20/04/2020
MP 905 caducou, mas pressão deve continuar

A pressão dos trabalhadores sobre os senadores surtiu efeito e a MP 905 não será votada nesta segunda-feira (20), último dia antes da matéria perder a validade. O presidente da República, Jair Bolsonaro, informou por meio de uma rede social a revogação do texto que institui o Contrato Verde Amarelo, com flexibilização de direitos trabalhistas e redução de contribuições de empresas para estimular a contratação de jovens de 18 a 29 anos e pessoas acima de 55 anos.
"Diante da iminente caducidade da MP 905, optei por revogá-la, mediante entendimento com o presidente do Senado [Davi Alcolumbre (DEM-AP)]", escreveu Bolsonaro em sua conta do Twitter nesta segunda-feira. A medida provisória perderia a validade no fim do dia.
"Para criação de empregos, editaremos nova MP específica para tratar do contrato Verde e Amarelo durante o período de enfrentamento da Covid (Dec-leg 6/20)", prosseguiu o presidente na publicação.
Como o texto presidencial foi editado no ano passado, o governo pode voltar a tratar do assunto por MP neste ano legislativo. Por isso, os trabalhadores devem continuar pressionando os senadores acessando o site Na Pressão. Os contatos de todos senadores também podem ser acessados clicando neste link, e dos deputados, clicando aqui.
MP atacava direitos dos bancários
O chamado Contrato Verde Amarelo foi criado pelo governo federal no ano passado com o objetivo de reduzir direitos para trabalhadores e encargos trabalhistas para empresas e, com isso, estimular a geração de empregos, principalmente entre jovens.
O Contrato Verde Amarelo valeria para vagas de emprego que pagam até um salário-mínimo e meio, ou seja, R$ 1.567,50 (em 2020).
Contudo, durante a tramitação na Câmara dos deputados a MP recebeu diversas emendas, incluindo muitas que prejudicam diretamente a categoria bancária.
De acordo com texto aprovado na Câmara dos Deputados – e que acabou não sendo votado a tempo no Senado – estariam liberadas para ocorrer aos sábados, domingos e feriados as atividades de automação bancária; teleatendimento; telemarketing; serviço de atendimento ao consumidor; ouvidoria; áreas de tecnologia, segurança e administração patrimonial; atividades bancárias de caráter excepcional ou eventual e em feiras, exposições ou shopping centers e terminais de ônibus, trem e metrô.
Acordo aditivo assinado pelo Sindicato e os bancos, no final de 2019, garante a neutralização dos efeitos da MP 905 até dezembro de 2020.
PLR e outros direitos ameaçados
A Participação nos Lucros e Resultados também estará ameaçada caso a MP vire lei. Isto porque o texto exclui os sindicatos da negociação dos termos da PLR e prevê negociação direta entre patrão e empregado, instituindo uma óbvia correlação desigual de forças.
A MP ainda considerava acidente de trabalho no percurso casa-emprego somente se ocorreresse no transporte do empregador; e colocava acordos coletivos acima de jurisprudência e súmulas do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Quanto às horas extras, o texto permite a criação de banco de horas como alternativa ao pagamento de 50% a mais, desde que a compensação ocorra em seis meses.
O presidente já anunciou que irá editar uma nova Medida Provisória. Por isso, os bancários e a classe trabalhadora devem seguir pressionando os parlamentares expressando que não irão aceitar qualquer retirada de direitos com a desculpa da geração de empregos.
"É fundamental que a categoria esteja unida, atenta e mobilizada para defender seus direitos. O momento é de pressionar os parlamentares. Seguiremos na vigília contra qualquer medida que atenda somente aos patrões e configure um ataque do governo Bolsonaro e de deputados ligados a banqueiros e grandes empresários contra a classe trabalhadora, ressalta o presidente do Sindicato, Roberto Carlos Vicentim.
A necessidade da flexibilização de direitos para a geração de empregos foi a justificativa do governo Temer para aprovar a reforma trabalhista, em 2017. Dentre outras medidas, a lei 13.467 legalizou a terceirização de todas as atividades de uma empresa, e criou modalidades de contratação precárias como empregos intermitentes e temporários.
Na época o governo prometeu a criação de 6 milhões de vagas, mas até hoje, mais de dois anos depois, apenas 700 mil empregos foram criados, em sua maioria sob contratos intermitentes e temporários. Ou seja, empregos precários. Não é por meio da retirada de direitos que empregos são criados. O mercado de trabalho é aquecido por meio do estímulo à atividade econômica. E o fortalecimento do Estado tem papel fundamental nesta função.
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