Bancos usam avanço tecnológico para precarizar trabalho
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) divulgou na quarta-feira, dia 4, o levantamento "O setor bancário em números", onde chama a atenção que as operações por meio do "internet banking" avançaram 27,4% em 2010 em relação a 2009 e passaram a responder por 23% do total de transações. A pesquisa considera clientes ativos nos acessos por internet os que utilizaram pelo menos uma vez esse meio nos últimos 90 dias.
Para a Contraf-CUT, os avanços tecnológicos expandiram a oferta de serviços por meios remotos - internet, caixas automáticos, telefone -, porém ampliaram os processos de terceirização, precarizando o trabalho e colocando em risco o sigilo bancário dos clientes.
Segundo o secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira, os bancos omitem aos clientes o fato de que por trás de cada uma dessas operações ou lançamentos existe um trabalhador, que na maioria das vezes é terceirizado. "As novas tecnologias não eliminaram os lançamentos, conferências, acertos, etc. Apesar de toda aparência de eficiência e modernidade, existe uma enorme precarização do trabalho bancário via terceirização. Além disso, são procedimentos ilegais e abrem ainda mais o sigilo bancário dos clientes a estranhos", afirma Miguel.
Conforme o levantamento da Febraban, o volume de transações via caixas eletrônicos ainda lidera o ranking, respondendo por 31,9%, mas com uma taxa de expansão bem mais modesta, de 12,5%. "Em quatro ou cinco anos, o 'internet banking' vai superar os terminais de autoatendimento", projetou o diretor de tecnologia da Febraban, Gustavo Rocho.
Na pesquisa, também impressiona o avanço do número de clientes que acessa o banco pelo celular, o chamado "mobile banking", que cresceu 72% em 2010, na comparação com o ano anterior, para 2,2 milhões de pessoas. Já o número de agências e postos de atendimento mostra estagnação, com variação positiva de apenas 1% no ano passado.
De acordo com a Febraban, os gastos com tecnologia avançaram 15% em 2010, atingindo R$ 22,02 bilhões. Em 2009, o investimento havia avançado apenas 4% ante 2008, para R$ 19,14 bilhões.
Miguel destaca que a Contraf-CUT não possui posição contrária aos avanços tecnológicos, no entanto ressalta a necessidade de discutir com os bancos a melhor forma dos trabalhadores se apropriarem dos ganhos, em função de sua produtividade com esse tipo de atividade. "Essas novas tecnologias não devem servir apenas para aumentar o lucro dos bancos e trazer precarização do trabalho, mas também precisam valorizar os trabalhadores com a geração de empregos, a reversão das terceirizações, a melhoria das condições de trabalho e contrapartidas para os clientes e a sociedade", sustenta o dirigente sindical.
Debates Contraf-CUT
O assunto estará em discussão na inauguração do ciclo Debates Contraf-CUT nesta sexta-feira, dia 6, em São Paulo, que tratará da terceirização no sistema financeiro. O evento tem por objetivo aprofundar a reflexão sobre temas prioritários para a categoria, visando qualificar a atuação cotidiana dos dirigentes sindicais.
"Os bancos vêm ampliando cada vez mais a terceirização em todas as áreas, inclusive no tocante ao relacionamento direto com clientes, apesar do entendimento do Ministério do Trabalho e Emprego e de diversas decisões judiciais de que se trata de intermediação ilegal e fraudenta de mão de obra", salienta Miguel.
"Também vamos apresentar durante o evento as nossas impressões a respeito das Resoluções 3954 e 3959 do Banco Central, que buscam dar legitimidade a esses processos ilegais", explica o diretor da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico
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