20/10/2021
Renda em queda: duas de cada três campanhas salariais têm índice abaixo da inflação

Dois terços das campanhas salariais de categorias com data-base em agosto tiveram reajuste abaixo da inflação acumulada (INPC-IBGE). Foram 66,3% com perdas, ante 16,8% em igual período do ano passado. Os dados foram compilados pelo Dieese, com base em informações do Ministério do Trabalho. A inflação crescente piora um cenário que já era ruim com a crise econômica e a pandemia.
Agosto tem o pior resultado de 2021, em um ano que registrou acordos abaixo do INPC em seis de oito meses. As informações referem-se a negociações concluídas até o início de setembro. Categorias como metalúrgicos e químicos, em São Paulo, recentemente fecharam acordo com o INPC integral. Os bancários, que fazem campanha nacional, firmaram em 2020 acordo coletivo com validade de dois anos. Os trabalhadores nos Correios, que têm data-base em agosto, estão com dissídio em julgamento no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Dos acordos fechados até agora relativos a agosto, apenas 8,8% das campanhas salariais chegaram a reajuste acima do INPC. Outros 25% ficaram com índice equivalente ao da inflação, que segue sendo um “inimigo” das negociações. O Dieese lembra que o INPC de 0,88% em agosto representou “o maior percentual de reajuste necessário para uma data-base” desde fevereiro de 2016.
A taxa mantém trajetória de crescimento, somando 10,42% em 12 meses. Há um ano, esse mesmo índice acumulado era de 2,94%. Em setembro, com nova alta, o INPC chegou a 10,78%, enquanto a inflação oficial (IPCA) também atingiu os dois dígitos (10,25%).
Quase metade abaixo do INPC
No acumulado de janeiro a agosto, o resultado também é ruim. Quase metade dos reajustes (48,5%) ficou abaixo do INPC. Um terço (33,2%) equivale ao índice oficial e apenas 18,2% ficam acima. A variação real média dos reajustes salariais mostra perda: -0,71%.
No recorte por setor econômico, o de serviços tem 61,2% de acordos (de um total de 3.686) perdendo para a inflação. A indústria (2.814) tem 35,7% e o comércio (1.164), 32,1%. O maior percentual de reajustes acima do INPC é do setor industrial (24,7%).
Em ano em que maioria das categorias teve perdas, bancários conquistam aumento real
Resultado de luta e mobilização, a categoria bancária conquistou na Campanha Nacional Unificada de 2021 reajuste salarial de 10,97% que corresponde a reposição integral do INPC acumulado entre setembro de 2020 e agosto de 2021, 10,42%, mais ganho real de 0,05%. O mesmo reajuste será aplicado em todas as cláusulas econômicas, como piso salarial, PLR, vale-alimentação, vale-refeição, auxílio creche, entre outros direitos garantidos na CCT que possui abrangência nacional.
O histórico de negociações ao longo dos anos tem se mostrado positivo para a categoria. Entre 2004 e 2021, o reajuste salarial obteve ganho real acumulado de 21,94%. No piso salarial o ganho real acumulado, no mesmo período, foi de 43,56%. Já nos benefícios de vale-alimentação e vale-refeição os ganhos acima da inflação nos últimos 17 anos foram de 35,49% e 33,96%, respectivamente. O auxílio-creche apresentou um ganho real ainda maior, de 44,78%, neste mesmo intervalo. Os reajustes diferenciados nas cláusulas econômicas são resultados de negociações específicas que visam melhorar os direitos conquistados pela categoria.
"Vale ressaltar que o fechamento da Campanha Nacional de forma antecipada, realizada em 2020, mostrou-se assertivo frente a alta inflacionária dos últimos meses e da instabilidade econômica, social e, sobretudo, política que o país atravessa. Sabemos que a campanha fechada no ano passado entra para a história como uma das mais difíceis em função de uma conjuntura nada favorável, em meio a uma pandemia mundial. Tivemos uma dura negociação com os bancos durante 15 rodadas cobrando dos bancos o avanço e a manutenção dos nossos direitos. Os bancários são exemplo de mobilização e conquistas", ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
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