15/03/2023
Bancários cobram da Fenaban aprimoramento de canais contra assédio e valorização das mulheres

A pedido do Comando Nacional dos Bancários, que representa o Sindicato nas negociações, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se comprometeu a acolher as pautas de reivindicação da categoria para o combate à violência de gênero e contra a desigualdade entre homens e mulheres no trabalho. A manifestação aconteceu na terça-feira (14), ao final das discussões em torno da mesa de Igualdade de Oportunidades.
Com base em um relatório apresentado pela técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Rosângela Vieira, o movimento sindical mostrou que no mercado de trabalho as mulheres ganham, em média, 21% menos que os homens. Na categoria bancária, a desigualdade é um pouco mais aprofundada: a remuneração delas é 22,2% menor que a média dos colegas do sexo masculino. “Ao analisar o recorte racial, verificamos que a remuneração da mulher preta é, em média, 40,6% inferior à remuneração do homem bancário branco”, pontuou Rosângela.
Outro destaque foi que a diferença salarial entre homens e mulheres piora conforme aumenta o grau de escolaridade. No caso de trabalhadores com ensino médio completo, por exemplo, as mulheres recebem em média 80,6% do salário dos homens. Entre os trabalhadores com doutorado, elas recebem 78,5% do salário dos colegas.
Saldo negativo para mulheres
A categoria mostrou ainda que na movimentação do emprego bancário, em 2022, houve favorecimento do sexo masculino, com abertura de 3.933 vagas para eles e a eliminação de 1.106 postos de trabalho entre as mulheres. “As admissões de mulheres foram 19,1% menores que a dos homens. E os desligamentos 5,4% superiores entre as mulheres, resultando assim no saldo negativo”, explicou Rosângela.
O levantamento também revelou que apesar do aumento de 70,4% de profissionais da Tecnologia da Informação (TI) contratados pelos bancos, entre 2012 e 2021, a proporção de mulheres na área caiu de 31,9% para 24,9% no mesmo período.
“Desde a pandemia, principalmente, houve expansão da área de tecnologia dos bancos e isso impactou no crescimento de profissionais de TI no setor. Entretanto, o número de mulheres, em relação aos homens, diminuiu em tecnologia. Isso reflete uma questão estrutural, porque, historicamente, as mulheres sempre foram menos incentivadas a atuar nas áreas tecnológicas”, observou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
A dirigente lembrou que recentemente, no Dia Internacional da Mulher, o governo federal lançou uma série de medidas, incluindo recursos para capacitar mais de 40 mil mulheres em situação de vulnerabilidade, na educação profissional e tecnológica, além da criação da Política Nacional de Inclusão, Permanência e Ascensão de Meninas na Ciência, Tecnologia e Inovação, com a destinação de R$ 100 milhões para chamadas públicas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Canais de combate à violência doméstica
A categoria bancária também cobrou dos bancos dados sobre a implementação dos programas de combate à violência doméstica. “Nós pedimos um balanço sobre os programas, os números de atendimento e também que os canais sejam melhor divulgados para as funcionárias. Queremos entender como os canais estão funcionando, como está sendo a recepção das vítimas e o encaminhamento, inclusive, jurídico que os bancos estão dando às mulheres que fazem denúncias”, disse a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes.
Ela lembra que o combate à violência doméstica foi uma conquista da categoria em negociações passadas e que, mais recentemente, em 2022, os bancários conseguiram ainda obter a inclusão de uma cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para instalação de canais de combate ao assédio sexual no ambiente laboral. “Também foi acordado que, além de um programa de atendimento às mulheres vítimas de violência, os bancos se responsabilizariam por um programa de formação para combater o assédio”, pontuou.
Fernanda destacou que a categoria bancária, sozinha, desenvolveu o “Basta! Não Irão Nos Calar!”, programa de atendimento para mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, com assessoria jurídica. “O ‘Basta!’ foi criado em dezembro de 2019, no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Hoje, existe em dez sindicatos e, neste mês, será lançado em outros dois, completando 12 canais. Atualmente, temos um saldo de 360 atendimentos, com 256 ações judiciais e 164 pedidos de medida protetiva de urgência obtidos com a assessoria dos sindicatos às vítimas”, completou.
Sindicato lança, no dia 21, projeto Basta! Não irão nos Calar para atender bancárias de Catanduva e região
Entidade dará, neste mês, mais um passo importante em sua trajetória como Sindicato Cidadão. Mulheres bancárias vítimas de violência doméstica e familiar, e que sofriam caladas, agora terão no Sindicato um canal permanente e efetivo de denúncia, acolhimento e apoio emocional e jurídico.
“É importante contextualizar essa luta. A categoria foi a primeira a conquistar uma cláusula efetiva para tratar Igualdade de Oportunidade e a única a ter uma mesa permanente para tratar deste tema. Embora tivemos avanços significativos, observamos que a bancária, vítima de violência doméstica, não tinha apoio nenhum. Conseguimos prevenção primeiro com canais nos bancos e ampliaremos agora para o nosso Sindicato, para que, inicialmente a categoria e depois toda a população, possa contar com mais uma ferramenta contra o machismo estrutural”, ressalta o presidente do Sindicato, Roberto Vicentim.
“Preocupamos-nos com os trabalhadores e trabalhadoras não somente no que tange às questões trabalhistas, mas também nas questões cidadãs. Este é um assunto extremamente importante e que aflige toda a população, independente de classe social. Queremos nos apoderar desse tema e fazer a nossa parte para transformar nossa sociedade em um lugar melhor para as mulheres”, acrescentou o secretário geral do Sindicato, Júlio Trigo.
O lançamento está marcado para às 19h, com transmissão pelo canal da entidade no Youtube. Acompanhe!
Compromissos da Fenaban
Os bancos afirmaram que vão aprimorar os canais de acolhimento às vítimas de violência na família ou no ambiente de trabalho. “Vamos levar o resumo desta reunião à direção dos bancos, ainda neste mês de março. Em sequência, marcar uma reunião com as áreas de recursos humanos para discutir a questão da queda na contratação de mulheres, especialmente nas áreas de TI. E, nosso terceiro compromisso é um encontro, no dia 30 de março, com representantes dos bancos, do movimento sindical e com as ONGs contratadas para implementar as propostas contra assédio”, completou Adauto Duarte, diretor de Relações Trabalhistas da Fenaban.
Para o dia 30 de março, ele destacou ainda que serão apresentadas as medidas para combater a diferença de oportunidade entre homens e mulheres. Na data, as três ONGs contratadas pelos bancos para atender a demanda de formação no combate à cultura de violência de gênero (Papo de Homem, Me Too Brasil e IMP Instituto Maria da Penha) também devem mostrar seus planos de trabalho.
Com base em um relatório apresentado pela técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Rosângela Vieira, o movimento sindical mostrou que no mercado de trabalho as mulheres ganham, em média, 21% menos que os homens. Na categoria bancária, a desigualdade é um pouco mais aprofundada: a remuneração delas é 22,2% menor que a média dos colegas do sexo masculino. “Ao analisar o recorte racial, verificamos que a remuneração da mulher preta é, em média, 40,6% inferior à remuneração do homem bancário branco”, pontuou Rosângela.
Outro destaque foi que a diferença salarial entre homens e mulheres piora conforme aumenta o grau de escolaridade. No caso de trabalhadores com ensino médio completo, por exemplo, as mulheres recebem em média 80,6% do salário dos homens. Entre os trabalhadores com doutorado, elas recebem 78,5% do salário dos colegas.
Saldo negativo para mulheres
A categoria mostrou ainda que na movimentação do emprego bancário, em 2022, houve favorecimento do sexo masculino, com abertura de 3.933 vagas para eles e a eliminação de 1.106 postos de trabalho entre as mulheres. “As admissões de mulheres foram 19,1% menores que a dos homens. E os desligamentos 5,4% superiores entre as mulheres, resultando assim no saldo negativo”, explicou Rosângela.
O levantamento também revelou que apesar do aumento de 70,4% de profissionais da Tecnologia da Informação (TI) contratados pelos bancos, entre 2012 e 2021, a proporção de mulheres na área caiu de 31,9% para 24,9% no mesmo período.
“Desde a pandemia, principalmente, houve expansão da área de tecnologia dos bancos e isso impactou no crescimento de profissionais de TI no setor. Entretanto, o número de mulheres, em relação aos homens, diminuiu em tecnologia. Isso reflete uma questão estrutural, porque, historicamente, as mulheres sempre foram menos incentivadas a atuar nas áreas tecnológicas”, observou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
A dirigente lembrou que recentemente, no Dia Internacional da Mulher, o governo federal lançou uma série de medidas, incluindo recursos para capacitar mais de 40 mil mulheres em situação de vulnerabilidade, na educação profissional e tecnológica, além da criação da Política Nacional de Inclusão, Permanência e Ascensão de Meninas na Ciência, Tecnologia e Inovação, com a destinação de R$ 100 milhões para chamadas públicas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Canais de combate à violência doméstica
A categoria bancária também cobrou dos bancos dados sobre a implementação dos programas de combate à violência doméstica. “Nós pedimos um balanço sobre os programas, os números de atendimento e também que os canais sejam melhor divulgados para as funcionárias. Queremos entender como os canais estão funcionando, como está sendo a recepção das vítimas e o encaminhamento, inclusive, jurídico que os bancos estão dando às mulheres que fazem denúncias”, disse a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes.
Ela lembra que o combate à violência doméstica foi uma conquista da categoria em negociações passadas e que, mais recentemente, em 2022, os bancários conseguiram ainda obter a inclusão de uma cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para instalação de canais de combate ao assédio sexual no ambiente laboral. “Também foi acordado que, além de um programa de atendimento às mulheres vítimas de violência, os bancos se responsabilizariam por um programa de formação para combater o assédio”, pontuou.
Fernanda destacou que a categoria bancária, sozinha, desenvolveu o “Basta! Não Irão Nos Calar!”, programa de atendimento para mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, com assessoria jurídica. “O ‘Basta!’ foi criado em dezembro de 2019, no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Hoje, existe em dez sindicatos e, neste mês, será lançado em outros dois, completando 12 canais. Atualmente, temos um saldo de 360 atendimentos, com 256 ações judiciais e 164 pedidos de medida protetiva de urgência obtidos com a assessoria dos sindicatos às vítimas”, completou.
Sindicato lança, no dia 21, projeto Basta! Não irão nos Calar para atender bancárias de Catanduva e região
Entidade dará, neste mês, mais um passo importante em sua trajetória como Sindicato Cidadão. Mulheres bancárias vítimas de violência doméstica e familiar, e que sofriam caladas, agora terão no Sindicato um canal permanente e efetivo de denúncia, acolhimento e apoio emocional e jurídico.
“É importante contextualizar essa luta. A categoria foi a primeira a conquistar uma cláusula efetiva para tratar Igualdade de Oportunidade e a única a ter uma mesa permanente para tratar deste tema. Embora tivemos avanços significativos, observamos que a bancária, vítima de violência doméstica, não tinha apoio nenhum. Conseguimos prevenção primeiro com canais nos bancos e ampliaremos agora para o nosso Sindicato, para que, inicialmente a categoria e depois toda a população, possa contar com mais uma ferramenta contra o machismo estrutural”, ressalta o presidente do Sindicato, Roberto Vicentim.
“Preocupamos-nos com os trabalhadores e trabalhadoras não somente no que tange às questões trabalhistas, mas também nas questões cidadãs. Este é um assunto extremamente importante e que aflige toda a população, independente de classe social. Queremos nos apoderar desse tema e fazer a nossa parte para transformar nossa sociedade em um lugar melhor para as mulheres”, acrescentou o secretário geral do Sindicato, Júlio Trigo.
O lançamento está marcado para às 19h, com transmissão pelo canal da entidade no Youtube. Acompanhe!
Compromissos da Fenaban
Os bancos afirmaram que vão aprimorar os canais de acolhimento às vítimas de violência na família ou no ambiente de trabalho. “Vamos levar o resumo desta reunião à direção dos bancos, ainda neste mês de março. Em sequência, marcar uma reunião com as áreas de recursos humanos para discutir a questão da queda na contratação de mulheres, especialmente nas áreas de TI. E, nosso terceiro compromisso é um encontro, no dia 30 de março, com representantes dos bancos, do movimento sindical e com as ONGs contratadas para implementar as propostas contra assédio”, completou Adauto Duarte, diretor de Relações Trabalhistas da Fenaban.
Para o dia 30 de março, ele destacou ainda que serão apresentadas as medidas para combater a diferença de oportunidade entre homens e mulheres. Na data, as três ONGs contratadas pelos bancos para atender a demanda de formação no combate à cultura de violência de gênero (Papo de Homem, Me Too Brasil e IMP Instituto Maria da Penha) também devem mostrar seus planos de trabalho.
SINDICALIZE-SE
MAIS NOTÍCIAS
- Operadora chinesa de cartões vai atuar no Brasil, diz site; entenda!
- Bancárias comemoram lei que prevê cota feminina em conselhos de empresas públicas
- Live dos eleitos discute desempenho da Previ e conquistas dos associados
- FGTS distribuirá quase R$ 13 bilhões do lucro de 2024
- Lei de Cotas para pessoas com deficiência completa 34 anos com avanços e desafios
- Trump ataca Pix por interesse bilionário em favor dos EUA contra os brasileiros
- Justiça condena homem por racismo contra vigilante em agência bancária
- 17ª Plenária Estatutária da CUT-SP debate estratégia de luta da classe trabalhadora
- Itaú anuncia substituição de gerentes por Inteligência Artificial
- Clube dos Bancários funcionará no feriado do dia 11 de agosto!
- Impactos da IA são irreversíveis e exigem participação de trabalhadores para transição segura
- Sndicato leva Plebiscito Popular às ruas por um Brasil mais justo e com trabalho digno
- Economus: Conselheiros eleitos cobram isonomia de direitos para todos os trabalhadores do BB
- Nova Tabela PIP é aprovada pela Previc, em vitória histórica dos associados do Previ Futuro
- Por reajuste zero, Sindicato participa de Dia Nacional de Luta em Defesa do Saúde Caixa