02/01/2023
Lula recebe a faixa das mãos do ‘povo brasileiro’ e chora ao falar da fome

Nos últimos dias as especulações ganharam espaço sobre quem entregaria a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da ausência fugidia do antecessor. O mistério acabou pouco antes das 17h do domingo (1º), quando Lula – depois de ser empossado no Congresso e receber honras militares – recebeu, simbolicamente, a faixa presidencial do “povo brasileiro”, representado por sete cidadãos. E chorou várias vezes ao falar de pobreza e desigualdade no país.
Subiram a rampa o nadador Francisco, de 10 anos, menino negro morador de Itaquera, zona leste de São Paulo, e o cacique indígena Raoni, 90. Incluindo uma catadora de materiais recicláveis (Aline Sousa, 33), um professor (Murilo Jesus, 28), uma cozinheira (Jucimara Santos), Ivan Baron, que teve meningite aos 3 anos e ficou com paralisia cerebral, o metalúrgico Wesley Rocha, 36, e o artesão Flávio Pereira, 50, que participou do acampamento Lula Livre, em Curitiba, durante a prisão do ex e agora novamente presidente da República.
Governar para todos
Lula e Rosângela, a Janja, Geraldo e Lu Alckmin subiram a rampa do Palácio do Planalto às 16h54. Com eles, a cachorrinha vira-lata Resistência, adotada durante o período da vigília. No trajeto, Lula chorou várias vezes, enquanto a banda tocava músicas como a Bachiana Brasileira nº 5 e o Trenzinho do Caipira, de Villa-Lobos, e Amanhã, de Guilherme Arantes. No discurso, emocionou-se novamente.
No parlatório, Lula abriu seu segundo pronunciamento do dia agradecendo quem esteve naquela vigília, mas lembrando que governará para “215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para quem votou em mim”. A chapa vencedora recebeu 60.345.999 votos (50,9% dos válidos). Ele ressaltou que o verde-amarelo é de toda a população. E insistiu em pacificação. “A ninguém interessa um país em pé de guerra, uma família vivendo em desarmonia. Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz. A disputa eleitoral acabou”.
Sem divisão
O presidente repetiu afirmação feita após a vitória, em 30 de outubro. “Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca”, afirmou.
Na sequência, ele falou sobre uma “volta ao passado que muitos consideravam enterrado” no Brasil. “A desigualdade e a pobreza voltaram a crescer, a fome está de volta”, afirmou. “É um crime, o mais grave de todos, contra o povo. (…) É inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95% de pessoas.” Lula chorou ao falar de pessoas que ficam nos sinais de trânsito com cartazes de papelão pedindo ajuda ou aquelas que procuram comida entre restos e ossos.
Governo de destruição
E observou ainda que seu governo provou ser possível conciliar crescimento econômico com inclusão social, transformando o Brasil na sexta economia mundial “Nunca fomos irresponsáveis com dinheiro público. (…) Nunca houve nem haverá gastança alguma. Sempre investimos, e voltaremos a investir, em nosso bem mais precioso: o povo brasileiro.”
Por outro lado, Lula afirmou que parte do que foi feito acabou sendo destruído, primeiro no “golpe contra Dilma e os quatro anos de um governo de destruição nacional, cujo legado a história jamais perdoará”. Citou os 700 mil mortos pela covid-19, “125 milhões sofrendo algum grau de insegurança alimentar e 33 milhões passando fome”.
Mais que estatísticas, disse Lula, “são pessoas homens, mulheres e crianças vítimas de um governo afinal derrotado pelo povo no histórico 30 de outubro de 2022”. Assim como no Congresso, o presidente disse que o governo de transição elaborou diagnóstico com a “real dimensão da tragédia”, referindo-se ao legado que recebeu. Um “relatório do caos”, definiu. Assim, concluiu, é preciso uma “frente ampla”, um mutirão nacional contra a desigualdade. Além de investimentos e de políticas coo o retorno da política de valorização do salário mínimo.
Depois das atividades no Congresso e área externa do Palácio do Planalto, Lula e Alckmin passaram a receber os chefes de Estado de dezenas de países. Também haverá a posse coletiva dos ministros – durante a semana, posses individuais. O dia termina com recepção no Itamaraty. Enquanto isso, na Esplanada dos Ministérios, diversos artistas fazem shows musicais.
> Leia a íntegra do discurso no parlatório
Subiram a rampa o nadador Francisco, de 10 anos, menino negro morador de Itaquera, zona leste de São Paulo, e o cacique indígena Raoni, 90. Incluindo uma catadora de materiais recicláveis (Aline Sousa, 33), um professor (Murilo Jesus, 28), uma cozinheira (Jucimara Santos), Ivan Baron, que teve meningite aos 3 anos e ficou com paralisia cerebral, o metalúrgico Wesley Rocha, 36, e o artesão Flávio Pereira, 50, que participou do acampamento Lula Livre, em Curitiba, durante a prisão do ex e agora novamente presidente da República.
Governar para todos
Lula e Rosângela, a Janja, Geraldo e Lu Alckmin subiram a rampa do Palácio do Planalto às 16h54. Com eles, a cachorrinha vira-lata Resistência, adotada durante o período da vigília. No trajeto, Lula chorou várias vezes, enquanto a banda tocava músicas como a Bachiana Brasileira nº 5 e o Trenzinho do Caipira, de Villa-Lobos, e Amanhã, de Guilherme Arantes. No discurso, emocionou-se novamente.
No parlatório, Lula abriu seu segundo pronunciamento do dia agradecendo quem esteve naquela vigília, mas lembrando que governará para “215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para quem votou em mim”. A chapa vencedora recebeu 60.345.999 votos (50,9% dos válidos). Ele ressaltou que o verde-amarelo é de toda a população. E insistiu em pacificação. “A ninguém interessa um país em pé de guerra, uma família vivendo em desarmonia. Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz. A disputa eleitoral acabou”.
Sem divisão
O presidente repetiu afirmação feita após a vitória, em 30 de outubro. “Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca”, afirmou.
Na sequência, ele falou sobre uma “volta ao passado que muitos consideravam enterrado” no Brasil. “A desigualdade e a pobreza voltaram a crescer, a fome está de volta”, afirmou. “É um crime, o mais grave de todos, contra o povo. (…) É inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95% de pessoas.” Lula chorou ao falar de pessoas que ficam nos sinais de trânsito com cartazes de papelão pedindo ajuda ou aquelas que procuram comida entre restos e ossos.
Governo de destruição
E observou ainda que seu governo provou ser possível conciliar crescimento econômico com inclusão social, transformando o Brasil na sexta economia mundial “Nunca fomos irresponsáveis com dinheiro público. (…) Nunca houve nem haverá gastança alguma. Sempre investimos, e voltaremos a investir, em nosso bem mais precioso: o povo brasileiro.”
Por outro lado, Lula afirmou que parte do que foi feito acabou sendo destruído, primeiro no “golpe contra Dilma e os quatro anos de um governo de destruição nacional, cujo legado a história jamais perdoará”. Citou os 700 mil mortos pela covid-19, “125 milhões sofrendo algum grau de insegurança alimentar e 33 milhões passando fome”.
Mais que estatísticas, disse Lula, “são pessoas homens, mulheres e crianças vítimas de um governo afinal derrotado pelo povo no histórico 30 de outubro de 2022”. Assim como no Congresso, o presidente disse que o governo de transição elaborou diagnóstico com a “real dimensão da tragédia”, referindo-se ao legado que recebeu. Um “relatório do caos”, definiu. Assim, concluiu, é preciso uma “frente ampla”, um mutirão nacional contra a desigualdade. Além de investimentos e de políticas coo o retorno da política de valorização do salário mínimo.
Depois das atividades no Congresso e área externa do Palácio do Planalto, Lula e Alckmin passaram a receber os chefes de Estado de dezenas de países. Também haverá a posse coletiva dos ministros – durante a semana, posses individuais. O dia termina com recepção no Itamaraty. Enquanto isso, na Esplanada dos Ministérios, diversos artistas fazem shows musicais.
> Leia a íntegra do discurso no parlatório
No primeiro dia útil, agenda de Lula tem compromissos com líderes internacionais
Em seu primeiro dia útil como presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva tem a agenda tomada de compromissos com líderes internacionais, das Américas, África, Ásia e Europa. O primeiro encontro, nesta manhã, foi com o rei Felipe VI, da Espanha, e o último, previsto para as 17h30, será com o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodrigues (confira abaixo).
Além disso, durante o todo dia vários ministros do governo Lula tomarão posse. Trata-se de formalidade, porque a nomeação dos 37 ministros já foi publicada no Diário Oficial da União. Entre os que tomam posse hoje, estão Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação), Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica), Rui Costa (Casa Civil), Nísia Trindade (Saúde), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Margareth Menezes (Cultura) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). Amanhã será a vez de Luiz Marinho (Trabalho) e quinta-feira, de Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).
No último sábado (31/12), Lula recebeu o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Pelo Twitter, Lula agradeceu a vinda do líder alemão e disse que os dois conversaram sobre a ampliação das relações entre Brasil e Alemanha.
Entre os países da América do Sul, há maior expectativa sobre a possibilidade de reestabelecer projetos em campos estratégicos. Somente a Guiana Francesa e o Peru não estarão representados pelos seus presidentes. O Brasil de Fato elencou os temas centrais de cooperação com as maiores economias sul-americanas.
Na sua primeira coletiva de imprensa, o chanceler Mauro Vieira deixou claro que o objetivo da política externa do Brasil será "reconstruir pontes" e buscar a reaproximação com "nossos vizinhos sul-americanos" será prioridade para a diplomacia do próximo governo, garantindo o retorno do Brasil à Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos) e à Unasul (União Nações Sul-Americanas).
Argentina
O presidente Alberto Fernández foi o primeiro chefe de Estado a viajar ao Brasil depois do segundo turno das eleições presidenciais. "Lula é um homem de bem, é um líder na região. Estamos muito felizes", disse Fernández no dia 31 de outubro.
Fernández foi chefe de gabinete do ex-presidente Nestor Kirchner, por isso sua relação com Lula iniciou já em 2003.
A Argentina é o principal sócio comercial do Brasil na região e o maior aliado no Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Somente nos primeiros nove meses de 2022, o Brasil exportou US$ 11,881 bilhões para a Argentina, representando um aumento de 35,9% em relação ao mesmo período de 2021. As importações brasileiras de produtos argentinos alcançaram US$ 9,705 bilhões, um aumento de 19,2%.
Em 2023, Argentina e Brasil irão presidir o Mercosul. Tanto o presidente Alberto Fernández, como o próximo ministro de Economia, Fernando Haddad, já sinalizaram para a disposição em intensificar o comércio intrabloco e discutir a criação de uma moeda sul-americana: a Sur.
Bolívia
O presidente boliviano Luis Arce viajou ao Brasil em plena campanha eleitoral, em setembro, para reunir-se com Lula, o ex-chanceler Celso Amorim e o então candidato a governador, Fernando Haddad.
"Há muita esperança com o novo governo, queremos abordar temas de agenda regional e também reconsturir nossa agenda bilateral com o Brasil, que durante os últimos quatro anos foi paralisada", disse Arce a meios locais.
Agora a vice-ministra de comunicação da Bolívia, Gabriela Alcón, já confirmou que a prioridade da reunião será discutir a retomada de laços comerciais com o Brasil e levantar informações sobre a proteção de ex-ministros golpistas da gestão de Jeanine Áñez no território brasileiro.
Outro tema estratégico para o diálogo com a Bolívia é a relação entre a Petrobrás e a YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos).
As empresas vivem uma polêmica por um contrato assinado durante a gestão da ex-presidenta golpista Jeanine Áñez. O acordo previa que a YPFB pagasse pelo transporte de gás ao Brasil no lado boliviano do gasoduto Gasbol, gerando um custo de cerca de US$ 70 milhões por ano. Pelas divergências entre as duas estatais, hoje o Brasil recebe apenas 4 milhões de m³ diários, 10 milhões de m³ a menos do que o contratado.
Em abril deste ano, a Bolívia reduziu 30% do abastecimento de gás ao Brasil, preferindo exportar para a Argentina, que agora recebe 14 milhões de m³ de gás por dia do país vizinho. “Não se trata de um complô socialista, é uma questão de oportunidade comercial”, declarou o ministro boliviano de Energia e Hidrocarbonetos, Franklin Molina.
O preço pago pelos argentinos pela cota extra de gás foi de US$ 20 o milhão de BTU — ante os cerca de US$ 7 o milhão de BTU pagos pelo Brasil.
Além disso, a Bolívia faz parte do chamado Triângulo do Lítio, junto a Argentina e Chile, concentrando 68% das reservas deste mineral na região. Uma das orientações previstas no último plano econômico da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) é a industrialização da cadeia do lítio, unindo esforços entre os países com as maiores reservas e as nações mais industrializadas da região.
Chile
O presidente chileno, Gabriel Boric, viaja a Brasília com a expectativa de manter o comércio bilateral.
Em 2022, o fluxo comercial Brasil-Chile totalizou US$ 11,421 bilhões, com um saldo favorável à parte brasileira em US$ 2,547 bilhões.
Logo após a vitória no dia 30 de outubro, o presidente chileno telefonou para Lula e diz que o Chile tem ‘muito o que aprender’ com o petista. Nas redes sociais, Boric escreveu que “seu triunfo é uma alegria para a América Latina e para o mundo”.
Colômbia
O recém eleito Gustavo Petro irá marcar presença na cerimônia de posse em Brasília. A vice-presidenta Francia Márquez também esteve no Brasil durante a campanha eleitoral, manifestando esperança sobre a possível vitória de Lula.
Francia veio conhecer de perto as experiências das políticas de inclusão social e as ações afirmativas para levar ao Ministério da Igualdade e Equidade, chefiado por ela na Colômbia.
Além disso, a pauta ambiental é outro assunto que deve rondar os debates entre os presidentes dos dois países.
Já na COP27, celebrada em novembro no Egito, Lula propôs convocar uma reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que inclui o Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Suriname, Guiana, Colômbia e Venezuela. Os presidentes Gustavo Petro e Nicolás Maduro (Venezuela) já concordaram com a convocatória de uma cúpula sul-americana entre todos os países que possuem partes da Floresta Amazônica em seus territórios.
"Falamos sobre o assunto antes, mas agora com a posse esperamos fazer uma política multilateral com os dois estados, incluindo a Venezuela, e certamente se uniriam Bolívia e Peru, no esforço comum de resgatar a Floresta Amazônica", disse Petro a meios locais colombianos.
Venezuela
A grande novidade é a possível presença do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Na última quinta-feira (29), com autorização de Jair Bolsonaro, o governo revogou a portaria de 2019, que impedia a entrada de Maduro ao Brasil. No entanto, a embaixada ainda não confirmou se o chefe de Estado estará na cerimônia.
Com os venezuelanos, além da questão ambiental e a proteção da Amazônia, também há interesse na questão energética.
A Venezuela possui a maior reserva certificada de petróleo do mundo, cerca de 303 bilhões de barris. O óleo é do tipo pesado, similar ao encontrado no pré-sal brasileiro, o que poderia ser favorável para fomentar o intercâmbio tecnológico para extração e desenvolvimento da indústria petroquímica.
Além disso, as hidroelétricas do sul do território venezuelano forneciam cerca de 80% da energia elétrica consumida no estado de Roraima. Com a gestão de Bolsonaro essa relação foi interrompida e agora o estado depende de termoelétricas para o fornecimento de energia. Aproximadamente 1 milhão de litros de óleo diesel são gastos por dia para manter o fornecimento no estado, o que representou um aumento de cerca de 200% na conta de luz.
Em seu primeiro dia útil como presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva tem a agenda tomada de compromissos com líderes internacionais, das Américas, África, Ásia e Europa. O primeiro encontro, nesta manhã, foi com o rei Felipe VI, da Espanha, e o último, previsto para as 17h30, será com o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodrigues (confira abaixo).
Além disso, durante o todo dia vários ministros do governo Lula tomarão posse. Trata-se de formalidade, porque a nomeação dos 37 ministros já foi publicada no Diário Oficial da União. Entre os que tomam posse hoje, estão Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação), Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica), Rui Costa (Casa Civil), Nísia Trindade (Saúde), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Margareth Menezes (Cultura) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). Amanhã será a vez de Luiz Marinho (Trabalho) e quinta-feira, de Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).
No último sábado (31/12), Lula recebeu o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Pelo Twitter, Lula agradeceu a vinda do líder alemão e disse que os dois conversaram sobre a ampliação das relações entre Brasil e Alemanha.
Entre os países da América do Sul, há maior expectativa sobre a possibilidade de reestabelecer projetos em campos estratégicos. Somente a Guiana Francesa e o Peru não estarão representados pelos seus presidentes. O Brasil de Fato elencou os temas centrais de cooperação com as maiores economias sul-americanas.
Na sua primeira coletiva de imprensa, o chanceler Mauro Vieira deixou claro que o objetivo da política externa do Brasil será "reconstruir pontes" e buscar a reaproximação com "nossos vizinhos sul-americanos" será prioridade para a diplomacia do próximo governo, garantindo o retorno do Brasil à Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos) e à Unasul (União Nações Sul-Americanas).
Argentina
O presidente Alberto Fernández foi o primeiro chefe de Estado a viajar ao Brasil depois do segundo turno das eleições presidenciais. "Lula é um homem de bem, é um líder na região. Estamos muito felizes", disse Fernández no dia 31 de outubro.
Fernández foi chefe de gabinete do ex-presidente Nestor Kirchner, por isso sua relação com Lula iniciou já em 2003.
A Argentina é o principal sócio comercial do Brasil na região e o maior aliado no Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Somente nos primeiros nove meses de 2022, o Brasil exportou US$ 11,881 bilhões para a Argentina, representando um aumento de 35,9% em relação ao mesmo período de 2021. As importações brasileiras de produtos argentinos alcançaram US$ 9,705 bilhões, um aumento de 19,2%.
Em 2023, Argentina e Brasil irão presidir o Mercosul. Tanto o presidente Alberto Fernández, como o próximo ministro de Economia, Fernando Haddad, já sinalizaram para a disposição em intensificar o comércio intrabloco e discutir a criação de uma moeda sul-americana: a Sur.
Bolívia
O presidente boliviano Luis Arce viajou ao Brasil em plena campanha eleitoral, em setembro, para reunir-se com Lula, o ex-chanceler Celso Amorim e o então candidato a governador, Fernando Haddad.
"Há muita esperança com o novo governo, queremos abordar temas de agenda regional e também reconsturir nossa agenda bilateral com o Brasil, que durante os últimos quatro anos foi paralisada", disse Arce a meios locais.
Agora a vice-ministra de comunicação da Bolívia, Gabriela Alcón, já confirmou que a prioridade da reunião será discutir a retomada de laços comerciais com o Brasil e levantar informações sobre a proteção de ex-ministros golpistas da gestão de Jeanine Áñez no território brasileiro.
Outro tema estratégico para o diálogo com a Bolívia é a relação entre a Petrobrás e a YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos).
As empresas vivem uma polêmica por um contrato assinado durante a gestão da ex-presidenta golpista Jeanine Áñez. O acordo previa que a YPFB pagasse pelo transporte de gás ao Brasil no lado boliviano do gasoduto Gasbol, gerando um custo de cerca de US$ 70 milhões por ano. Pelas divergências entre as duas estatais, hoje o Brasil recebe apenas 4 milhões de m³ diários, 10 milhões de m³ a menos do que o contratado.
Em abril deste ano, a Bolívia reduziu 30% do abastecimento de gás ao Brasil, preferindo exportar para a Argentina, que agora recebe 14 milhões de m³ de gás por dia do país vizinho. “Não se trata de um complô socialista, é uma questão de oportunidade comercial”, declarou o ministro boliviano de Energia e Hidrocarbonetos, Franklin Molina.
O preço pago pelos argentinos pela cota extra de gás foi de US$ 20 o milhão de BTU — ante os cerca de US$ 7 o milhão de BTU pagos pelo Brasil.
Além disso, a Bolívia faz parte do chamado Triângulo do Lítio, junto a Argentina e Chile, concentrando 68% das reservas deste mineral na região. Uma das orientações previstas no último plano econômico da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) é a industrialização da cadeia do lítio, unindo esforços entre os países com as maiores reservas e as nações mais industrializadas da região.
Chile
O presidente chileno, Gabriel Boric, viaja a Brasília com a expectativa de manter o comércio bilateral.
Em 2022, o fluxo comercial Brasil-Chile totalizou US$ 11,421 bilhões, com um saldo favorável à parte brasileira em US$ 2,547 bilhões.
Logo após a vitória no dia 30 de outubro, o presidente chileno telefonou para Lula e diz que o Chile tem ‘muito o que aprender’ com o petista. Nas redes sociais, Boric escreveu que “seu triunfo é uma alegria para a América Latina e para o mundo”.
Colômbia
O recém eleito Gustavo Petro irá marcar presença na cerimônia de posse em Brasília. A vice-presidenta Francia Márquez também esteve no Brasil durante a campanha eleitoral, manifestando esperança sobre a possível vitória de Lula.
Francia veio conhecer de perto as experiências das políticas de inclusão social e as ações afirmativas para levar ao Ministério da Igualdade e Equidade, chefiado por ela na Colômbia.
Além disso, a pauta ambiental é outro assunto que deve rondar os debates entre os presidentes dos dois países.
Já na COP27, celebrada em novembro no Egito, Lula propôs convocar uma reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que inclui o Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Suriname, Guiana, Colômbia e Venezuela. Os presidentes Gustavo Petro e Nicolás Maduro (Venezuela) já concordaram com a convocatória de uma cúpula sul-americana entre todos os países que possuem partes da Floresta Amazônica em seus territórios.
"Falamos sobre o assunto antes, mas agora com a posse esperamos fazer uma política multilateral com os dois estados, incluindo a Venezuela, e certamente se uniriam Bolívia e Peru, no esforço comum de resgatar a Floresta Amazônica", disse Petro a meios locais colombianos.
Venezuela
A grande novidade é a possível presença do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Na última quinta-feira (29), com autorização de Jair Bolsonaro, o governo revogou a portaria de 2019, que impedia a entrada de Maduro ao Brasil. No entanto, a embaixada ainda não confirmou se o chefe de Estado estará na cerimônia.
Com os venezuelanos, além da questão ambiental e a proteção da Amazônia, também há interesse na questão energética.
A Venezuela possui a maior reserva certificada de petróleo do mundo, cerca de 303 bilhões de barris. O óleo é do tipo pesado, similar ao encontrado no pré-sal brasileiro, o que poderia ser favorável para fomentar o intercâmbio tecnológico para extração e desenvolvimento da indústria petroquímica.
Além disso, as hidroelétricas do sul do território venezuelano forneciam cerca de 80% da energia elétrica consumida no estado de Roraima. Com a gestão de Bolsonaro essa relação foi interrompida e agora o estado depende de termoelétricas para o fornecimento de energia. Aproximadamente 1 milhão de litros de óleo diesel são gastos por dia para manter o fornecimento no estado, o que representou um aumento de cerca de 200% na conta de luz.
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