31/08/2018

Especialistas defendem que bancos públicos são pilares para o desenvolvimento do Brasil

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O Brasil possui um tesouro que são os bancos públicos. Sem essas instituições financeiras de caráter público o país não teria chegado ao patamar que chegou. Um país, aliás, não pode abrir mão de ter instrumentos que atendam aos interesses do povo, cabendo aos bancos públicos esse papel de indutor da economia.

A experiência brasileira de desenvolvimento é resultado da articulação de bancos públicos com empresas públicas, com uma diversificação da estrutura produtiva. O crescimento do país e uma melhor distribuição de renda são dois fatores que caminham de forma combinada.

Essas visões balizaram os debates de mais um evento da série “Diálogos Capitais”, promovido pela revista Carta Capital em parceria com a Fenae, na quarta-feira (29), em Teresina (PI). Na ocasião, especialistas dissecaram o tema sobre o papel dos bancos públicos no desenvolvimento regional, com foco nas questões consideradas fundamentais para o futuro do Brasil. Os convidados para esse bate-papo foram Wellington Dias (governador do Estado do Piauí), Luiz Gonzaga Belluzzo (economista), Pedro Rossi (professor do Instituto de Economia da Unicamp), Arlindo Pereira Neto (sócio da empresa Ecosolary) e Neide Carvalho (coordenadora da União Nacional por Moradia Popular - UNMP).

Esse debate da série “Diálogos Capitais” foi acompanhado por representantes de entidades representativas dos empregados da Caixa Econômica Federal e do movimento associativo. Segundo Jair Ferreira, presidente da Fenae, “debates como esse são importantes para reafirmar o posicionamento das entidades representativas em defesa da Caixa 100% pública”. Para ele, inclusive, o papel essencial que os bancos públicos desempenham para o desenvolvimento econômico e social do Brasil precisa ser sempre ressaltado. 

Mesa de debates 

O governador Wellington Dias foi enfático ao afirmar que a Caixa Econômica Federal é o agente público que mais coloca recursos na economia do Piauí, com ênfase para as áreas de habitação, saneamento básico e mobilidade urbana. Ele citou que a conexão entre bancos públicos, investimentos públicos e a atuação secundária do setor privado tem sido importante para o desenvolvimento do estado do Piauí, como foi em período recente importante para o desenvolvimento do Brasil.

O economista Belluzzo lembrou que os bancos públicos são fundamentais na implantação de projetos de desenvolvimento de um país, citando como exemplos experiências em países asiáticos como o Japão, a Coréia e a China. No Brasil, por exemplo, o economista disse que o Banco do Brasil foi fundamental nesse primeiro passo que o país deu em seu processo de industrialização. “Na época, com medidas financeiras tomadas nos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek, que traçaram estratégias de desenvolvimento com foco nos bancos públicos, cerca de 70% do crédito no Brasil era dividido entre os bancos públicos (BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil), sendo dirigidos para projetos específicos com contingenciamento do crédito do setor privado”, comentou.

Belluzzo deixou claro ainda a necessidade de maior clareza da importância do investimento púbico e das empresas públicas para o desenvolvimento econômico e social do país. Ele disse que o Brasil perde sem os bancos públicos com participação forte e decisiva.

Para Neide Carvalho, da União Nacional por Moradia Popular, a luta mais decisiva é pela retomada do programa Minha Casa Minha Vida de forma mais abrangente, para atender às necessidades das famílias de baixa renda. “O governo Michel Temer é um desgoverno. Não tem nenhuma interlocução com o que é público e com a população mais carente”, comentou. E acrescentou: “No último período os bancos públicos, através de uma política habitacional, ajudaram a transformar a vida das pessoas, sobretudo a daquelas famílias nas faixas de zero a um salário mínimo e meio”.

Segundo a coordenadora do UNMP, as políticas voltadas para as famílias de baixa renda tiveram a Caixa Econômica Federal como financiadora e interlocutora importante. “Foram longas rodas de debates, principalmente no âmbito do Conselho Nacional das Cidades”, disse. A militante afirmou também que o desenvolvimento perpassa e tem sempre de tratar dessa questão de vidas.

“Os bancos públicos têm papel fundamental, pois são ferramentas de crescimento, desenvolvimento e contribuem para a redução da desigualdade. A importância do setor bancário público para a economia brasileira é uma situação absolutamente estratégica para o Brasil”, avaliou Pedro Rossi, do Instituto de Economia da Unicamp. Ele opinou também que o sistema financeiro público é fundamental para enfrentar duas ervas daninhas: o oligopólio financeiro privado e as altas taxas de juros. E sentenciou: “O governo Temer é a negação dos bancos públicos, do social e da democracia. Não é verdade que o setor privado vai induzir o desenvolvimento nacional. Se desfazer dos bancos públicos é se desfazer de um instrumento fundamental de desenvolvimento”.

Para Rossi, diferentemente do que ocorre hoje, o que deve guiar as políticas de crédito e as de caráter industrial são basicamente as finalidades sociais. Ele também concordou com Belluzzo em relação à tese de que o sistema de financiamento brasileiro deveria voltar-se, prioritariamente, para impulsionar as pequenas e médias empresas.

Arlindo Neto, sócio da empresa Ecosolary, também participou da mesa de debates da série “Diálogos Capitais” e, na ocasião, disse que existem investimentos dos bancos públicos no desenvolvimento da matriz energética das regiões brasileiras, notadamente em relação à energia eólica e energia solar. Suas reflexões foram baseadas na realidade econômica do Piauí. Ele, nesse sentido, considerou muito importante as linhas de financiamento dos bancos públicos para dinamizar o setor de energia renovável. 
Fonte: Fenae

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