04/11/2011

Tendência deve ser mantida em 2011, já que bancos não repassam integralmente redução de custos para taxas de juros dos empréstimos

O Relatório de Economia Bancária do Banco Central (BC) reforça com números o discurso do Sindicato de que as altas taxas de spread dos bancos no Brasil não são culpa dos clientes e sim da ganância dos banqueiros. Segundo os dados, em 2010 cresceu a participação dos lucros na composição do índice e caiu a da inadimplência, tendência que deve se verificar em 2011.

Spread bancário é a diferença entre o custo que o banco tem para a captação de dinheiro e a taxa cobrada ao emprestá-lo para os clientes.

Segundo os dados do BC divulgados na quinta-feira 3, a margem de lucro dos bancos no ano passado continuou a representar a maior parte da composição do spread prefixado. A chamada Margem Bruta, Erros e Omissões correspondeu a 54,62% do total contra 49,91% de 2009. Ao serem descontados os impostos diretos, a margem líquida ficou em 32,73% em 2010, contra 29,94% no ano anterior.

Já a inadimplência – atrasos de pagamentos com mais de 90 dias –, eterna desculpa dos bancos para o alto patamar dos índices de spread, caiu de 2009 (30,59%) para 2010 (28,74%). O custo administrativo passou de 14,25%, em 2009, para 12,56% no ano passado.

Públicos – A variação média do spread entre 2009 e 2010 só caiu de 29,81% para 27,87% graças aos bancos públicos, que derrubaram o índice de 34,22% para 21,11% no mesmo período. Se fosse pelos privados teria subido, já que essas instituições elevaram o valor de 27,97% para 30,51%.

Novo aumento – Em 2011, o spread já está em alta novamente, chegando a 28,1% em setembro, o maior índice em dois anos nas medições do BC. E, novamente, o motivo do aumento é a sanha dos bancos em lucrar ainda mais. De acordo com o jornal Valor Econômico, a inadimplência no período ficou estável em 5,3% e os bancos repassaram para os clientes somente 0,7 ponto percentual da redução de 1 ponto percentual do custo de captação de recursos. O 0,3 ponto percentual restante foi para os cofres dos banqueiros.

Alturas – Segundo dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), o spread no Brasil está muito acima de países da América do Sul ou do chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Enquanto o fundo divulgou 33,1% no Brasil, na Colômbia ficou em 6,8%; 5% no Uruguai; 4,3% na Rússia e abaixo de 4% no Chile, Venezuela e China. Na Argentina, que tem taxa de captação próxima da brasileira (cerca de 10%), o spread é 1,5%.

Redação, com informações da Agência Brasil e Valor Econômico - 03/11/2011



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