R$ 358 bilhões em 5 anos: lucratividade comprova que bancos devem contratar ao invés de demitir

(Arte: Marcio Baraldi)
Os bancos múltiplos com carteira comercial – categoria que engloba Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil – foram responsáveis pelo fechamento de 1.557 postos nos cinco primeiros meses do ano.
A Caixa eliminou 1.191 postos no período, em grande parte devido ao Programa de Desligamento de Empregados, lançado em 22 de fevereiro. Juntos, esses cinco bancos empregam cerca de 90% dos bancários no país.
Campanha 2018 reivindica defesa dos empregos
A Campanha Nacional Unificada 2018 da categoria bancária foi lançada neste mês, com a entrega da pauta de reivindicações à Fenaban no dia 13, e um dos principais eixos é a defesa dos empregos.
“O setor financeiro é o único que tem seus lucros expandidos mesmo em um cenário de crise econômica. Os bancos ignoram seu papel social no desenvolvimento do país e da sociedade ao cobrar juros e tarifas extorsivas de uma população que possui 26 milhões de desempregados ou sub-empregados. Ao demitirem, obrigam os trabalhadores remanescentes a acumularem funções, promovem o aumento da sobrecarga de trabalho e do assédio moral pelo cumprimento de metas, resultando em milhares de casos de adoecimentos na categoria. Por isso vamos cobrar, dentre outras reivindicações, a defesa dos empregos e a abertura de postos de trabalho”, afirma Júlio César Trigo, secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região e bancário do Bradesco.
O lucro dos cinco maiores bancos que atuam no país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander) passou de R$ 58 bilhões, em 2016, para R$ 77,4 bilhões em 2017, crescimento de 33,5%. No mesmo período, o PIB brasileiro retraiu quase 3,6%.
No 1º trimestre de 2018, a tendência continua: foram R$ 20,6 bilhões lucro, 20,4% de aumento em relação a igual período de 2016, quando essas instituições lucraram R$ 17,1 bilhões.
Desde 2013 bancos lucrarm R$ 358 bilhões
Entre 2013 e 2017, foram eliminados quase 60 mil postos de trabalho no setor bancário, de um total de 500 mil vagas. No mesmo período, os cinco maiores bancos lucraram R$ 358,6 bilhões em termos reais - considerando a inflação do período. Somente em 2017, essas cinco instituições financeiras eliminaram 17,9 mil postos de trabalho.
São Paulo registrou 57,9% das admissões e 52,6% do total de desligamentos, apresentando o maior saldo negativo no emprego bancário no período analisado, com 814 postos fechados no ano.
Desigualdade entre homens e mulheres
As 5.474 mulheres admitidas nos bancos entre janeiro e maio de 2018 receberam, em média, R$ 3.398,39. Esse valor corresponde a 71,5% da remuneração média recebida pelos 5.809 homens contratados no período. A diferença de remuneração entre homens e mulheres também é verificada nas demissões. As 6.878 mulheres desligadas dos bancos recebiam, em média, R$ 5.636,42, o que representou 75,2% da remuneração média dos 7.080 homens desligados dos bancos.
Primeiros reflexos da reforma trabalhista nos dados do Caged
As demissões sem justa causa representaram 53,4% do total de desligamentos no setor bancário entre janeiro e maio de 2018. As saídas a pedido do trabalhador representaram 38,8% desligamento. Nesse período, foram registrados, ainda, 24 casos de demissão por acordo entre empregado e empregador. Essa modalidade foi criada com a aprovação da Lei 13.467/2017, a reforma trabalhista, em vigência desde novembro de 2017. Os empregados que saíram do emprego nessa modalidade apresentaram remuneração média de R$ 8.898,58.
Faixa Etária
Os bancos continuam concentrando suas contratações nas faixas etárias até 29 anos, em especial entre 18 e 24 anos. Foram criadas 4.142 vagas para trabalhadores até 29 anos. Acima de 30 anos, todas as faixas apresentaram saldo negativo (ao todo, menos 6.817 postos), com destaque para a faixa de 50 a 64 anos, com fechamento de 3.521 postos no período.
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