Uma ameaça ao trabalhador do setor financeiro
Os sete maiores bancos que atuam no Brasil lucraram aproximadamente R$ 25 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano. Mas lucro líquido astronômico apresentado pelos bancos todos os anos ainda não é suficiente para saciar a ganância dos banqueiros. Visando ganhar mais dinheiro, os patrões investem em estratégias para ter menos gastos, como é o caso do correspondente bancário.
A figura do correspondente bancário foi criada em 1999, com o objetivo de atender os municípios que não dispunham de qualquer serviço bancário. Porém, o que vem acontecendo na prática é que os bancos se aproveitam da lei para, invés de abrir agências e ampliar a capilaridade, contratar pessoas ganhando 25% dos rendimentos de um profissional bancário. Vale ressaltar ainda que o salário dos banqueiros é 400 vezes maior do que o de um bancário. Quer dizer, mexer no próprio salário, nem pensar. Quem sai perdendo nessa história é exatamente aquele que é responsável pelos seus lucros.
Ao se aproveitar da estrutura de supermercados e casas lotéricas, o banqueiro também se isenta de garantir a segurança de clientes e usuários, expondo-os a assaltos, sequestros relâmpagos e até mesmo assassinatos.
"Os bancos implantam os correspondentes bancários para economizar em mão de obra e empurrar a população de baixa renda para o atendimento fora das agências, numa clara demonstração de segregação social", afirma Luiz César de Freitas, o Alemão, presidente da FETEC-CUT/SP. "Nenhum cliente VIP vai ser atendido em casa lotérica. Esse segmento tem a disposição um gerente 24 horas e todo conforto da agência. Mas aquele cliente mais baixa renda jamais será tratado da mesma maneira".
O pior disso tudo é que os correspondentes bancários estão sendo implantados sob o olhar conivente do Banco Central. O número de lotéricas e de outros locais que servem de intermediários entre bancos e financeiras e a população - os chamados correspondentes bancários - aumentou 48% nos últimos sete anos, chegando a mais de 160 mil em todo o país. As agências bancárias são apenas 7% mais numerosas do que em 2007, somando 19.981, segundo levantamento do Banco Central.
Para combater esse abuso, o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) nº 214/2011, do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), em tramitação na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, busca suspender a ampliação das funções dos correspondentes. "A contratação de correspondentes virou instrumento de fraude trabalhista", critica Berzoini. "Isso porque permite aos bancos aumentar indiretamente sua mão de obra, sem respeitar a legislação e os acordos coletivos dos bancários. Os trabalhadores dos estabelecimentos contratados, em geral, têm jornada maior e salários menores", diz.
O projeto de Berzoini tem apoio da FETEC-CUT/SP. "A figura do correspondente foi sendo desvirtuada, até culminar na total terceirização das atividades bancárias. Nós defendemos a transformação dos correspondentes em pequenas agências e postos de atendimento, visando garantir o acesso aos serviços bancários para todos os cidadãos", reforça Alemão.
Na Campanha Nacional 2011, os bancários reivindicam:
*Reajuste de 12,8%, sendo a inflação do período mais 5% de aumento real.
* PLR de três salários + R$ 4.500,00
* Ampliação das contratações
* Inclusão bancária
* Combate às terceirizações e à rotatividade por meio da qual os bancos aumentam seus ganhos com a redução dos salários
* Aprovação da convenção 158 da OIT
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