17/08/2018

Sem perspectiva: falta trabalho para mais de 27 mi de brasileiros e desalento bate recorde


(Foto: Reprodução/CUT)

 
Com a economia estagnada e a legalização do bico, o que mais aumenta no país é o desalento, o trabalho precário e a falta de esperança e de oportunidades. Quase cinco milhões de brasileiros sequer têm forças para procurar uma vaga no mercado de trabalho, depois de meses e meses de tentativas frustradas.

A reportagem é do Portal CUT.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) trimestral divulgada, na quinta-feira 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, atualmente, no Brasil, falta trabalho para 27,6 milhões de pessoas.

Outros 4,8 milhões de brasileiros desistiram de procurar emprego. Eles formam o exército que o IBGE chama de desalentados, pessoas que não têm mais esperança de conseguir uma recolocação. Esse é maior número de desalentados da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, e representa um aumento de 800 mil pessoas se comparado com o 2º trimestre de 2017.

A taxa de subutilização da força de trabalho, que inclui os desempregados, pessoas que gostariam e precisam trabalhar mais e aqueles que desistiram de procurar emprego, ficou estável em 24,6%: 13 milhões de desempregados (12,4%), 6,5 milhões de subocupados e 8,1 milhões que poderiam trabalhar, mas não trabalham, grupo que inclui os que desistiram de procurar emprego.

O total de subutilizados atingiu a mais alta taxa da série histórica no trimestre passado, quando o índice chegou a 24,7%. Se comparado com o primeiro trimestre de 2014, antes do golpe de Estado que tirou do poder uma presidenta democraticamente eleita, a população subutilizada cresceu 73%.

Norte e Nordeste: o desalento e o trabalho por conta própria

Os estados do Alagoas (16,6%) e Maranhão (16,2%) foram os que registraram as maiores taxas de desalento da Região Nordeste.

Em contrapartida, as Regiões Norte (31,7%) e Nordeste (28,9%) foram as que apresentaram o maior percentual de trabalhadores por conta própria, que trabalham sem registro em carteira, sem direitos e sem garantia de renda ao final do mês, são os que a TV Globo chama de empreendedores.

O Nordeste (59,9%) e o Norte também apresentaram os menores índices de trabalhadores e trabalhadoras com carteira assinada: Maranhão (50,2%), Pará (55,4%) e Paraíba (55,9%). Já os estados com os maiores percentuais de registro em carteira foram Santa Catarina (88,4%), Rio de Janeiro (82,3%) e Rio Grande do Sul (82,0%).

Desemprego entre pretos e pardos é maior

Do total de 13 milhões de desempregados no Brasil, 64,1% são pretos e pardos e 35% são brancos. Se comparado com o 1º semestre de 2012, quando o Brasil vivia praticamente o pleno emprego, dos 7,6 milhões de desempregados, o total de pretos e pardos desempregados correspondia a 59,1% e de brancos 40,2%.

Em Campanha Nacional, bancários também reivindicam respeito aos empregos

A reforma trabalhista do pós golpe, aprovada sob o pretexto de ampliar o mercado de trabalho, resultou no inverso: um em cada quatro brasileiros procuram trabalho e não conseguem. Muitos empregados perdem direitos. Os bancos, exímios apoiadores do golpe, colaboram fortemente para esse cenário que agrava a crise no Brasil. Desde 2016, eliminaram 40 mil postos de trabalho bancário.

Por isso, a categoria bancária cobra dos negociadores da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) uma proposta que garanta a manutenção dos empregos e a contratação de bancários com todos os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho, independente da remuneração ou escolaridade. E que os novos tipos de contratos previstos pela lei pós-golpe, como intermitente, temporário e terceirizado, só possam ser feitos mediante negociação com os sindicatos.

Os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa) e compõem a mesa de negociação, empregam em torno de 90% da categoria. Em 2017 lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. No primeiro trimestre deste ano já atingiram R$ 20,6 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de 2017.

“A defesa do emprego sempre foi prioridade para nós, representantes dos trabalhadores. E, neste cenário de retirada de direitos, nossa luta pelo fim das demissões e por melhores condições de trabalho se faz ainda mais importante. Os bancos compõem o setor da economia que mais lucra no país, mesmo em tempos de crise. Essas instituições devem muito ao Brasil e aos brasileiros, e possuem plenas condições de contratar mais bancários e ajudar a reduzir a extrema pobreza que desde o golpe só aumentou no país", ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim.
Fonte: CUT, com Seeb SP e edição de Seeb Catanduva

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