20/04/2022

4 entre os 10 bancos mais rentáveis do mundo são brasileiros. Isso é bom?



Quatro bancos brasileiros estão entre os 10 com maior rentabilidade do mundo, segundo ranking divulgado pela empresa Economática, que faz análises relacionadas ao mercado financeiro. São eles, do melhor ao pior colocado: Santander Brasil, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco.
 
O levantamento levou em consideração os balanços anuais referentes a 2021 de bancos com mais de US$ 100 bilhões em ativos e que têm ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York. Segundo a Economática, das 39 instituições financeiras presentes nessa lista, 19 são dos Estados Unidos, que são seguidos por Brasil, Canadá e Grã-Bretanha, com quatro bancos cada. “O Japão e a Coreia do Sul têm três bancos, a Espanha e a Índia têm dois bancos e outros quatro países possuem uma instituição nesse ranking”, de acordo com a Economática.
 
O critério utilizado para definir a rentabilidade foi o ROE (Return On Equity), Retorno sobre Patrimônio Líquido em português, que é o resultado da divisão entre lucro líquido e patrimônio líquido de uma empresa.
 
Os 10 primeiros colocados:

1.      Capital One Financial Corp (EUA) – ROE: 20,4%
2.      Ally Financial Inc (EUA) - ROE: 19,3%
3.      Santander Brasil (Brasil) - ROE: 18,9%
4.      Royal Bank of Canada (Canadá) - ROE: 17,3%
5.      Itaú Unibanco (Brasil) - ROE: 17,3%
6.      Jpmorgan Chase & Co (EUA) – ROE: 16,9%
7.      Banco do Brasil (Brasil) – ROE: 15,7%
8.      Bradesco (Brasil) – ROE: 15,2%
9.      Bank of Nova Scotia (Canadá) - ROE: 15,1%
10.    SVB Financial Group (EUA) - ROE: 15,0%
 
Embora estejam bem colocados, a rentabilidade média dos bancos brasileiros, definida a partir do ROE, diminuiu ao longo da última década. Ela foi de 16,5% em 2021, o que representa uma queda de 6,6 pontos percentuais na comparação com 2010. Uma das causas desse panorama foi o impacto econômico causado pela pandemia de covid-19. Mesmo assim, a rentabilidade média das quatro instituições brasileiras é superior ao ROE mediano de 11,8% registrado pelos bancos americanos que também estão presentes na lista.
 
Entre as quatro empresas brasileiras analisadas no levantamento da Economática, o Santander é aquela com melhor colocação pelo quarto ano consecutivo, sendo que sua rentabilidade tende a crescer. Já Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco “apresentaram uma tendência geral de queda”.

Na avaliação do economista e diretor do Reconta Aí, Sérgio Mendonça, a altíssima rentabilidade dos bancos mostra que eles estão 'lucrando muito' em cima da população: "Isso significa extrair/transferir recursos da sociedade (pessoas e empresas) para os acionistas dos bancos em uma escala absurda". Em outras palavras, uma ação de Robin Hood às avessas", disse.

Segundo Mendonça, a rentabilidade dos bancos brasileiros ser grande não é uma novidade: "Ainda que tenha havido uma queda na rentabilidade dos bancos brasileiros no período analisado, ela passou de uma rentabilidade 'indecente' para uma rentabilidade 'indecorosa'", disse o economista.

A presença do Banco do Brasil nessa lista é preocupante, afirma Mendonça

Entre os quatro que envolvem a lista, o mais preocupante para o Brasil, segundo Mendonça, é a presença do Banco do Brasil. O Banco Público de economia mista não deveria ter a rentabilidade como um dos principais objetivos de ação, mas sim a inclusão bancária da população e o auxílio ao desenvolvimento do País. Segundo Mendonça, a presença do BB na lista desvirtua o seu papel público.

Outro alerta vem de um dos cinco maiores bancos brasileirios, a Caixa Econômica Federal. A instituição, também pública, poderia estar na lista: "A Caixa só não está na lista porque não é uma empresa de capital aberto e não entrou no ranking analisado", esclarece Mendonça.

Ou seja, a Caixa é mais uma instituição financeira pública, cujo objetivo não deveria ser a rentabilidade, e está agindo de forma incompatível com seu caráter. Um direcionamento do governo federal sob Bolsonaro, levado a cabo pela gestão de Pedro Guimarães.
Fonte: Agência Brasil e Reconta Aí, com edição de Seeb Catanduva

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