13/03/2020
CUT e centrais sindicais mantêm calendário de luta, mas entram em alerta por coronavírus

As centrais sindicais a princípio mantêm o calendário de manifestações, que inclui ato na próxima quarta-feira (18), com movimentos sociais em defesa da educação, do emprego e de manutenção de direitos. Mas não descartam a suspensão do protesto, devido ao avanço da crise causada pelo coronavírus –na quarta-feira (11), a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou pandemia, e eventos e atividades vêm sendo cancelados em vários países do mundo.
Reunidas na quinta-feira (12), na sede do Dieese, em São Paulo, as entidades avaliaram a “crise sanitária e econômica”, pedindo providências emergenciais das autoridades para conter a doença e suspensão de medidas em tramitação no Legislativo. “Defendemos um amplo diálogo com a sociedade e com o Congresso Nacional para definir as medidas necessárias para conter a crise do coronavírus e a crise econômica”, afirmam.
Depois de aproximadamente três horas de reunião, pelo menos três centrais defendiam a suspensão imediata da manifestação. Outras eram favoráveis à manutenção do calendário, mas monitorando a situação até lá, devido ao rápido avanço do vírus. Por isso, marcaram novo encontro para a manhã de segunda-feira (16), novamente na sede do Dieese, na região central da cidade.
Momento grave
“O momento é muito grave”, afirmou o presidente da CUT, Sérgio Nobre. “As centrais estão se colocando à disposição das autoridades para colaborar”, acrescentou, preocupado com os impactos econômicos e sociais da crise, especialmente em um momento em que o governo Bolsonaro está “desmontando o sistema de saúde.”
Ele se manifestou ainda mais preocupado com segmentos específicos de trabalhadores, como no setor de transporte coletivo e da área de saúde, além de profissionais da educação e crianças nas escolas. E falou sobre a possibilidade de empresas interromperem atividades, propondo redução de jornada e salário. Há ainda o cenário de ataque a direitos, caso da votação da Medida Provisória 905, da “carteira verde e amarela”, remarcada para a próxima terça (17) em comissão mista do Congresso.
O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, disse que a central é a favor de cancelar as manifestações públicas, mantendo apenas eventos em porta de fábrica, por exemplo – a posição foi acompanhada por CSB e UGT. “Estamos ouvindo os nossos sindicatos.”
Confira a íntegra a nota das centrais:
As Centrais Sindicais reunidas nesta quinta-feira, 12/03/2020, em São Paulo para discutir a declaração de pandemia global pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em decorrência do novo coronavírus se coloca na defesa de ações coletivas de prevenção à propagação do vírus e seus impactos sociais e econômico.
As entidades entendem que esse momento demanda do Estado brasileiro, em seus três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a compreensão de sua excepcionalidade e a importância da ampla concentração das ações em medidas emergenciais para o enfrentamento da crise.
Ao mesmo tempo, as Centrais reivindicam a suspensão das discussões de medidas que atacam os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras no Congresso Nacional, como por exemplo, a MP 905/2019, a Carteira Verde Amarela. Nesse sentido, propomos um amplo diálogo com a sociedade e com o Congresso Nacional para definir as medidas necessárias para conter a crise do coronavírus e a crise econômica.
As Centrais Sindicais também reafirmam que é fundamental a abertura do debate para elaborar medidas emergenciais à proteção de todos os trabalhadores e trabalhadoras, formais e informais, e de seus empregos e renda, no período que a pandemia estiver decretada, além de medidas específicas para os trabalhadores e trabalhadoras da saúde, educação e transporte público que estão mais expostos ao contágio.
As entidades reforçam a relevância do fortalecimento da saúde pública, dos serviços públicos e de seus trabalhadores e trabalhadoras, considerando que nessa crise é fundamental para a mitigação dos riscos e o controle da doença, que ameaça se ampliar em nossopaís. Esse fortalecimento é fundamental para a proteção individual e coletiva e para a efetivação da tarefa social dos serviços públicos.
As Centrais Sindicais se mantêm em avaliação permanente, com uma reunião agendada na próxima segunda, dia 16, às 10h, na sede do DIEESE, em São Paulo, para discutir a crise sanitária e econômica em curso no país e para tomar as decisões que se fizerem necessárias nesse momento. As Centrais reforçam a importância das mobilizações da classe trabalhadora.
CUT – Central Única dos Trabalhadores
FS – Força Sindical
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
NCST – Nova Central Sindical dos Trabalhadores
UGT – União Geral dos Trabalhadores
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros
CSP – Conlutas – Central Sindical e Popular – Conlutas
Intersindical – Central da Classe Trabalhadora
SINDICALIZE-SE
MAIS NOTÍCIAS
- Negros seguem como principais vítimas da violência no Brasil, mostra Anuário de Segurança 2025
- Segundo Dieese, altas rendas não contribuem sequer com 10% da alíquota do IR
- Encontro Nacional dos Funcionários do Santander debaterá cenário econômico, perspectivas do sistema financeiro e plano de luta da categoria
- Delegados aprovam Plano de Lutas na 27ª Conferência Estadual da FETEC-CUT/SP
- CEE cobra e Caixa garante que reestruturação não trará perdas financeiras
- Impactos da digitalização no mercado financeiro foi tema de encontro da UNI América Finanças
- Negociações sobre custeio do plano associados da Cassi avançam, mas ainda sem acordo
- 27ª Conferência Estadual da FETEC-CUT/SP reafirma defesa da soberania e dos empregos frente à IA
- Recorte da Consulta Nacional revela falta de comprometimento dos bancos com igualdade de oportunidades
- Empregados reafirmam que a solução para o Saúde Caixa passa, necessariamente, pelo reajuste zero e pelo fim do teto de 6,5%
- Encontro Nacional dos Funcionários do Banco Itaú-Unibanco discutirá impactos da inteligência artificial e condições de trabalho
- Bancários rejeitam pejotização irrestrita e defendem contratação via CLT
- Encontro Nacional dos Funcionários do Bradesco acontece em 22 de agosto em São Paulo
- Impactos da IA e Soberania são temas da 27ª Conferência Estadual da FETEC-CUT/SP
- Faltam 8 dias para o início da 27ª Conferência Nacional dos Bancários