14/06/2021

Salários em baixa e inflação em alta derrubam poder de compra dos trabalhadores



Enquanto a inflação dispara - em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oificial, registrou a maior alta em 25 anos -, os salários encolhem e reduzem drasticamente o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras, revela dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), e do Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

De acordo com o estudo, publicado pela Folha de S. Paulo, pelo quarto mês seguido, mais da metade das negociações fechadas entre sindicatos e empresas nos acordos e convenções de categorias com data-base em abril resultaram em reajustes menores do que a inflação acumulada em um ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice usado como referência para essas negociações.

Em abril, o reajuste médio dos salários ficou em 5,6%, enquando o INPC acumulado em 12 meses até março, foi de 6,9%.

De janeiro a abril, a variação real média ficou negativa em 0,57% e metade dos reajustes resultou em perdas iguais ou superiores a 0,18% para os trabalhadores, segundo o Dieese.

Somente 12,3% das negociações fechadas no período garantiram reajustes acima da inflação. Quase seis em dez (58,7%) terminaram com índices inferiores ao da inflação, ou seja, com perda no poder de compra.

O setor de serviços foi o que registrou o maior número de acordos com reajuste abaixo do INPC. No primeiro quadrimestre de 2020, 71,7% das negociações não chegaram a repor as perdas da inflação. Na indústria, o percentual foi de 46,8%, e de 35,9% no comércio, segundo o Dieese.

“As negociações estão cada vez mais difíceis e os reajustes de abril revelam a persistência de um quadro desfavorável para os trabalhadores, que começou a se agravar em outubro de 2020. A categoria bancária, no entanto, é uma das poucas que conseguiram reajustes salariais acima da inflação, graças a atuação dos sindicatos que negociaram o Acordo Coletivo de Trabalho 2020/2022”, ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.

Quando a categoria negociou o acordo coletivo de dois anos havia uma realidade econômica imposta pelo atual governo com privatizações e cortes de direitos (reforma trabalhista e reforma da previdência). Em um cenário de reajuste zero para a maioria dos trabalhadores, os bancários arrancaram, para 2020, aumento de 1,5% nos salários, com abono de R$ 2 mil. E, ainda, a reposição da inflação (estimada em 2,74% no período) para as demais verbas, como vales alimentação e refeição e auxílio-creche/babá. Hoje, mesmo diante do cenário devastador da pandemia para o mundo e, mais ainda para o Brasil, garantiu a reposição do INPC acumulado no período de 1º de setembro de 2020 a 31 de agosto de 2021 e aumento real de 0,5% para salários e demais verbas, assim como para os valores fixos e tetos da PLR.

A escalada da inflação deve agravar ainda mais as condições para as negociações e coincide com um período de concentração de datas-base, que é o mês de maio.

Ainda segundo a reportagem, as categorias que estão em negociação precisarão de reajustes de pelo menos 7,59% para compensar o INPC acumulado em 12 meses até abril.

Em maio, o índice chegou a 8,9% - o índice apura a variação de preços e os pesos das despesas para famílias com renda entre um e cinco salários mínimos, e é o mais usado nas negociações de reajuste.

“O acordo coletivo dos bancários é importante porque garantiu direitos, garantiu a convenção coletiva de trabalho e, acima de tudo, garantiu-nos ter reajuste salarial e tranquilidade. Entretanto, o panorama das negociações nos últimos meses reforça a importância de os trabalhadores fortalecerem o sindicato e participarem das atividades propostas, mesmo que de maneira virtual devido à pandemia que enfrentamos. Diante de tantas ameaças e ataques contra a categoria, e a classe trabalhadora de forma geral, manter nossa união e organização é fundamental para resistir na luta. Sem mobilização não há conquistas!”, alerta Vicentim.
Fonte: CUT, com edição de Seeb Catanduva

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