26/12/2017

Após reforma, cresce o assédio moral nas agências. Sindicato cobra fim da prática ilegal

Metas de vendas de produtos e de serviços quase impossíveis de atingir; perseguições; exigência para superar os percentuais de rentabilidade estabelecidos pela direção do banco; palavras de baixo calão; cobranças repetitivas e sistemáticas; divulgação online do ranking; ameaça de demissão; ameaça de destituição de cargo gerencial; todo esse ambiente de terror parece incompatível com as tão propagadas práticas de gestão responsável que os bancos insistem em dizer que praticam com seus funcionários. Mas só parece.

Os problemas de assédio moral enfrentados pelos trabalhadores nas instituições financeiras não é assunto novo. No entanto, com a aprovação da Reforma Trabalhista, com demissões em massa e redução de jornada de trabalho e salário, os casos de assédio moral têm aumentado consideravelmente nas agências bancárias de todo o país.

De acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF/CUT) em 2017, com a participação de 37 mil trabalhadores do setor, a cada três bancários que sofrem com assédio moral dentro das agências, dois são afetados com problemas de saúde e psicológicos.

O Sindicato tem recebido inúmeras denúncias dessa prática cometida por gestores. Entretanto, a modalidade de violência comum ao alto escalão dos bancos vem sendo disseminada também entre colegas, de forma horizontal, em consequência muitas vezes da promessa de promoção feita por superiores aos funcionários que conseguirem atingir as metas impostas.

“A estratégia é vender a seus funcionários a mensagem de “foco no cliente”, quando na verdade o que eles querem dizer é “foco na venda”. Em resumo, para os objetivos principais das instituições, de nada importa se, por exemplo, o operador de caixa fez seu trabalho corretamente, sem diferenças no final do dia e sem clientes insatisfeitos, se não conseguiu atingir determinada quantidade de venda de produtos e de serviços”, denuncia Júlio César Trigo, diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região.

Segundo as pesquisadoras Lena Rodrigues e Wilza Ferreira, “no cenário de uma instituição financeira cercado de competitividade, focado em lucros e resultados, com valores humanos postos em segundo plano, o assédio passa a ser utilizado como uma ferramenta para disciplinar as pessoas da organização ou como um modo deliberado de exercer o poder com o propósito de atingir os objetivos do banco”.

Por isso, precisamos estar atentos aos sinais de que estamos sendo vítimas dessa prática ou se algum colega de trabalho passa por essa situação e denunciar. 

O Sindicato tem se empenhado veemente em combater o assédio moral nas agências de sua base territorial e já entrou em contato com as relações sindicais das instituições onde há casos relatados para cobrar mais respeito aos funcionários e reforçar sua posição contra a prática, que tem colocado em risco a saúde de trabalhadores e trabalhadoras.  

Para fortalecer o combate, o Sindicato também disponibiliza a todos os bancários um canal formal, no site da entidade para denunciar de forma segura e sigilosa: a ferramenta Denuncie. O instrumento é a forma mais garantida de o bancário fazer denúncias com total segurança e sigilo absoluto, diferentemente do que ocorre nos canais internos dos bancos. A partir da denúncia do trabalhador, o Sindicato tem prazo de 10 dias úteis para apresentá-la ao banco, que tem a obrigação de apurar o caso e dar retorno em até 45 dias.

“Estamos nos mobilizando e tomando todas as medidas necessárias em defesa dos trabalhadores. O bancário não deve permitir nenhum tipo de humilhação ou constrangimento em seu local de trabalho. Trata-se de algo que pode levar a categoria ao adoecimento e isso é um abuso contra o trabalhador. O banco pode comprar sua força de trabalho, mas não a sua saúde”, ressalta Trigo.
Fonte: Seeb Catanduva

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