Setor financeiro reduziu mais de 9 mil postos de trabalho em 2017, revelam dados do Dieese

Os bancos fecharam 9.621 postos de trabalho no país entre janeiro e maio de 2017, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), aponta análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
“Ao analisarmos os dados do Caged, podemos ver que o segmento das instituições financeiras é um dos que mais demitem no Brasil. Os balanços dos bancos mostram que eles são os que mais lucram em nosso país. Pior do que isso, apenas com o que arrecadam com cobranças de tarifas de serviços prestados aos clientes, sem contar os ganhos com as demais operações financeiras, altamente lucrativas, daria para pagar todas despesas com os quadros de funcionários e ainda sobraria muito dinheiro. Eles não têm motivo para continuar com essa onda de demissões”, disse Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
O último mês com saldo positivo de empregos foi janeiro de 2016, quando houve mais contratações do que demissões. Desde então, foram registrados apenas saldos negativos, como pode ser observado no Gráfico 1.
GRÁFICO 1
Saldo do Emprego Bancário
Brasil – janeiro/2016 a maio/2017
Nenhum estado apresentou saldo positivo de emprego bancário, ou seja, todos tiveram fechamento de postos de trabalho. São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro foram os estados mais impactados por esse enxugamento do quadro, com fechamento de 2.804 (29,1%), 1.322 (13,7%) e 1.049 (10,9%) postos bancários, respectivamente, conforme demonstra o Gráfico 2.
GRÁFICO 2
Saldo do Emprego Bancário por UF
Brasil - janeiro e maio de 2017
Na segmentação por Setor de Atividade Econômica a análise do Dieese revela que os “bancos múltiplos com carteira comercial”, categoria que engloba bancos como, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, entre outros bancos menores, foi responsável pela maioria dos postos fechados (-4.960 postos ou 51,6% do total). A Caixa Econômica foi responsável pelo fechamento de 4.368 postos (45,4% do total de postos fechados). Esses dados revelam o impacto do Plano de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), anunciado pela Caixa Econômica Federal em 7 de janeiro de 2017.
Motivos dos Desligamentos
Do total de desligamentos nos bancos, 52% (9.573) foram sem justa causa. A participação dos desligamentos a pedido foi expressiva, 41% do total (7.505), devido à concentração dos desligamentos na Caixa Econômica Federal por meio do Plano de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE) que impactou principalmente o mês de março de 2017.
GRÁFICO 3
Desligados, segundo o tipo de desligamento
Brasil – janeiro e maio de 2017
Faixa Etária
Os bancários admitidos concentraram-se na faixa etária até 24 anos de idade, com saldo positivo em 2.457 postos. Como demonstra a Tabela 2, os desligamentos concentraram-se nas faixas etárias superiores a 25 anos e, especialmente, entre 50 a 64 anos, com fechamento de 6.597 postos de trabalho.
Tempo no Emprego
Entre os 18.324 desligados, 46,6% estavam no emprego há 10 anos ou mais e 18,4% permaneceram entre 5 e 10 anos no emprego.
Desigualdade entre Homens e Mulheres
As 4.409 mulheres admitidas nos bancos nos cinco primeiros meses de 2017 receberam, em média, R$ 3.530,69. Esse valor corresponde a 67,3% da remuneração média auferida pelos 4.294 homens contratados no mesmo período.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres é observada também na demissão. As 9.306 mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e maio de 2017 recebiam, em média, R$ 6.397,68, o que representou 79,0% da remuneração média dos 9.018 homens que foram desligados dos bancos no período.
Caixa – No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, a Caixa foi o banco que mais impactou o emprego no setor, com saldo negativo de 4.368 postos de trabalho. O elevado número de cortes é resultado do PDVE (Plano de Demissões Voluntárias Extraordinário), lançado no início do ano, pouco antes da liberação dos saques de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), o que aumentou significativamente a demanda de trabalho na instituição, inclusive com ampliação do horário de atendimento e abertura de agências aos sábados.
Roberto Carlos Vicentim, presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região defende que o resultado desse tipo de gestão, que demite para cortar custos e maximizar lucros, são bancários sobrecarregados, atendimento à população precarizado e taxa de desemprego no país cada vez mais elevada.
"Não existe justificativa para tantos cortes. Cobramos que as instituições respeitem seus funcionários e a CCT. Sabemos que em todos os bancos existem áreas carentes de bancários. Portanto, ao invés de demitir, deveriam requalificar e realocar os trabalhadores.”
Veja análise completa do Dieese, com os gráficos e tabelas de dados.
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