Banco lucra R$ 9 bilhões, elimina mais de 4 mil empregos e fecha agências por todo o país
O Bradesco lucrou R$ 9,352 bilhões no primeiro semestre de 2016, aumento de 13% em relação ao mesmo período do ano passado, quando ganhou R$ 8,274 bilhões. O crescimento do resultado não se traduziu em geração de postos de trabalho. Pelo contrário. Em relação a setembro de 2016, já com a aquisição do HSBC consolidada, foram eliminados 4.779 postos de trabalho. No total, o banco contava em junho deste ano com 105.143 funcionários, o que representa 15.719 a mais em relação a junho de 2016. O aumento se deve a fusão com o banco britânico.
“O Bradesco não foge a regra dos bancos brasileiros, que ganham muito da sociedade com a cobrança de juros extorsivos, mas não oferecem praticamente nenhuma contrapartida ao país. Nem mesmo a geração de postos de trabalho”, critica dirigente sindical e funcionária do Bradesco Erica de Oliveira. “E motivos para contração não faltam. Basta observar o enorme lucro apresentado pela instituição e a sobrecarga de trabalho que os bancários enfrentam em quase todos os departamentos e agências”, acrescenta.
No primeiro semestre de 2017, as receitas de prestação de serviços totalizaram R$ 11,6 bilhões, registrando aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano passado. Com essa receita o banco cobre 124% do total das despesas de pessoal.
Em junho de 2017 o Bradesco tinha 5.068 agências, um crescimento de 585 unidades em 12 meses em função da aquisição do HSBC. Quando comparamos com setembro de 2016, no entanto, já com a aquisição consolidada, o Bradesco fechou 269 agências.
“Além de penalizar os trabalhadores com demissões e sobrecarga, o Bradesco pratica juros abusivos e fecha agências, afetando o atendimento à população, o que reforça a falta de compromisso com a função social que o banco deveria cumprir de acordo com a Constituição Federal”, protesta Erica.
O artigo 192 da Constituição determina que o sistema financeiro nacional deve ser estruturado “de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade (...)”
Números – O crescimento do lucro se deu principalmente pelo aumento das receitas originadas pela prestação de serviços e margem financeira; ao maior resultado das operações de seguros, previdência e capitalização; à redução da despesa com provisão para devedores duvidosos.
O lucro líquido ajustado do banco é composto por R$ 6,708 bilhões provenientes das atividades financeiras, correspondendo a 71,7% do total, e por R$ 2,644 bilhões gerados pelas atividades de seguros, previdência e capitalização, representando 28,3% do total.
Os Ativos Totais, em junho de 2017, registraram saldo de R$ 1,291 trilhão, crescimento de 16,8% em relação ao saldo de junho de 2016.
A Carteira de Crédito Expandida atingiu R$ 493,566 bilhões, em junho de 2017, aumento de 10,3% em relação ao saldo de junho de 2016. As operações com pessoas físicas totalizaram R$ 172,045 bilhões (crescimento de 15,5% em relação a junho de 2016), enquanto as operações com pessoas jurídicas atingiram R$ 321,521 bilhões (aumento de 7,7% em relação a junho de 2016).
Os produtos que apresentaram maior crescimento nos últimos doze meses para as pessoas físicas foram, na seguinte ordem, financiamento imobiliário; cartão de crédito; crédito pessoal consignado. Para as pessoas jurídicas, os principais destaques foram, em ordem decrescente, crédito rural; financiamento à exportação; e “operações com risco de crédito (debêntures).
Se compararmos apenas o 2º trimestre de 2017 em relação ao 1º trimestre de 2017 para separar o efeito da aquisição do HSBC na carteira de crédito, houve queda de 1,8%.
O Índice de Inadimplência superior a 90 dias encerrou junho de 2017 em 4,9%, queda de 0,7 pontos percentuais em comparação ao índice de março de 2017.
No primeiro semestre de 2017, a despesa de provisão para devedores duvidosos totalizou R$ 9,832 bilhões, redução de 6,1%.
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