07/07/2023

Reforma tributária aprovada na Câmara é positiva, mas ainda precisa de ajustes

A aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que reformula o sistema tributário brasileiro, apresentada ao Congresso Nacional pelo governo Lula e aprovada pela Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (6), traz medidas importantes, em especial na taxação sobre o consumo.

No entanto, outros pontos, como tributação de lucros e dividendos, desoneração do Imposto de Renda aos salários mais baixos e aumento dos impostos dos super-ricos não foram incluídos.

Pontos positivos

Grande parte dos itens essenciais da cesta básica, por exemplo, terão isenção completa no futuro Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), que vai unir a taxação sobre bens e serviços nas esferas federal, estaduais e municipais.

Outros produtos e setores, fundamentais para as finanças das famílias, também terão tratamento diferenciado. Transporte público, saúde, educação, cultura e produtos agropecuários pagarão 60% a menos de IVA. Por outro lado, o Imposto Seletivo incidirá sobre bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e bebidas e alimentos com excesso de açúcar.

O texto aprovado prevê o repasse de R$ 40 bilhões aos estados, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, como forma de compensar perdas de arrecadação em função das novas regras. As disposições relativas à Zona Franca de Manaus e às Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) foram ajustados para tornar mais claro o tratamento diferenciado e a vantagem das empresas instaladas nessas áreas, sem prejudicar a economia e o emprego das regiões onde estão instaladas.

Mobilização por melhoras

Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, “a reforma tributária aprovada ontem pela Câmara dos Deputadas é um passo importante para o Brasil, importante para os trabalhadores, mas é incompleta”. Um dos pontos que a dirigente ressalta é a não tributação dos dividendos. “Grandes fortunas, lucros e dividendos, que hoje não pagam imposto nenhum, o que é um absurdo, devem ser tributados, inclusive para desonerar ainda mais o consumo dos trabalhadores e a folha de pagamento”, enfatiza.

Juvandia, que também é vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), defende que “a reforma tem que contemplar outros avanços, com relação aos ricos e os super-ricos pagarem mais tributos, e isso não avançou no texto aprovado pelos deputados. 

O Sindicato dos Bancários de Catanduva e região também apoia uma reforma fiscal que contemple justiça social e que vise eliminar as desigualdades e a concentração de renda no país, fazendo com que os mais ricos paguem tributos sobre dividendos, hoje isentos, e aumentando impostos sobre heranças. "Só unificar impostos não é suficiente para diminuir a desigualdade no país. O que defendemos é uma reforma tributária que dê ao povo poder de consumo, reduzindo os impostos sobre a população mais carente e sofrida", reforça o presidente da entidade, Roberto Vicentim.

Até o fim do processo legislativo, o texto da PEC ainda pode ser ajustado (veja abaixo). No entanto, como observa Juvandia, “para que ocorram avanços, tem que ocorrer pressão popular, e o movimento sindical tem que estar muito mobilizado”.

A dirigente reforça que os segmentos organizados da sociedade devem “cobrar que a reforma tributária também avance em relação à tributação sobre a renda, ampliando a desoneração do trabalhador e aumentando a tributação dos milionários e os bilionários no Imposto de Renda”.

Vicentim destaca que as lutas do movimento sindical são para garantir mais qualidade de vida e para beneficiarem toda a sociedade, e vão ao encontro também das propostas do novo governo. "Vimos os super-ricos brasileiros aumentarem sua riqueza durante a pandemia, enquanto cresceu o desemprego, pequenos negócios foram a falência e o país voltou ao mapa da fome. Devemos inverter essa característica do nosso sistema tributário".

Tramitação

Por ser emenda à Constituição Federal, a proposta aprovada na Câmara agora segue ao Senado Federal, onde também terá que ser aprovada por maioria qualificada (49 dos 81 senadores), em duas votações. Se houver mudança, o que deve ocorrer, o texto retorna à Câmara para nova votação.

Conheça aqui detalhes do texto aprovado na Câmara.

 
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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