02/08/2023
Pesquisa confirma abismo salarial entre mulheres negras e homens brancos

Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) apontou que, no primeiro trimestre de 2023, a remuneração média das mulheres negras no Brasil era de R$ 1.948. Esse valor corresponde apenas a 48% do que homens brancos recebem em média, 62% do que as mulheres brancas ganham e 80% do que os homens negros recebem. A pesquisa divulgada na última segunda-feira (31) foi realizada em referência ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho.
De acordo com cálculos, metade da diferença salarial entre mulheres negras e homens brancos está relacionada a características do trabalho, como o tipo de atividade e função exercida. Ela enfatizou a importância de melhorias no campo da educação para combater essa disparidade salarial.
A desigualdade salarial persiste, mesmo com o aumento do número de mulheres negras na população em idade ativa e o avanço da escolaridade. Entre o primeiro trimestre de 2012 e o de 2023, a população em idade para trabalhar no Brasil cresceu 13,4%, enquanto entre mulheres negras esse aumento foi de 24,5%, próximo do observado para homens negros (22,3%), e muito acima do percentual entre homens brancos (2,8%) e mulheres brancas (1,9%).
"A escravidão mantém marcas profundas na sociedade brasileira, como o racismo e machismo, que se refletem nas difíceis condições para as mulheres negras, seja no mundo do trabalho, seja nas relações sociais. Os últimos anos foram de retrocessos no país, devido à falta de investimentos e políticas capazes de garantir emprego, saúde e até mesmo a vida dessas mulheres. E a desigualdade de gênero no mercado de trabalho reproduz e reafirma esse desequilíbrio já existente em todas as esferas da sociedade", explica o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
A participação das mulheres negras no ensino superior e a conclusão dos cursos dobrou desde 2012, passando de 6% para 12% em 2023. Contudo, esse avanço ainda não foi suficiente para melhorar outros indicadores no mercado de trabalho. Apenas pouco mais da metade (51%) das mulheres negras em idade para trabalhar (14 anos ou mais) estavam empregadas ou buscando uma atividade remunerada no primeiro trimestre de 2023.
A taxa de desemprego entre essas mulheres é maior em comparação ao total do Brasil. No primeiro trimestre, a taxa de desemprego para mulheres negras foi de 13,1%, enquanto a média nacional foi de 8,8%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Entre todas as mulheres negras em idade para trabalhar, totalizando 50 milhões no primeiro trimestre de 2023, apenas 44% (22,1 milhões) estavam empregadas. Esse percentual é o menor quando comparado com outros grupos, já que para as mulheres e homens não negros, essa taxa foi de 49,3% e 67,7%, respectivamente”, destaca a pesquisadora responsável pelo estudo, Janaína Feijó.
As mulheres negras empregadas estão predominantemente em funções que têm remunerações mais baixas e estão associadas à informalidade. Cerca de 55% delas trabalham em serviços, vendas ou ocupações elementares. Diversos fatores contribuem para esse cenário, como preconceitos e a falta de oportunidades para capacitação.
A informalidade também se mostra como uma alternativa para mães que não têm suporte financeiro ou cuidados para suas crianças pequenas. Conforme levantamento anterior da pesquisadora do Ibre/FGV, entre 2012 e 2022, o número de mães solo negras cresceu de 5,4 milhões para 6,9 milhões, representando quase 90% do crescimento total observado no período. Do total de mães solo no Brasil, 72,4% vivem em domicílios monoparentais, compostos apenas por elas e seus filhos.
Vicentim destaca que a Lei 14.611, publicada no dia 5 de julho pelo governo federal, vem somar como mais uma ferramenta para que o movimento sindical possa ampliar o combate à diferença de remuneração entre mulheres e homens no mercado de trabalho e cobrar um ambiente de igualdade.
“Sabemos que esse é um momento importante para assegurar o respeito no ambiente de trabalho e combater a opressão que a violência e a discriminação causam, que silencia as trabalhadoras. Na categoria bancária, temos tratado do tema nas negociações coletivas. Vale destacar a conquista de cláusulas importantes para o combate ao assédio sexual e moral, e à violência contra a mulher, além de incluir o debate sobre igualdade de oportunidades e salarial. Será a nossa luta e vigilância que tornará a prática da Lei em justiça social e na sociedade igualitária que desejamos", reforça o presidente do Sindicato.
De acordo com cálculos, metade da diferença salarial entre mulheres negras e homens brancos está relacionada a características do trabalho, como o tipo de atividade e função exercida. Ela enfatizou a importância de melhorias no campo da educação para combater essa disparidade salarial.
A desigualdade salarial persiste, mesmo com o aumento do número de mulheres negras na população em idade ativa e o avanço da escolaridade. Entre o primeiro trimestre de 2012 e o de 2023, a população em idade para trabalhar no Brasil cresceu 13,4%, enquanto entre mulheres negras esse aumento foi de 24,5%, próximo do observado para homens negros (22,3%), e muito acima do percentual entre homens brancos (2,8%) e mulheres brancas (1,9%).
"A escravidão mantém marcas profundas na sociedade brasileira, como o racismo e machismo, que se refletem nas difíceis condições para as mulheres negras, seja no mundo do trabalho, seja nas relações sociais. Os últimos anos foram de retrocessos no país, devido à falta de investimentos e políticas capazes de garantir emprego, saúde e até mesmo a vida dessas mulheres. E a desigualdade de gênero no mercado de trabalho reproduz e reafirma esse desequilíbrio já existente em todas as esferas da sociedade", explica o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
A participação das mulheres negras no ensino superior e a conclusão dos cursos dobrou desde 2012, passando de 6% para 12% em 2023. Contudo, esse avanço ainda não foi suficiente para melhorar outros indicadores no mercado de trabalho. Apenas pouco mais da metade (51%) das mulheres negras em idade para trabalhar (14 anos ou mais) estavam empregadas ou buscando uma atividade remunerada no primeiro trimestre de 2023.
A taxa de desemprego entre essas mulheres é maior em comparação ao total do Brasil. No primeiro trimestre, a taxa de desemprego para mulheres negras foi de 13,1%, enquanto a média nacional foi de 8,8%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Entre todas as mulheres negras em idade para trabalhar, totalizando 50 milhões no primeiro trimestre de 2023, apenas 44% (22,1 milhões) estavam empregadas. Esse percentual é o menor quando comparado com outros grupos, já que para as mulheres e homens não negros, essa taxa foi de 49,3% e 67,7%, respectivamente”, destaca a pesquisadora responsável pelo estudo, Janaína Feijó.
As mulheres negras empregadas estão predominantemente em funções que têm remunerações mais baixas e estão associadas à informalidade. Cerca de 55% delas trabalham em serviços, vendas ou ocupações elementares. Diversos fatores contribuem para esse cenário, como preconceitos e a falta de oportunidades para capacitação.
A informalidade também se mostra como uma alternativa para mães que não têm suporte financeiro ou cuidados para suas crianças pequenas. Conforme levantamento anterior da pesquisadora do Ibre/FGV, entre 2012 e 2022, o número de mães solo negras cresceu de 5,4 milhões para 6,9 milhões, representando quase 90% do crescimento total observado no período. Do total de mães solo no Brasil, 72,4% vivem em domicílios monoparentais, compostos apenas por elas e seus filhos.
Vicentim destaca que a Lei 14.611, publicada no dia 5 de julho pelo governo federal, vem somar como mais uma ferramenta para que o movimento sindical possa ampliar o combate à diferença de remuneração entre mulheres e homens no mercado de trabalho e cobrar um ambiente de igualdade.
“Sabemos que esse é um momento importante para assegurar o respeito no ambiente de trabalho e combater a opressão que a violência e a discriminação causam, que silencia as trabalhadoras. Na categoria bancária, temos tratado do tema nas negociações coletivas. Vale destacar a conquista de cláusulas importantes para o combate ao assédio sexual e moral, e à violência contra a mulher, além de incluir o debate sobre igualdade de oportunidades e salarial. Será a nossa luta e vigilância que tornará a prática da Lei em justiça social e na sociedade igualitária que desejamos", reforça o presidente do Sindicato.
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