19/02/2019
Os quatro dos cinco maiores bancos lucraram mais de R$73 bilhões no Brasil em 2018

Quatro dos cinco maiores bancos privados do país – Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil – somaram R$ 73,2 bilhões em 2018, um crescimento médio de 12,8% em doze meses e rentabilidade variando entre 13,9% (no Banco do Brasil) e 21,9% (do Itaú Unibanco).
Se considerarmos que a Caixa, que ainda não divulgou seu resultado anual, já tinha registrado R$ 11,5 bilhões, até o 3º trimestre do ano, os lucros líquidos somados dos cinco maiores bancos superaram a marca de R$ 85 bilhões no ano. De acordo com o Banco Central, as instituições juntas detêm 85% dos depósitos no país. Ou seja, a concentração no setor segue cada dia maior, o que justifica, em grande parte, resultados tão exorbitantes.
Os quatro ativos somados totalizaram R$ 5,2 trilhões, com alta média de 8,2% em relação a dezembro de 2017, sendo R$ 2,3 trilhões, o total somado das carteiras de crédito, com alta de 6,0% no período. No segmento de Pessoa Física, os itens com as maiores altas são empréstimos consignados e crédito pessoal, financiamento imobiliário e cartão de crédito. Na Pessoa Jurídica, as carteiras de comércio exterior e veículos tiveram variações mais expressivas.
As quedas consecutivas da taxa Selic proporcionaram aos bancos reduções das despesas com captação de recursos no mercado. Os quatro bancos, juntos, gastaram R$ 36,2 bilhões a menos com captação, em doze meses. Por outro lado, as quedas na taxa básica de juros reduziram, em parte, também, os ganhos com TVM (Títulos e Valores Mobiliários), o que não vem se verificando no Banco Santander (onde houve crescimento de 24,5%).
Os bancos seguem ganhando com a prestação de serviços e a cobrança de tarifas e, no ano de 2018, arrecadaram um total de R$ 108,3 bilhões no item. Essa receita secundária cobre com folga as despesas de pessoal dessas instituições, incluindo-se, nessa conta, o pagamento da PLR. A cobertura das despesas de pessoal pela receita de prestação de serviços e tarifas variou entre 121,6% e 185,4%, nos quatro bancos.
Outra conta que vem chamando a atenção é a de resultado com imposto de renda (IR) e contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). Em 2018, Bradesco, Santander e Itaú, gastaram R$ 5,6 bilhões a menos nessa tributação. Parte dessa economia se deve a entrada de créditos tributários referentes a prejuízos em algumas operações, registrados no ano anterior. Apenas, Banco do Brasil apresentou alta nessa conta (de 17,7%).
Com relação aos postos de trabalho nos bancos, parte em função de incorporações (das operações do Citibank no país, pelo Itaú e de empregados de empresas de TI, antes terceirizados, pelo Santander) o saldo foi positivo Itaú (1.264 novos postos) e no Santander (+608). Ainda no Itaú, o saldo deve-se, também, a contratação de pessoal para a área de TI e de Seguros. No Bradesco, em função do PDVE implementado em 2017, o saldo segue negativo em 203 postos de trabalho, contudo, foram abertos 446 novos postos no último trimestre do ano. No Banco do Brasil, por sua vez, o saldo foi negativo em 2.272 postos de trabalho.
Quanto à rede de agências, Santander apresentou saldo positivo, de 28 novas agências abertas. No Itaú, por sua vez, foram fechadas 61 agências físicas e abertas 35 agências digitais, as quais já somam 195 unidades. No Bradesco, o saldo foi negativo em 132 agências no período. O Banco do Brasil fechou 48 unidades durante o ano de 2018.
As apostas e os investimentos dos bancos seguem cada vez maiores no atendimento digital. Agências digitais, agências-café (com outros espaços e serviços no mesmo ambiente do atendimento bancário – o que nos traz grandes preocupações quanto a segurança desses ambientes; além da condição de trabalho/saúde desses bancários), aplicativos para smartphones, inteligência artificial, entre outros.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim, avalia que a lucratividade das instituições financeiras cresce enquanto bancários estão cada vez mais sobrecarregados nas agências, por conta da redução no número de funcionários. Vicentim ressalta que a categoria é uma das que mais adoecem, e um dos motivos, além da sobrecarga crescente, são as exigências constantes para bater metas cada vez maiores.
"Os bancos estão lucrando à custa da saúde do trabalhador e dos juros e tarifas exorbitantes que cobram dos clientes. Em troca disso, devolvem desemprego e serviços cada vez mais precarizados à sociedade. Para ajudar o Brasil a crescer, o mercado financeiro precisa começar retribuir a sociedade, praticando juros civilizados, elevando a oferta de crédito, melhorando o atendimento à população através de contratações e contribuindo para melhorar as relações de trabalho", defende o presidente do Sindicato.
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