22/05/2025
Emprego bancário segue em queda no primeiro trimestre de 2025, aponta Novo Caged

O mercado de trabalho formal brasileiro apresentou, no primeiro trimestre de 2025, um saldo positivo de 654.503 novos postos de trabalho com carteira assinada, segundo dados do Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego. Apesar do crescimento, o resultado é 9,8% inferior ao registrado no mesmo período de 2024, demonstrando uma desaceleração no ritmo de geração de empregos. Os setores de Serviços, Construção, Indústria e Agropecuária puxaram o saldo positivo, enquanto o Comércio foi o único com fechamento de vagas (-13.659).
Em março, foram abertas 71.576 vagas formais, com 2.234.662 admissões contra 2.163.086 desligamentos. Já no conjunto do mercado de trabalho, que inclui empregos formais e informais, a taxa de desocupação foi de 7,0% no trimestre encerrado em março — um total de 7,7 milhões de pessoas desempregadas. A subutilização da força de trabalho alcançou 17,9%, atingindo 18,5 milhões de pessoas, e o número de desalentados chegou a 3,2 milhões.
Setor financeiro mantém crescimento modesto, mas bancos seguem cortando vagas
No ramo financeiro, com exceção dos bancos e holdings não-financeiras, o saldo foi positivo: 780 novas vagas em março, 3.137 no trimestre e 12,4 mil nos últimos 12 meses — uma média de mil postos por mês. As atividades que mais contribuíram foram o crédito cooperativo, os serviços auxiliares e os ligados a seguros, com mais de 10,5 mil novas vagas no período.
Contudo, é importante destacar que não há uma classificação específica que identifique as fintechs e instituições de pagamento nos registros do Caged, o que dificulta uma análise mais precisa da evolução desses segmentos.
Bancos seguem na contramão e aprofundam fechamento de postos de trabalho
O setor bancário formal segue reduzindo postos de trabalho. No primeiro trimestre de 2025, foram eliminadas 1.197 vagas — número 67,8% superior ao registrado no mesmo período de 2024. Em 12 meses, o corte foi ainda mais expressivo: 7.473 postos a menos. Só em março, 1.111 vagas bancárias foram extintas.
Para Walcir Previtalle, secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), os números são alarmantes e evidenciam a falta de compromisso do setor bancário com o desenvolvimento social do país.
“Mais uma vez os bancos, um setor que apresenta lucros bilionários, trava o crescimento econômico e social do nosso país. Não existe nenhum compromisso social do sistema financeiro. Nada!”, critica.
O pior desempenho foi dos Bancos Múltiplos com Carteira Comercial, com a eliminação de 5.408 vagas em 12 meses. A Caixa Econômica Federal (CEF) foi responsável por -2.901 postos no período, resultado diretamente ligado aos Planos de Desligamento Voluntário (PDVs) promovidos pela empresa.
Redução se concentra nas áreas fim; TI é única com crescimento
A análise por área ocupacional revela que o maior impacto ocorreu nas atividades diretamente relacionadas à função bancária, com retração de 9.105 postos em um ano, atingindo principalmente caixas, escriturários e gerentes. As áreas administrativa e de atendimento ao público também apresentaram saldos negativos, ainda que em menor escala.
Na contramão desse cenário, a área de Tecnologia da Informação foi a única com crescimento significativo: foram criadas 1.842 vagas em 12 meses. O dado evidencia a reconfiguração do setor, com corte de funções tradicionais e ampliação de postos ligados à tecnologia.
Walcir Previtalle ressalta que a política de fechamento de agências físicas e digitalização forçada do atendimento está por trás da redução de vagas. “A política de fechamento de agências, eliminando o atendimento físico aos clientes e obrigando-os à utilização exclusiva de canais digitais, tem sido motivo da extinção de milhares de postos de trabalho, como aponta o Novo Caged”, afirma.
Além disso, o dirigente alerta para práticas que fragilizam ainda mais a categoria bancária. “A clássica profissão de bancário segue ameaçada pelo setor patronal que, além do fechamento de agências físicas e a extinção de postos de trabalho, também utiliza-se da terceirização como forma de fraudar nossas conquistas sociais históricas, contidas em nossa Convenção Coletiva de Trabalho, a CCT”, denuncia Previtalle.
Falta de jovens contratados e alta rotatividade preocupam
Outro dado alarmante diz respeito à ausência de contratações por primeiro emprego no setor bancário nos últimos 12 meses, o que pode indicar a não efetivação de jovens aprendizes e estagiários ou falhas no registro pelos bancos. Das admissões realizadas no período, 96% foram por reemprego e apenas 4% correspondem à reintegração de trabalhadores.
No mesmo intervalo, 50,8% dos desligamentos foram sem justa causa, 42,1% a pedido e 3,6% com justa causa. Não houve registros de desligamentos por aposentadoria.
Desigualdade de gênero se acentua
Os dados do Novo Caged também revelam uma preocupante desigualdade de gênero no setor. Das 1.197 vagas fechadas no primeiro trimestre de 2025, 66,5% correspondiam a mulheres. Houve 17% menos admissões e 98% mais desligamentos de mulheres em relação aos homens. Esse cenário está diretamente relacionado ao crescimento das áreas de tecnologia, tradicionalmente ocupadas por homens.
"Essa não é uma simples coincidência ou um efeito colateral da “modernização”. Isso é resultado direto de uma lógica excludente que aprofunda a desigualdade de gênero nas instituições financeiras, que fecha portas para as mulheres e concentra oportunidades em nichos onde elas ainda enfrentam barreiras históricas de acesso, formação e reconhecimento. Apesar de termos obtido uma conquista importante na última Campanha Nacional, com a capacitação gratuita para bancárias em cursos de TI, seguimos cobrando que os bancos assumam sua responsabilidade e promovam políticas reais de inclusão, qualificação e permanência para as trabalhadoras, em todas as áreas", destaca o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
Sudeste lidera corte de vagas; só duas unidades da federação registram saldo positivo
Regionalmente, todas as regiões do país perderam empregos bancários nos últimos 12 meses. O Sudeste lidera o saldo negativo com -3.794 vagas, seguido pelo Sul (-2.434), Nordeste (-844), Norte (-302) e Centro-Oeste (-99).
Apenas duas unidades da federação tiveram saldo positivo: o Distrito Federal, com 381 novas vagas, e o Maranhão, com 25. Os estados mais afetados foram o Rio de Janeiro (-1.363), São Paulo (-1.058) e Minas Gerais (-1.049).
Em março, foram abertas 71.576 vagas formais, com 2.234.662 admissões contra 2.163.086 desligamentos. Já no conjunto do mercado de trabalho, que inclui empregos formais e informais, a taxa de desocupação foi de 7,0% no trimestre encerrado em março — um total de 7,7 milhões de pessoas desempregadas. A subutilização da força de trabalho alcançou 17,9%, atingindo 18,5 milhões de pessoas, e o número de desalentados chegou a 3,2 milhões.
Setor financeiro mantém crescimento modesto, mas bancos seguem cortando vagas
No ramo financeiro, com exceção dos bancos e holdings não-financeiras, o saldo foi positivo: 780 novas vagas em março, 3.137 no trimestre e 12,4 mil nos últimos 12 meses — uma média de mil postos por mês. As atividades que mais contribuíram foram o crédito cooperativo, os serviços auxiliares e os ligados a seguros, com mais de 10,5 mil novas vagas no período.
Contudo, é importante destacar que não há uma classificação específica que identifique as fintechs e instituições de pagamento nos registros do Caged, o que dificulta uma análise mais precisa da evolução desses segmentos.
Bancos seguem na contramão e aprofundam fechamento de postos de trabalho
O setor bancário formal segue reduzindo postos de trabalho. No primeiro trimestre de 2025, foram eliminadas 1.197 vagas — número 67,8% superior ao registrado no mesmo período de 2024. Em 12 meses, o corte foi ainda mais expressivo: 7.473 postos a menos. Só em março, 1.111 vagas bancárias foram extintas.
Para Walcir Previtalle, secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), os números são alarmantes e evidenciam a falta de compromisso do setor bancário com o desenvolvimento social do país.
“Mais uma vez os bancos, um setor que apresenta lucros bilionários, trava o crescimento econômico e social do nosso país. Não existe nenhum compromisso social do sistema financeiro. Nada!”, critica.
O pior desempenho foi dos Bancos Múltiplos com Carteira Comercial, com a eliminação de 5.408 vagas em 12 meses. A Caixa Econômica Federal (CEF) foi responsável por -2.901 postos no período, resultado diretamente ligado aos Planos de Desligamento Voluntário (PDVs) promovidos pela empresa.
Redução se concentra nas áreas fim; TI é única com crescimento
A análise por área ocupacional revela que o maior impacto ocorreu nas atividades diretamente relacionadas à função bancária, com retração de 9.105 postos em um ano, atingindo principalmente caixas, escriturários e gerentes. As áreas administrativa e de atendimento ao público também apresentaram saldos negativos, ainda que em menor escala.
Na contramão desse cenário, a área de Tecnologia da Informação foi a única com crescimento significativo: foram criadas 1.842 vagas em 12 meses. O dado evidencia a reconfiguração do setor, com corte de funções tradicionais e ampliação de postos ligados à tecnologia.
Walcir Previtalle ressalta que a política de fechamento de agências físicas e digitalização forçada do atendimento está por trás da redução de vagas. “A política de fechamento de agências, eliminando o atendimento físico aos clientes e obrigando-os à utilização exclusiva de canais digitais, tem sido motivo da extinção de milhares de postos de trabalho, como aponta o Novo Caged”, afirma.
Além disso, o dirigente alerta para práticas que fragilizam ainda mais a categoria bancária. “A clássica profissão de bancário segue ameaçada pelo setor patronal que, além do fechamento de agências físicas e a extinção de postos de trabalho, também utiliza-se da terceirização como forma de fraudar nossas conquistas sociais históricas, contidas em nossa Convenção Coletiva de Trabalho, a CCT”, denuncia Previtalle.
Falta de jovens contratados e alta rotatividade preocupam
Outro dado alarmante diz respeito à ausência de contratações por primeiro emprego no setor bancário nos últimos 12 meses, o que pode indicar a não efetivação de jovens aprendizes e estagiários ou falhas no registro pelos bancos. Das admissões realizadas no período, 96% foram por reemprego e apenas 4% correspondem à reintegração de trabalhadores.
No mesmo intervalo, 50,8% dos desligamentos foram sem justa causa, 42,1% a pedido e 3,6% com justa causa. Não houve registros de desligamentos por aposentadoria.
Desigualdade de gênero se acentua
Os dados do Novo Caged também revelam uma preocupante desigualdade de gênero no setor. Das 1.197 vagas fechadas no primeiro trimestre de 2025, 66,5% correspondiam a mulheres. Houve 17% menos admissões e 98% mais desligamentos de mulheres em relação aos homens. Esse cenário está diretamente relacionado ao crescimento das áreas de tecnologia, tradicionalmente ocupadas por homens.
"Essa não é uma simples coincidência ou um efeito colateral da “modernização”. Isso é resultado direto de uma lógica excludente que aprofunda a desigualdade de gênero nas instituições financeiras, que fecha portas para as mulheres e concentra oportunidades em nichos onde elas ainda enfrentam barreiras históricas de acesso, formação e reconhecimento. Apesar de termos obtido uma conquista importante na última Campanha Nacional, com a capacitação gratuita para bancárias em cursos de TI, seguimos cobrando que os bancos assumam sua responsabilidade e promovam políticas reais de inclusão, qualificação e permanência para as trabalhadoras, em todas as áreas", destaca o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
Sudeste lidera corte de vagas; só duas unidades da federação registram saldo positivo
Regionalmente, todas as regiões do país perderam empregos bancários nos últimos 12 meses. O Sudeste lidera o saldo negativo com -3.794 vagas, seguido pelo Sul (-2.434), Nordeste (-844), Norte (-302) e Centro-Oeste (-99).
Apenas duas unidades da federação tiveram saldo positivo: o Distrito Federal, com 381 novas vagas, e o Maranhão, com 25. Os estados mais afetados foram o Rio de Janeiro (-1.363), São Paulo (-1.058) e Minas Gerais (-1.049).
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