Redução da Selic para 12% é insuficiente para corrigir erros anteriores do BC
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic para 12% vai na direção certa, mas em velocidade insuficiente. Para a Contraf-CUT, a mudança de rumo mostra como estavam equivocadas as decisões recentes do Banco Central (BC), que promoveu cinco aumentos consecutivos na taxa básica de juros desde o início do governo Dilma.
"Foram decisões erradas, que custaram caro ao país. O Brasil hoje é a sétima economia mundial, mas pratica uma taxa de juros altíssima, que não é condizente com esse patamar", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. Mesmo após a baixa, o Brasil mantém o título de campeão mundial dos juros.
"Os juros altos retiram dinheiro das políticas públicas que combatem a desigualdade social, contribuindo para que seja mantido nosso triste posto como o país que apresenta a décima pior distribuição de renda do mundo. Ao mesmo tempo, engorda os lucros de bancos e rentistas", afirma Cordeiro. "É preciso uma política mais clara e eficiente de redução dos juros, para que possamos garantir a continuidade do ciclo de desenvolvimento social, com criação de emprego e renda, que se iniciou com o governo Lula", defende.
Cordeiro destaca que cada ponto percentual da Selic representa aproximadamente R$ 19 bilhões no crescimento da dívida pública. "Esse é na verdade o maior programa de transferência de renda do mundo, o 'bolsa-banqueiro', que recebe muito mais dinheiro do que o Bolsa Família, que tem orçamento previsto de R$ 13,4 bilhões este ano."
Além de reduzir a Selic, Cordeiro cobra do Banco Central ação para baixar os juros ao consumidor praticados pelos bancos, também entre os maiores do mundo. "O BC precisa ter coragem de enfrentar o cartel dos bancos e baixar o spread, para que o sistema financeiro passe a cumprir com sua função social de disponibilizar crédito para financiar o desenvolvimento do país", sustenta.
O presidente da Contraf-CUT cobra também a ampliação do Conselho Monetário Nacional (CNM), responsável pela definição das metas de inflação a serem perseguidas pelo Banco Central, de modo a incluir a participação de trabalhadores e outras entidades da sociedade civil organizada. "Em nossa visão, o BC deveria fixar também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país. Para isso é fundamental aumentar a representatividade do CMN."
Cordeiro propõe ainda a realização de uma Conferência Nacional sobre o Sistema Financeiro, a exemplo das conferências já realizadas sobre saúde, segurança pública e comunicação. "Os bancos estatais e privados são concessões públicas e, por isso, a sociedade precisa ser ouvida para discutir o papel do sistema financeiro e o processo de inclusão bancária, que não pode excluir a população de baixa renda, mas garantir a universalização dos serviços bancários para todos os brasileiros", conclui.
Fonte: Contraf-CUT
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