27/01/2020

Contramão: bancos lucraram R$ 80 bilhões e eliminaram 9.463 postos de trabalho em 2019


(Arte: Marcio Baraldi)

 
O setor bancário brasileiro eliminou 9.463 postos de trabalho em 2019. Somente em dezembro foram extintas 680 vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo Ministério da Economia. Fechamento de posto de trabalho caracteriza a extinção de uma vaga (demissão de um trabalhador sem que outro seja contratado para a mesma função).

Além do fechamento de postos de trabalho, um dos setores mais lucrativos da economia do país também ganha com a redução salarial. Os 44.963 bancários demitidos durante o ano ganhavam em média R$ 7.138. Já os 35.500 admitidos no período foram contratados ganhando R$ 4.564. Ou seja, em 2019 os trabalhadores foram contratados ganhando 36% menos do que os demitidos. 

Embora a mídia e as agências de classificação de risco não admitam, porque priorizam o lado do mercado e não a realidade dos trabalhadores, a economia continua ruim. A renda está diminuindo e a informalidade aumentando. Por sua vez, os bancos estão lucrando cada vez mais e investindo cada vez menos na geração de emprego.

Até setembro de 2019 (o lucro do quarto trimestre ainda não foi divulgado), os cinco maiores bancos do país (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) luraram R$ 80 bilhões, aumento de 23,6% em relação ao mesmo período de 2018. Essas cinco instituições financeiras representam 90% do total de empregos no setor bancário.

"Mesmo com o crescimento dos lucros, os bancos continuam com as demissões. O banco tem uma função social de contribuir com o desenvolvimento econômico do país, principalmente pela circulação da moeda e não apenas ser usado para gerar lucro, atuando somente em áreas ricas do país, com poucas agências e um quadro reduzido de trabalhadores, o que prejudica o atendimento à população e aumenta a sobrecarga de trabalho, gerando adoecimentos na categoria bancária”, defende o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim.

Desigualdade de gênero persiste e aumenta

Entre os gêneros, a desigualdade continua. Em 2019, as mulheres foram contratadas ganhando em média R$ 3.893, 76% do salário dos homens admitidos (R$ 5.140). As demitidas ganhavam R$ 6.062 em média, 74% do salário médio dos dispensados (R$ 8.174).

No recorte do mês de dezembro, as bancárias foram admitidas com média salarial de R$ 3.678, 77% da média dos homens admitidos (R$ 4.775). As demitidas ganhavam R$ 6.368 em média, 77% do que recebiam na média os dispensados (R$ 8.260).  

Apesar de mais escolarizadas que os homens que atuam no setor, as bancárias ganham salários menores e possuem maior dificuldade de ascensão profissional, o que contata o machismo estrutural no setor bancário. 

Na última Campanha Nacional Unificada dos Bancários, em 2018, a categoria conquistou a realização de um novo Censo da Diversidade. No primeiro trimestre será realizada uma mesa de igualdade de oportunidades entre os Sindicatos e a Fenaban para discutir os dados do censo e as ações que o movimento cobra para combater as desigualdades no setor . 

O censo é uma ferramenta importante que auxiliará na construção de demandas a fim de combater as desigualdades de gênero e raça no setor bancário e para a promoção de políticas de igualdade de oportunidades para mulheres, PCDs (pessoas com deficiência) e negros.
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

SINDICALIZE-SE

MAIS NOTÍCIAS