30/06/2021
Sinal amarelo: BB adere à campanha contra violência, mas fica devendo dever de casa

O presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, anunciou, por meio de vídeo, a adesão à campanha Sinal Vermelho, encabeçada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). A ideia da campanha é oferecer ajuda em farmácias, órgãos públicos e agências bancárias às mulheres que apresentarem um X vermelho na mão, ou em um papel. Para a secretária de Juventude e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com banco, Fernanda Lopes, a ação é válida, mas o banco precisa avançar na implantação do programa de atendimento às suas próprias funcionárias.
“As mulheres sofrem com a violência doméstica há muito tempo. Durante a pandemia esta triste realidade se agravou. Por isso, toda e qualquer medida que vise minorar, ou combater, este problema deve ser aplaudida. Mas, após muita luta e reivindicação, desde março de 2020, conquistamos que o Banco do Brasil e todos os demais bancos do país, implantassem mecanismos de atendimento às bancárias vítimas de violência doméstica. O que o banco fez para cumprir este nosso acordo?”, questionou a dirigente da Contraf-CUT.
O aditivo que prevê a criação do programa de prevenção à prática de violência doméstica e familiar contra bancárias, conquistado em março de 2020, foi incorporado à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria em setembro daquele mesmo ano, após as negociações da Campanha Nacional dos Bancários. O acordo prevê o acolhimento, atendimento psicológico, transferência de local de trabalho e todo o sigilo que casos como esses necessitam.
“Era uma negociação que já se arrastava fazia muito tempo. Os bancos sempre se esquivavam de sua parcela de contribuição para minorar o problema. Mas, após demonstrarmos para eles que o problema crescia a cada ano e afetava, inclusive, o rendimento das bancárias e, com isso, seus resultados eram prejudicados, eles resolveram atender nossa reivindicação”, lembra a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis. Pesquisas apontam que, no Brasil, mulheres vítimas de violência costumam se ausentar do trabalho, em média, por 18 dias.
Na prática…
Com a criação do programa de prevenção à prática de violência doméstica e familiar contra bancárias na CCT da categoria, alguns bancos já tomaram algumas medidas para atender suas funcionárias.
“Na época, o Banco do Brasil enviou um comunicado interno divulgando sua adesão ao programa. Mas, as medidas a serem tomadas não tiveram andamento, ou, pelo menos, não temos qualquer notícia sobre a implantação do programa”, afirmou Fernanda Lopes. “Aderir à campanha da CNJ é ótimo! Mas, precisamos também fazer a lição de casa”, cobrou.
O movimento sindical tem experiências que servem de exemplo. Mesmo antes da conquista do programa com os bancos, em dezembro de 2019, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região lançou o projeto “Basta! Não irão nos calar!”, que atende mulheres em situação de violência doméstica, oferece acolhimento, orientação e assistência jurídica. No final de 2020, o projeto já tinha atendido 136 bancárias.
“Não podemos mais ser omissos em relação à violência contra mulher e seguir nessa naturalização dos casos. Precisamos de ações efetivas que colaborem para o fim da violência baseada em gênero, como canais de atendimento para mulheres nesta situação”, explicou a advogada e coordenadora do projeto Phamela Godoy. Segundo ela o mesmo projeto está em vias de ser nacionalizado pela Contraf-CUT. “Estamos discutindo sobre as formas de operacionalização do projeto juntamente aos sindicatos em todo o país”, disse.
“O movimento sindical sempre defendeu uma política preventiva de proteção à mulher contra toda a forma de violência e o mesmo tratamento dado aos homens nos locais de trabalho, para que elas sejam também respeitadas. É muito importante trazermos este debate para dentro dos bancos, pois as bancárias não estão imunes à violência doméstica e familiar. Este canal de atendimento, conquista importante para as trabalhadoras, vem para possibilitar que bancárias que sofrem violência doméstica tenham toda a assistência psicológica e apoio, alteração temporária das responsabilidades do trabalho sem sofrer penalidades, assistência jurídica e a garantia da segurança pessoal. Não dá pra ficarmos alheiros a este grave problema que aflienge tantas mulheres. Mas é preciso também que o BB faça a sua parte e é nosso papel, enquanto representantes destas trabalhadoras, cobrar a responsabilidade do banco, que assumiu este compromisso durante as negociações de nossa Campanha Nacional. Seu discurso precisa condizer com as ações práticas. Esta é uma luta urgente para toda a sociedade! Estamos sempre #NaLutaComVocê", acrescentou o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim.
SINDICALIZE-SE
MAIS NOTÍCIAS
- Fintechs: da promessa de modernização à rota para lavagem de dinheiro
- Itaú demite cerca de mil bancários em home office sem qualquer advertência prévia ou diálogo com sindicatos
- FUNCEF: Campanha sobre a meta atuarial esclareceu participantes e alerta sobre revisão anual da taxa
- Participantes da SantanderPrevi podem alterar Perfil de Investimentos até 16 de setembro
- Comitê de Credenciamento e Descredenciamento do Saúde Caixa deve se reunir nesta semana. Envie sua demanda!
- 7 de setembro: Sindicato vai às ruas em defesa da soberania nacional
- Fundação Sudameris: mais uma vez Santander ataca aposentados
- PLR: Mercantil pagará primeira parcela no dia 25 de setembro
- Pesquisa da Fenae reforça demandas por melhorias do Saúde Caixa e defesa do reajuste zero
- Novo calendário do tira-dúvidas sobre certificações bancárias já está disponível!
- Reajuste Zero: personalize sua foto nas redes sociais e participe da campanha
- PLR é fruto de negociação coletiva
- Pirâmide social do SuperCaixa: resultados de agosto da Vivar deixariam base de fora, mas garantiriam bônus ao topo
- Em defesa do Saúde Caixa: Sindicato intensifica mobilizações nas agências
- Bancários de Catanduva e região participarão dos atos em defesa da soberania no 7 de setembro