23/03/2023
Copom ignora governo e economia, e mantém juros em 13,75%. Sindicato repudia decisão

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu na quarta-feira (22) manter em 13,75% ao ano a taxa básica de juros, a Selic, pelos próximos 42 dias. Foi a quinta manutenção seguida, no patamar mais alto dos seis últimos anos. A próxima reunião será em 2 e 3 de maio.
A decisão era esperada, apesar de toda a pressão nas últimas semanas, vinda do governo, de empresários e de movimentos sociais, no sentido de redução dos juros. Na terça-feira (21), por exemplo, centrais sindicais junto aos trabalhadores organizaram protestos pelo país para pressionar o BC e, em alguns casos, pedir a saída de seu presidente, Roberto Campos Neto.
Não foram só as ruas que foram ocupadas para exigir a queda da taxa básica de juros (Selic) praticada pelo BC. Várias postagens no Twitter começaram a subir a hashtag #JurosBaixosJá, que alcançou o quarto lugar entre as mais comentadas no Brasil, na terça-feira. O Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, como entidade cidadã, uniu-se a essa grande mobilização, participando das atividades virtuais.
“Campos Neto faz o papel de procurador dos interesses do mercado. Todos nós sabemos que a autonomia do Banco Central foi uma das contrapartidas exigidas pelo mercado ao então ministro Paulo Guedes para apoiar Bolsonaro. Não podemos aceitar passivos que o BC se mantenha numa redoma blindada pelo mercado, ditando os rumos da política monetária do país, enquanto a população fica na condição de refém dessa política, lutando para sobreviver. Os juros altos seguem na contramão da urgente necessidade de crescimento do Brasil", acrescentou o presidente do Sindicato, Roberto Vicentim.
Contraf-CUT e Sindicato repudiam decisão do Banco Central
Em nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, "repudia veementemente a política monetária praticada hoje pelo BC, que penaliza os mais pobres e o desenvolvimento industrial e não foi capaz de conter os níveis de inflação dentro das metas estipuladas nos últimos dois anos, isso porque a inflação registrada no período não tem relação com o consumo, mas sim com questões externas ao país, como conflito bélico entre Rússia e Ucrânia e as mudanças climáticas globais."
A decisão, que impede que o Brasil aumente investimentos no setor produtivo para a economia voltar crescer e gerar emprego e renda, comprova mais uma vez que o BC não está a serviço dos interesses do povo, mas sim dos banqueiros e dos super-ricos, os únicos beneficiados com a prática de juros elevadíssimos, porque aumentam seus ganhos com a especulação em títulos públicos, a despeito do aumento da miséria e do endividamento das famílias.
A política de boicote à economia do país, exercida pelo BC, segue a linha da política desempenhada por Paulo Guedes, ex-ministro da Economia no governo Bolsonaro, que se valeu da alta do dólar frente ao real para valorizar seus milhões guardados em paraísos fiscais.
A executiva da CUT também divulgou nota para criticar. “A decisão também revela o quanto é ruim para o país um Banco Central, que se declara autônomo, mas se encontra nas mãos de rentistas, especialmente quando têm compromissos com forças políticas contrárias ao povo e ao governo federal. A ausência de sintonia do BC com o esforço de retomada do crescimento econômico do governo democrático e popular prejudica o país e seu povo”, afirmou a central.
Ainda hoje, nos Estados Unidos, o Federal Reserve (equivalente ao BC) aumentou os juros em 0,25 ponto percentual. Foi a nona alta seguida. Agora, o intervalo vai de 4,75% a 5% ao ano. No entanto, ainda fica abaixo da inflação norte-americana em 12 meses, que estava em 6,4% em janeiro
10 motivos para o BC baixar a taxa de juros do Brasil, a maior do mundo
1 - Aumenta o endividamento das famílias
As famílias brasileiras estão cada vez mais endividadas. Pelo quarto ano consecutivo houve um aumento. Em 2022, o endividamento bateu outro recorde e atingiu 77,9% das famílias brasileiras de todas as faixas de renda. O percentual é sete pontos maior do que o registrado em 2021 (70,9%).
Os juros altos aumentam o valor das dívidas deixando as famílias cada vez mais afundadas numa crise financeira sem fim.
2 - Crédito mais caro
Contrair um empréstimo financeiro seja para quitar dívidas ou investir num negócio fica muito caro. A Selic determina a taxa de juros cobrada nas operações de empréstimos. Porém, em vez de as instituições financeiras se basearem na taxa Selic para a cobrança de juros, elas cobram além dela. Assim quanto maior a Selic, maior serão os juros cobrados.
Levantamento do Procon-SP revela que neste mês de março, a taxa média do empréstimo pessoal foi de 7,63% ao mês. Já no cheque especial, desde fevereiro de 2021, a taxa média permanece em 7,96%.
Utilizar o rotativo do cartão de crédito também não é uma boa opção. Os juros do rotativo chegaram a 411,5% ao ano em janeiro de 2023, segundo o BC.
3 - Juros altos favorece 1% mais ricos do país
A Selic ficar neste patamar só interessa a 1% da elite econômica do país que compra títulos do governo para investimentos (a arrecadação dos governos depende de impostos recolhidos e parte de títulos vendidos no mercado), e a cerca de 10% da classe média que têm aplicações financeiras, pois com a alta dos juros vale mais a pena deixar o dinheiro aplicado em algum título do governo do que abrir uma empresa e gerar empregos, explicou o economista e professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor. São os chamados rentistas que vivem dos juros de suas aplicações.
4 - Aumento da dívida pública
A cada aumento de 1% na taxa de juros, a dívida líquida do setor público cresce R$ 38 bilhões, segundo o economista da Unicamp, Marcio Pochmann. “Como a Selic aumentou 11,75 pontos percentuais entre agosto de 2020 (2%) e dezembro de 2022 (13,75%), o impacto foi de R$ 446,5 bilhões”.
É dinheiro pago por todos os contribuintes para os mais ricos que podem comprar títulos do tesouro nacional, já que têm garantia de pagamento pelo governo federal, a partir da arrecadação de tributos e impostos pagos por todos nós.
5 - Impedem investimentos sociais
Como o governo tem de remunerar os compradores de títulos públicos de acordo com a Selic, a União fica cada vez mais endividada, não sobrando dinheiro para investir em benefícios sociais como o Bolsa Família e o Farmácia Popular, entre outros.
6 – Paralisa obras essenciais
Os bilhões pagos pelo governo federal com a dívida pública impedem também a construção e reparos em estradas, a construção de moradia popular, a construção de açudes, escolas, creches e outros próprios públicos. Há no país 14 mil obras paradas, que podem gerar emprego e renda para os trabalhadores e melhorar o caixa das empresas.
7 - Dificulta a compra de bens materiais
A alta de juros também é sentida no crédito imobiliário para a compra da casa própria e nos bens de consumo como geladeiras, fogões, carros, celulares, entre outros. Com as empresas tendo de pagar juros maiores a tendência é transferir para o consumidor essa conta.
8 – Impede a geração de empregos
Sem dinheiro de capital de giro para investimento, tanto grandes como pequenas empresas diminuem as contratações com receio de não conseguir pagar as dívidas, até mesmo por falta de compradores para os seus produtos, já que o endividamento das famílias impede que elas consumam. É um círculo vicioso. Um exemplo é a fábrica da Mercedes no Brasil e outras montadoras que deram férias coletivas a seus trabalhadores. Com os juros altos, sobram veículos nos pátios.
9 – Impede a distribuição de renda
Sem geração de empregos não há renda, sem renda não há consumo, sem consumo as empresas não investem, sem investimento não há empregos... É um círculo sem fim.
10 – Trava a economia
Sem a roda da economia girando o governo não arrecada, sem arrecadação a economia trava e os mais pobres passam fome e a classe média empobrece.
A decisão era esperada, apesar de toda a pressão nas últimas semanas, vinda do governo, de empresários e de movimentos sociais, no sentido de redução dos juros. Na terça-feira (21), por exemplo, centrais sindicais junto aos trabalhadores organizaram protestos pelo país para pressionar o BC e, em alguns casos, pedir a saída de seu presidente, Roberto Campos Neto.
Não foram só as ruas que foram ocupadas para exigir a queda da taxa básica de juros (Selic) praticada pelo BC. Várias postagens no Twitter começaram a subir a hashtag #JurosBaixosJá, que alcançou o quarto lugar entre as mais comentadas no Brasil, na terça-feira. O Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, como entidade cidadã, uniu-se a essa grande mobilização, participando das atividades virtuais.
“Campos Neto faz o papel de procurador dos interesses do mercado. Todos nós sabemos que a autonomia do Banco Central foi uma das contrapartidas exigidas pelo mercado ao então ministro Paulo Guedes para apoiar Bolsonaro. Não podemos aceitar passivos que o BC se mantenha numa redoma blindada pelo mercado, ditando os rumos da política monetária do país, enquanto a população fica na condição de refém dessa política, lutando para sobreviver. Os juros altos seguem na contramão da urgente necessidade de crescimento do Brasil", acrescentou o presidente do Sindicato, Roberto Vicentim.
Contraf-CUT e Sindicato repudiam decisão do Banco Central
Em nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, "repudia veementemente a política monetária praticada hoje pelo BC, que penaliza os mais pobres e o desenvolvimento industrial e não foi capaz de conter os níveis de inflação dentro das metas estipuladas nos últimos dois anos, isso porque a inflação registrada no período não tem relação com o consumo, mas sim com questões externas ao país, como conflito bélico entre Rússia e Ucrânia e as mudanças climáticas globais."
A decisão, que impede que o Brasil aumente investimentos no setor produtivo para a economia voltar crescer e gerar emprego e renda, comprova mais uma vez que o BC não está a serviço dos interesses do povo, mas sim dos banqueiros e dos super-ricos, os únicos beneficiados com a prática de juros elevadíssimos, porque aumentam seus ganhos com a especulação em títulos públicos, a despeito do aumento da miséria e do endividamento das famílias.
A política de boicote à economia do país, exercida pelo BC, segue a linha da política desempenhada por Paulo Guedes, ex-ministro da Economia no governo Bolsonaro, que se valeu da alta do dólar frente ao real para valorizar seus milhões guardados em paraísos fiscais.
A executiva da CUT também divulgou nota para criticar. “A decisão também revela o quanto é ruim para o país um Banco Central, que se declara autônomo, mas se encontra nas mãos de rentistas, especialmente quando têm compromissos com forças políticas contrárias ao povo e ao governo federal. A ausência de sintonia do BC com o esforço de retomada do crescimento econômico do governo democrático e popular prejudica o país e seu povo”, afirmou a central.
Ainda hoje, nos Estados Unidos, o Federal Reserve (equivalente ao BC) aumentou os juros em 0,25 ponto percentual. Foi a nona alta seguida. Agora, o intervalo vai de 4,75% a 5% ao ano. No entanto, ainda fica abaixo da inflação norte-americana em 12 meses, que estava em 6,4% em janeiro
10 motivos para o BC baixar a taxa de juros do Brasil, a maior do mundo
1 - Aumenta o endividamento das famílias
As famílias brasileiras estão cada vez mais endividadas. Pelo quarto ano consecutivo houve um aumento. Em 2022, o endividamento bateu outro recorde e atingiu 77,9% das famílias brasileiras de todas as faixas de renda. O percentual é sete pontos maior do que o registrado em 2021 (70,9%).
Os juros altos aumentam o valor das dívidas deixando as famílias cada vez mais afundadas numa crise financeira sem fim.
2 - Crédito mais caro
Contrair um empréstimo financeiro seja para quitar dívidas ou investir num negócio fica muito caro. A Selic determina a taxa de juros cobrada nas operações de empréstimos. Porém, em vez de as instituições financeiras se basearem na taxa Selic para a cobrança de juros, elas cobram além dela. Assim quanto maior a Selic, maior serão os juros cobrados.
Levantamento do Procon-SP revela que neste mês de março, a taxa média do empréstimo pessoal foi de 7,63% ao mês. Já no cheque especial, desde fevereiro de 2021, a taxa média permanece em 7,96%.
Utilizar o rotativo do cartão de crédito também não é uma boa opção. Os juros do rotativo chegaram a 411,5% ao ano em janeiro de 2023, segundo o BC.
3 - Juros altos favorece 1% mais ricos do país
A Selic ficar neste patamar só interessa a 1% da elite econômica do país que compra títulos do governo para investimentos (a arrecadação dos governos depende de impostos recolhidos e parte de títulos vendidos no mercado), e a cerca de 10% da classe média que têm aplicações financeiras, pois com a alta dos juros vale mais a pena deixar o dinheiro aplicado em algum título do governo do que abrir uma empresa e gerar empregos, explicou o economista e professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor. São os chamados rentistas que vivem dos juros de suas aplicações.
4 - Aumento da dívida pública
A cada aumento de 1% na taxa de juros, a dívida líquida do setor público cresce R$ 38 bilhões, segundo o economista da Unicamp, Marcio Pochmann. “Como a Selic aumentou 11,75 pontos percentuais entre agosto de 2020 (2%) e dezembro de 2022 (13,75%), o impacto foi de R$ 446,5 bilhões”.
É dinheiro pago por todos os contribuintes para os mais ricos que podem comprar títulos do tesouro nacional, já que têm garantia de pagamento pelo governo federal, a partir da arrecadação de tributos e impostos pagos por todos nós.
5 - Impedem investimentos sociais
Como o governo tem de remunerar os compradores de títulos públicos de acordo com a Selic, a União fica cada vez mais endividada, não sobrando dinheiro para investir em benefícios sociais como o Bolsa Família e o Farmácia Popular, entre outros.
6 – Paralisa obras essenciais
Os bilhões pagos pelo governo federal com a dívida pública impedem também a construção e reparos em estradas, a construção de moradia popular, a construção de açudes, escolas, creches e outros próprios públicos. Há no país 14 mil obras paradas, que podem gerar emprego e renda para os trabalhadores e melhorar o caixa das empresas.
7 - Dificulta a compra de bens materiais
A alta de juros também é sentida no crédito imobiliário para a compra da casa própria e nos bens de consumo como geladeiras, fogões, carros, celulares, entre outros. Com as empresas tendo de pagar juros maiores a tendência é transferir para o consumidor essa conta.
8 – Impede a geração de empregos
Sem dinheiro de capital de giro para investimento, tanto grandes como pequenas empresas diminuem as contratações com receio de não conseguir pagar as dívidas, até mesmo por falta de compradores para os seus produtos, já que o endividamento das famílias impede que elas consumam. É um círculo vicioso. Um exemplo é a fábrica da Mercedes no Brasil e outras montadoras que deram férias coletivas a seus trabalhadores. Com os juros altos, sobram veículos nos pátios.
9 – Impede a distribuição de renda
Sem geração de empregos não há renda, sem renda não há consumo, sem consumo as empresas não investem, sem investimento não há empregos... É um círculo sem fim.
10 – Trava a economia
Sem a roda da economia girando o governo não arrecada, sem arrecadação a economia trava e os mais pobres passam fome e a classe média empobrece.
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