07/08/2018
“The Economist" confirma: Bancos no Brasil têm lucratividade alta em qualquer situação
O movimento sindical bancário sempre disse que os bancos brasileiros ganham em período de crise ou de bonança. Mas, para muitos, isso não passa de discurso de sindicalista para fazer pressão sobre os bancos e forçá-los a atender as reivindicações do movimento.
Mas, agora, a britânica “The Economist”, uma das maiores revistas econômicas do mundo, é quem faz a mesma constatação (leia o texto na íntegra – em inglês). Segundo a revista, o lucro dos bancos brasileiros se mantém alto independentemente da situação econômica do país, seja em momentos de crise ou de prosperidade.
O artigo observa que os bancos brasileiros mantiveram a lucratividade durante o período de hiperinflação da década de 1980 e início dos anos 1990, assim como no recente período de recessão econômica de 2015 e 2016, com o país já sob o comando de Michel Temer. A revista observa ainda que, em 2017 e 2018, com a economia do país estagnada, os bancos brasileiros continuam registrando lucros altos.
Analistas do mercado financeiro acreditavam que, com a queda da taxa básica de juros (Selic) os bancos seriam obrigados a baixarem suas taxas e, com isso, haveria uma redução de lucros do setor. “A Selic caiu de 14,25% em outubro de 2016 para 6,5% ao ano atualmente, mas os bancos sempre inventam uma desculpa para manter suas taxas nas alturas. Além disso eles agora passaram a ganhar mais também com as tarifas sobre serviços. Os lucros dos três maiores bancos privados do país continuam nas alturas”, observa Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Em 2017, os ganhos dos bancos com tarifas de serviços bancários aumentaram 10% na comparação com o ano anterior, somando R$ 126,4 bilhões. Os valores sobem tanto que a inflação de serviços bancários, em 2017, foi de 8,96%: três vezes mais que a geral, de 2,95% (IPCA/IBGE).
A receita dos bancos com tarifas por serviços bancários é secundária. Os bancos ganham muito mais com outras operações. Essa é uma receita ínfima para os bancos, mas ela é maior do que o orçamento do governo federal para a Saúde (R$ 114,8 bilhões) e para a Educação (R$ 109 bilhões).
Para a revista, a concentração do setor é uma das explicações para a grande lucratividade dos bancos brasileiros. O setor é dominado por cinco grandes bancos (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander). The Economist observa que a concentração tem aumentado nos últimos anos, após a compra do HSBC pelo Bradesco e das operações de varejo do Citibank pelo Itaú.
“Mas, essa não é o único motivo que leva ao grande lucro dos bancos no Brasil. Aqui, eles fazem o que quiserem. Aumentam suas tarifas indiscriminadamente, mantém spreads altíssimos, promovem a venda casada de produtos, exploram seus funcionários, estabelecendo metas abusivas de vendas e obrigando-os cumpri-las, sob o risco de perderem o emprego”, afirmou Juvândia, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. “Os bancos obrigam os funcionários a trabalharem todo arrumadinho. Quem os vê trabalhando desta maneira não imagina a pressão que eles precisam suportar para cumprir as metas estabelecidas. Isso faz com que a categoria seja uma das que mais precisam se afastar de suas funções devido a doenças causadas pelo trabalho que realizam”, completou Juvandia.
Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Carlos Alberto Moretto, com a nova legislação trabalhista em vigor desde novembro do ano passado, a categoria bancária poderá sofrer impactos ainda maiores em seus direitos. "Os bancos, por exemplo, já anunciaram que começarão a negociar individualmente banco de horas e já descartam a presença de sindicatos para sessões de homologação, decisão tomada de forma unilateral pelas instituições financeiras. Dessa forma, nossa organização precisa estar cada vez mais fortalecida para conseguirmos barrar as ameaças e cortes de conquistas de décadas de luta."
"Os bancos batem recordes de lucratividade no Brasil e podem garantir aumento real e a manutenção dos nossos direitos estabelecidos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Precisamos estar preparados para a luta", alerta Moretto.
Os bancários, que tem data-base em 1º de setembro, estão em Campanha Nacional. O reajuste que cubra a inflação medida pelo INPC/IBGE, mais aumento real de 5%, a manutenção dos direitos previstos na atual CCT e o fim das demissões estão entre as principais reivindicações da categoria.
Mas, agora, a britânica “The Economist”, uma das maiores revistas econômicas do mundo, é quem faz a mesma constatação (leia o texto na íntegra – em inglês). Segundo a revista, o lucro dos bancos brasileiros se mantém alto independentemente da situação econômica do país, seja em momentos de crise ou de prosperidade.
O artigo observa que os bancos brasileiros mantiveram a lucratividade durante o período de hiperinflação da década de 1980 e início dos anos 1990, assim como no recente período de recessão econômica de 2015 e 2016, com o país já sob o comando de Michel Temer. A revista observa ainda que, em 2017 e 2018, com a economia do país estagnada, os bancos brasileiros continuam registrando lucros altos.
Analistas do mercado financeiro acreditavam que, com a queda da taxa básica de juros (Selic) os bancos seriam obrigados a baixarem suas taxas e, com isso, haveria uma redução de lucros do setor. “A Selic caiu de 14,25% em outubro de 2016 para 6,5% ao ano atualmente, mas os bancos sempre inventam uma desculpa para manter suas taxas nas alturas. Além disso eles agora passaram a ganhar mais também com as tarifas sobre serviços. Os lucros dos três maiores bancos privados do país continuam nas alturas”, observa Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Em 2017, os ganhos dos bancos com tarifas de serviços bancários aumentaram 10% na comparação com o ano anterior, somando R$ 126,4 bilhões. Os valores sobem tanto que a inflação de serviços bancários, em 2017, foi de 8,96%: três vezes mais que a geral, de 2,95% (IPCA/IBGE).
A receita dos bancos com tarifas por serviços bancários é secundária. Os bancos ganham muito mais com outras operações. Essa é uma receita ínfima para os bancos, mas ela é maior do que o orçamento do governo federal para a Saúde (R$ 114,8 bilhões) e para a Educação (R$ 109 bilhões).
Para a revista, a concentração do setor é uma das explicações para a grande lucratividade dos bancos brasileiros. O setor é dominado por cinco grandes bancos (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander). The Economist observa que a concentração tem aumentado nos últimos anos, após a compra do HSBC pelo Bradesco e das operações de varejo do Citibank pelo Itaú.
“Mas, essa não é o único motivo que leva ao grande lucro dos bancos no Brasil. Aqui, eles fazem o que quiserem. Aumentam suas tarifas indiscriminadamente, mantém spreads altíssimos, promovem a venda casada de produtos, exploram seus funcionários, estabelecendo metas abusivas de vendas e obrigando-os cumpri-las, sob o risco de perderem o emprego”, afirmou Juvândia, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. “Os bancos obrigam os funcionários a trabalharem todo arrumadinho. Quem os vê trabalhando desta maneira não imagina a pressão que eles precisam suportar para cumprir as metas estabelecidas. Isso faz com que a categoria seja uma das que mais precisam se afastar de suas funções devido a doenças causadas pelo trabalho que realizam”, completou Juvandia.
Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Carlos Alberto Moretto, com a nova legislação trabalhista em vigor desde novembro do ano passado, a categoria bancária poderá sofrer impactos ainda maiores em seus direitos. "Os bancos, por exemplo, já anunciaram que começarão a negociar individualmente banco de horas e já descartam a presença de sindicatos para sessões de homologação, decisão tomada de forma unilateral pelas instituições financeiras. Dessa forma, nossa organização precisa estar cada vez mais fortalecida para conseguirmos barrar as ameaças e cortes de conquistas de décadas de luta."
"Os bancos batem recordes de lucratividade no Brasil e podem garantir aumento real e a manutenção dos nossos direitos estabelecidos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Precisamos estar preparados para a luta", alerta Moretto.
Os bancários, que tem data-base em 1º de setembro, estão em Campanha Nacional. O reajuste que cubra a inflação medida pelo INPC/IBGE, mais aumento real de 5%, a manutenção dos direitos previstos na atual CCT e o fim das demissões estão entre as principais reivindicações da categoria.
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