do GT Banco do Futuro definem pautas da próxima reunião com a Caixa
- Dia do Bancário: história de luta, conquistas e transformação social
- Megaoperação revela que PCC utiliza fintechs para lavar bilhões de reais
- Sindicato alerta para nova tentativa de golpe utilizando nosso parceiro jurídico Crivelli Advogados
- Dia do Bancário: Sindicato presente nas agências reforça diálogo e defesa de direitos
- Sindicato vai às ruas em defesa do Banco do Brasil e da soberania nacional
- Saúde Caixa: Caixa é ágil ao tentar minimizar impacto de projeções de reajuste, mas silencia sobre fim do teto em alteração de estatuto
- Reajuste salarial, PLR, VA e VR: Quanto e quando você vai receber?
- 10 motivos para você ir às ruas no 7 de setembro defender a soberania nacional