24/06/2020

Cresce o assédio moral em tempos de pandemia e trabalho remoto. Denuncie!


"Pensando no trabalho remoto, quando a divisão entre casa e trabalho é rompida, vemos muitas pessoas trabalhando
nos feriados, fins de semana. Não tem mais horário para cobrança de tarefas", afirma médico do trabalho


Em tempos de pandemia do novo coronavírus, com a maior adoção do chamado trabalho remoto (home office), criam-se espaços para o crescimento do assédio moral. A conclusão é do professor e coordenador do colegiado do curso de Medicina da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Fernando Ribas Feijó.

“Pensando no trabalho remoto, quando a divisão entre casa e trabalho é rompida, vemos muitas pessoas trabalhando nos feriados, fins de semana. Não tem mais horário para a cobrança de tarefas”, disse, durante debate sobre o tema.

Por outro lado, existe o fato de que profissionais estão sendo pressionados a retornarem às suas atividades presenciais, mesmo com a pandemia apresentando números elevados relativos ao contágio, como é o caso de algumas instituições financeiras que estão rompendo acordos e convocando bancários sem negociação com representantes da categoria.

Entretanto, Feijó faz questão de pensar que, no trabalho remoto, as dificuldades e a precarização seguem lógicas ampliadas de exploração. “Muitos estão trabalhando muito, mesmo que de forma remota. Diversas questões estão surgindo, o assédio moral está crescendo bastante. Uma situação que chama a atenção é o excesso de reuniões virtuais e atividades”, completa. Desta forma, o que acontece é uma espécie de refinamento do assédio, segundo ele.

Cultura do trabalho

Feijó vê processos de alteração em modelos de trabalho como novas “janelas de oportunidades” para o assédio moral. “Degradação das relações interpessoais, deficiência nas políticas de gestão, formas com que a pandemia tem sido tratada. Ainda existem muitas dúvidas e angústias. A questão de imposição de prazos rigorosos, aumento do volume de trabalho, do ritmo, com menos pessoas para executar mais tarefas”, explica.

“A quantidade crescente de informação a ser administrada. Tudo isso tem relação com o assédio moral, que vem da organização do trabalho. Sabemos que, quando a organização do trabalho e as relações estão em um nível crítico, sem funcionar da melhor maneira, a chance do assédio aumenta em mais de 10 vezes”, aponta.

O conceito

O professor afirma que o assédio moral é um conceito consolidado, e o simples estresse do momento não caracteriza, por si, a prática. “É  uma conduta abusiva, intencional, frequente, que pode acontecer no ambiente de trabalho e fora, na medida em que a pessoa exerce sua função”, define.

“Não é apenas o conflito no trabalho, que geralmente se dá em uma relação simétrica entre colegas ou entre eles e superiores. O assédio se dá em uma relação assimétrica. Não é também o estresse por si. A sobrecarga, o excesso de trabalho e o estresse acabam adoecendo. Mas o assédio é destruidor por si.”

O presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim explica que os problemas de assédio moral enfrentados pelos trabalhadores nas instituições financeiras não é assunto novo. "A categoria bancária é uma das que mais sofre com a prática. Com a pandemia e as alterações nas condições de trabalho que ela promoveu, os casos têm aumentado consideravelmente nas agências bancárias de todo o país. Reforçamos aos bancários a importância de levar os problemas ao sindicato, que tem atuado efetivamente na defesa dos trabalhadores", ressalta Vicentim.

Denuncie

O Sindicato possui um instrumento de combate ao assédio moral, uma conquista da Campanha de 2010. Através desse canal, os bancários podem denunciar com a certeza de que sua identidade será mantida em absoluto sigilo. Para acessar, CLIQUE AQUI.

É importante também destacar que alguns bancos têm seus próprios canais de denúncia, mas que o canal do Sindicato é a opção mais segura e mais eficiente para o bancário.



 
Fonte: Rede Brasil Atual, com edição de Seeb Catanduva

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