16/11/2020

Pandemia faz crescer número de mulheres vítimas de violência doméstica no país



A pandemia do novo coronavírus é uma ameaça à saúde pública, mas também à segurança das mulheres. Com o isolamento social necessário para conter o contágio, aumentaram os casos de violência doméstica. No primeiro semestre de 2020, as mortes em decorrência da violência contra mulher cresceram 2% comparado ao mesmo período de 2019. Os dados são do Anuário de Segurança Pública, feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O isolamento social só agravou uma tendência de agressões às mulheres dentro de casa. Levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para o Atlas da Violência 2019 mostra que a taxa de homicídios de mulheres fora do domicílio aumentou 28% em 10 anos. Mas no mesmo período, as ocorrências registradas em casa subiram 38%.

Se aumentou o feminicídio durante a pandemia, por outro lado, diminuiu o registro de agressões a mulheres, de acordo com a 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Pelo estudo, o número de registros de violência doméstica registrado nas delegacias durante o primeiro semestre de 2020 foi 9,9% menor do que registrado no igual período do ano anterior.

“O maior tempo de convivência da mulher com seu agressor faz com que a violência aumente. Porém, sabemos que durante a pandemia fica mais difícil para a mulher buscar uma delegacia de polícia para denunciar o agressor. Isso já não era simples antes e agora ficou ainda mais difícil”, avalia a secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Elaine Cutis.

A secretária lembra que já começaram as atividades para o dia 25 de novembro, o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. “Uma das preocupações da nossa atividade neste mês é divulgar a importância de se denunciar as agressões. Sabemos que a denúncia fica mais difícil durante a pandemia, mas além do fone 180, a mulher pode buscar ajuda com a família e amigos, pela internet e mesmo indo a uma farmácia, por exemplo, e mostrando um “xis” feito na palma da mão. Os funcionários destes e outros estabelecimento são treinados a alertar a polícia e ajudar as vítimas da forma mais rápida possível”, explica Elaine Cutis.

As bancárias também podem buscar ajuda nos locais de trabalho. Este ano, movimento sindical da categoria incluiu na Convenção coletiva de Trabalho (CCT) assinada este ano uma cláusula que cria nas instituições bancárias canais de atendimento às vítimas de violência doméstica. Até mesmo a transferência de local de trabalho será possível, caso a vítima entenda que precisa se afastar do agressor. “A criação dos canais de atendimento é uma conquista da nossa categoria”, afirma a secretária da Mulher.

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Carlos Vicentim, contar com a ampliação de canais de denúncia e apoio às mulheres vítimas de violência, a exemplo da conquista da categoria, é fundamental neste momento.

“Em 2020, ao mesmo tempo que a Covid-19 se espalha pelo mundo, a violência contra meninas e mulheres se transforma em uma pandemia silenciosa. Não podemos aceitar isso, temos que protestar, educar e denunciar. Apesar de contabilizarmos o crescimento de serviços de atendimento às mulheres até 2016, mais recentemente assistimos ao desmonte das políticas públicas, com cortes importantes no orçamento dos serviços que atendiam as mulheres. É preciso novamente avançar e garantir suas vidas numa grande rede de solidariedade, que seja apoiada e estruturada de todas as formas, sobretudo através das políticas públicas, mas que tenha também o apoio e mobilização da sociedade como um todo. Assim como o Sindicato, participe das campanhas, divulgue informações sobre os canais de atendimento, acolha e não se cale. Denuncie! Violência contra a mulher é crime!”, ressalta Vicentim.
 
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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