08/12/2014
Itaú promove festa de desfeitas para bancários
O que deveria ser uma homenagem a funcionários que completam 30 anos de casa gerou muita insatisfação. Diferentemente dos anos anteriores, banco não forneceu ações
São Paulo – Trinta anos dedicados a um banco que recentemente tornou-se o maior da América Latina. E qual a forma de reconhecimento para uma vida inteira de trabalho em uma empresa que lucra R$ 15 bilhões ao ano? “Um relógio, uma festinha meia boca para calar a nossa boca e tchau e benção.” Foi assim que definiu a “homenagem” um dos cerca de 700 bancários que nos últimos dois anos completaram três décadas de serviços prestados ao Itaú.
Mas a maior decepção nem foi a festa em si, considerada um fiasco por todos os trabalhadores ouvidos pelo Sindicato. A principal queixa é que, diferentemente dos anos anteriores, em 2014 os bancários prestes a se aposentar no Itaú não receberão ações da empresa.
“Durante a festa, o Roberto Setúbal e o Pedro Moreira Salles fizeram questão de dizer que o banco teve um lucro enorme, que é o maior da América Latina, e ao mesmo tempo nós não vamos receber ações. Parecia que só estavam querendo esfregar na nossa cara que ficaram mais ricos ainda. Foi uma falta de consideração tremenda”, desabafa um dos “homenageados”.
Na última festa de 30 anos, ocorrida em 2012, foram distribuídas ações no valor de RS 12 mil, segundo um bancário ouvido pelo Sindicato. “Eu sonhava que um dia ia receber essas ações, estávamos todos contando com isso. A sensação é que os lucros do banco realmente só ficam com quem tem cargo elevado”, critica ele.
Humilhação – A comemoração foi no hotel Transamérica, na noite de segunda-feira 1º. Não faltaram críticas e muita frustração. “Não sei nem por onde começar a descrever a humilhação que passei ao lado de minha esposa. Foi uma festa em que olhávamos para as pessoas e todos, sem exceção, passavam uma tristeza forte e não acreditavam que era a festa de um dos maiores bancos do mundo”, conta outro homenageado.
O vexame começou antes mesmo de a celebração começar. Ao contrário dos anos anteriores, o banco não disponibilizou táxis para transportar os trabalhadores. Com o trânsito, muitos que chegaram tarde – o dia foi de expediente normal para os bancários lotados na cidade de São Paulo – perderam os petiscos de entrada e não conseguiram mesas.
Os pratos principais – risoto de abobrinha e polenta com agrião – também não agradaram, tanto pelo tamanho das porções servidas quanto pelo sabor. “Não teve jantar e sim uma ração, porque nem nosso cachorrinho de estimação comeria aquela comida”, queixou-se um dos presentes à festa. “Cheguei às 18h no hotel, tinha uma fila enorme para comer, e quando chegou minha vez já tinha acabado tudo, nunca vi um negócio desse”, relatou outro.
O prêmio de consolação por 30 anos de dedicação foi o famigerado relógio. E também ao contrário de outros anos, quando recebiam o “mimo” no palco, das mãos do presidente, neste ano tiveram de retirá-los em um balcão.
“Aqueles bancários que não são demitidos e sobrevivem há 30 anos de banco, além de não serem reconhecidos profissionalmente, têm de passar por uma humilhação dessa. Foram expostos aos parentes e convidados”, salienta a dirigente sindical Valeska Pincovai. “Esse é o ‘respeito’ que o banco dispensa aos trabalhadores que sobraram porque a maioria é demitida antes disso”, acrescenta.
A festa se encerrou com uma apresentação do músico Evandro Mesquita que, segundo relatos, cantou para um salão praticamente vazio – a maioria já tinha ido embora. Viria a calhar a música Brasil, de Cazuza. Aquela que começa com: “Não me convidaram para essa festa pobre, que os homens armaram para me convencer...”
“Durante a festa, o Roberto Setúbal e o Pedro Moreira Salles fizeram questão de dizer que o banco teve um lucro enorme, que é o maior da América Latina, e ao mesmo tempo nós não vamos receber ações. Parecia que só estavam querendo esfregar na nossa cara que ficaram mais ricos ainda. Foi uma falta de consideração tremenda”, desabafa um dos “homenageados”.
Na última festa de 30 anos, ocorrida em 2012, foram distribuídas ações no valor de RS 12 mil, segundo um bancário ouvido pelo Sindicato. “Eu sonhava que um dia ia receber essas ações, estávamos todos contando com isso. A sensação é que os lucros do banco realmente só ficam com quem tem cargo elevado”, critica ele.
Humilhação – A comemoração foi no hotel Transamérica, na noite de segunda-feira 1º. Não faltaram críticas e muita frustração. “Não sei nem por onde começar a descrever a humilhação que passei ao lado de minha esposa. Foi uma festa em que olhávamos para as pessoas e todos, sem exceção, passavam uma tristeza forte e não acreditavam que era a festa de um dos maiores bancos do mundo”, conta outro homenageado.
O vexame começou antes mesmo de a celebração começar. Ao contrário dos anos anteriores, o banco não disponibilizou táxis para transportar os trabalhadores. Com o trânsito, muitos que chegaram tarde – o dia foi de expediente normal para os bancários lotados na cidade de São Paulo – perderam os petiscos de entrada e não conseguiram mesas.
Os pratos principais – risoto de abobrinha e polenta com agrião – também não agradaram, tanto pelo tamanho das porções servidas quanto pelo sabor. “Não teve jantar e sim uma ração, porque nem nosso cachorrinho de estimação comeria aquela comida”, queixou-se um dos presentes à festa. “Cheguei às 18h no hotel, tinha uma fila enorme para comer, e quando chegou minha vez já tinha acabado tudo, nunca vi um negócio desse”, relatou outro.
O prêmio de consolação por 30 anos de dedicação foi o famigerado relógio. E também ao contrário de outros anos, quando recebiam o “mimo” no palco, das mãos do presidente, neste ano tiveram de retirá-los em um balcão.
“Aqueles bancários que não são demitidos e sobrevivem há 30 anos de banco, além de não serem reconhecidos profissionalmente, têm de passar por uma humilhação dessa. Foram expostos aos parentes e convidados”, salienta a dirigente sindical Valeska Pincovai. “Esse é o ‘respeito’ que o banco dispensa aos trabalhadores que sobraram porque a maioria é demitida antes disso”, acrescenta.
A festa se encerrou com uma apresentação do músico Evandro Mesquita que, segundo relatos, cantou para um salão praticamente vazio – a maioria já tinha ido embora. Viria a calhar a música Brasil, de Cazuza. Aquela que começa com: “Não me convidaram para essa festa pobre, que os homens armaram para me convencer...”
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