14/08/2018
Declaração de Alckmin sobre Pacote do Veneno é 'leviana', diz pesquisadora

"Temos que olhar com cuidado esse tipo de declaração", diz pesquisadora sobre defesa de Alckmin dos agrotóxicos
(Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Para a pesquisadora do Departamento de Geografia da USP, Larissa Mies Bombardi, a declaração do candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, sobre o chamado Pacote do Veneno, é "leviana". Segundo o tucano, "não é lei do veneno, é lei do remédio. Como os animais ficam doentes, as plantas também ficam doentes. Você precisa ter defensivos para defender a planta", disse, em evento promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção, em Brasília, na segunda-feira (6).
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
"Vi com muito receio, acho muito perigoso uma pessoa pública fazer uma declaração dessas porque é uma declaração leviana", pontuou Larissa, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria na Rádio Brasil Atual. "Acho que vale a pena começar pela etimologia da palavra 'remédio'. É uma palavra latina, e o centro, o núcleo dessa palavra (remedium), vem de medere, cuidar, e o sufixo re significa restaurar, restituir. Remedere vem de restaurar o cuidado, a saúde. Por que a declaração é leviana? Porque quando falamos de agrotóxicos não estamos falando necessariamente de restaurar o cuidado e a saúde, mesmo porque 62% dos agrotóxicos vendidos no Brasil são herbicidas."
A pesquisadora explica que os herbicidas não podem ser entendidos como "remédios". "O que são herbicidas? São substâncias químicas que matam as plantas, as chamadas, supostamente, ervas daninhas. Se falamos de herbicidas e de agrotóxicos, não falamos necessariamente de algo que vá combater uma doença. Não é disso que estamos falando. Quando falamos no Brasil que 96% da produção de soja é transgênica, significa que vendemos sementes em conjunto com herbicidas, sementes modificadas geneticamente para receber herbicidas. Falar em venda de agrotóxicos no Brasil não é falar em remédio para plantas."
Assim, atribuir, o termo agrotóxico ou similar a uma forma de medicamento é, no mínimo, um equívoco. "Usar a palavra 'remédio' para uma substância que é tóxica é muito temerário, por isso digo que é leviano. Essas substâncias muitas vezes são cancerígenas, ou teratogênicas, provocam malformação fetal, ou causam outros agravos à saúde. Não podemos chamar de remédio substâncias que trazem em si um risco à saúde humana e ambiental", argumenta.
"Temos que olhar com cuidado esse tipo de declaração porque ela é perigosa, induz a população a encarar – e ele usou essa palavra 'defensivo' – como algo para defender a agricultura, mas esses produtos trazem risco à saúde humana e ambiental", afirma Larissa.
Confira a íntegra da entrevista aqui
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
"Vi com muito receio, acho muito perigoso uma pessoa pública fazer uma declaração dessas porque é uma declaração leviana", pontuou Larissa, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria na Rádio Brasil Atual. "Acho que vale a pena começar pela etimologia da palavra 'remédio'. É uma palavra latina, e o centro, o núcleo dessa palavra (remedium), vem de medere, cuidar, e o sufixo re significa restaurar, restituir. Remedere vem de restaurar o cuidado, a saúde. Por que a declaração é leviana? Porque quando falamos de agrotóxicos não estamos falando necessariamente de restaurar o cuidado e a saúde, mesmo porque 62% dos agrotóxicos vendidos no Brasil são herbicidas."
A pesquisadora explica que os herbicidas não podem ser entendidos como "remédios". "O que são herbicidas? São substâncias químicas que matam as plantas, as chamadas, supostamente, ervas daninhas. Se falamos de herbicidas e de agrotóxicos, não falamos necessariamente de algo que vá combater uma doença. Não é disso que estamos falando. Quando falamos no Brasil que 96% da produção de soja é transgênica, significa que vendemos sementes em conjunto com herbicidas, sementes modificadas geneticamente para receber herbicidas. Falar em venda de agrotóxicos no Brasil não é falar em remédio para plantas."
Assim, atribuir, o termo agrotóxico ou similar a uma forma de medicamento é, no mínimo, um equívoco. "Usar a palavra 'remédio' para uma substância que é tóxica é muito temerário, por isso digo que é leviano. Essas substâncias muitas vezes são cancerígenas, ou teratogênicas, provocam malformação fetal, ou causam outros agravos à saúde. Não podemos chamar de remédio substâncias que trazem em si um risco à saúde humana e ambiental", argumenta.
"Temos que olhar com cuidado esse tipo de declaração porque ela é perigosa, induz a população a encarar – e ele usou essa palavra 'defensivo' – como algo para defender a agricultura, mas esses produtos trazem risco à saúde humana e ambiental", afirma Larissa.
Confira a íntegra da entrevista aqui
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