Oligopólio: Quatro bancos acumularam 78,5% das operações de crédito no ano de 2017

Foto: Pixabay
Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – os quatro maiores bancos brasileiros – concentravam 78,51% das operações de crédito no fim de 2017. Há 10 anos, esse índice correspondia a 54,68%. Os dados são do Relatório de Estabilidade Financeira divulgado pelo Banco Central (BC) nesta terça-feira (17).
Essas instituições respondiam por 76,35% dos depósitos e 72,69% de todos os ativos em dezembro do ano passado. Em junho de 2017, esses percentuais eram 76,74% e 72,99%, respectivamente.
A alta concentração bancária é apontada como um dos fatores que explicam por que os juros ao consumidor final seguem tão elevados no país e resistem em baixar, mesmo diante da queda da taxa Selic. Em agosto de 2016, a Selic se encontrava em 14,25%. Dois meses depois passou a cair e atualmente está em 6,5%, o nível mais baixo da história.
Os bancos utilizam, anteriormente, a desculpa do alto índice da taxa Selic como justificativa para as taxas exorbitantes de juros cobradas dos clientes. Entretanto, a Selic teve sua redução para o menor nível da história, mas as grandes instituições financeiras continuam cobrando juros extorsivos porque se aproveitam da concorrência mínima no setor”, diz Júlio César Trigo, diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região.
O peso do spread bancário (diferença entre o quanto o banco paga ao tomar empréstimo e o quanto ele cobra para o consumidor na operação de crédito) na taxa final de juros aos consumidores e empresas tem aumentado no atual governo, mesmo diante das menores taxas básicas de juros da história. É o que revelam dados do economista e especialista em crédito Gilberto Borça Júnior.
Em maio de 2016, quando o atual governo tomou o poder, a proporção entre o spread geral e o custo do crédito era de 69,6%, atingiu 71,8% em outubro daquele ano, quando teve início a trajetória de corte de juros, e chegou a 75,8% em fevereiro deste ano.
No caso do crédito para pessoa física, o aumento passou de 76,3% em maio de 2016, atingiu 78,2% em outubro do mesmo ano e bateu 81,4% no dado mais recente. Para as empresas, no início do atual governo estava em 54,7%, passando para 56,4% em outubro e chegando agora a 62%.
Os dados mostram que os bancos têm embolsado a queda da taxa de juros da economia, o que ajuda a explicar os lucros cada vez maiores obtidos por eles e comprova que o sistema financeiro brasileiro não contribui em nada para o fomento da economia nacional. Pelo contrário, apenas estrangula toda a população e o setor produtivo em detrimento de uma lucratividade inimaginável que beneficia apenas alguns acionistas e diretores executivos dessas instituições. E o Banco Central, que é o órgão regulador, nada faz para mudar essa situação, porque está capturado pelo setor financeiro.
O Banco Central atualmente é comandado pelo ex-economista-chefe e sócio do Itaú, Ilan Goldfajn.
Em 2016, os quatro bancos lucraram R$ 50,6 bilhões. Em dezembro de 2017, as mesmas instituições ganharam R$ 67,4 bilhões, aumento de 33,2%.
MAIS NOTÍCIAS
- Audiência na Câmara debate situação do plano de saúde dos aposentados do Itaú
- COE Bradesco avança em negociação de dois acordos inéditos com o banco
- Veja ao vivo a abertura dos congressos de trabalhadores de bancos públicos
- Como 0,1% dos super-ricos do Brasil acumulou mais renda que 80 milhões de pessoas
- Chegaram os Canais do Sindicato no WhatsApp! Siga-nos agora!
- Sindicato denuncia fechamento da agência do Bradesco em Pindorama
- Itaú apresenta avanços em resposta às reivindicações do GT Saúde
- BB lança protocolo de apoio a bancárias vítimas de violência doméstica
- Encontro Nacional dos Funcionários do Santander debaterá cenário econômico, perspectivas do sistema financeiro e plano de luta da categoria
- Delegados aprovam Plano de Lutas na 27ª Conferência Estadual da FETEC-CUT/SP
- CEE cobra e Caixa garante que reestruturação não trará perdas financeiras
- Impactos da digitalização no mercado financeiro foi tema de encontro da UNI América Finanças
- Negociações sobre custeio do plano associados da Cassi avançam, mas ainda sem acordo
- 27ª Conferência Estadual da FETEC-CUT/SP reafirma defesa da soberania e dos empregos frente à IA
- Recorte da Consulta Nacional revela falta de comprometimento dos bancos com igualdade de oportunidades